Paulo Sérgio Kakinoff deixa a Audi para assumir a presidência da Gol no lugar de Constantino Oliveira Júnior; empresa acumula prejuízos desde o ano passado
Santiago Oliver Publicado em 11/07/2012, às 13h13 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A Gol tem novo comandante. Paulo Sérgio Kakinoff, de 38 anos de idade, ex-presidente da Audi Brasil, foi eleito diretor-presidente da companhia no lugar de Constantino de Oliveira Júnior, de 43 anos. A mudança foi efetivada em 2 de julho.
A notícia é positiva, segundo relatório do estrategista de Pessoa Física do Santander, Guilherme Guntovitch. "Paulo Kakinoff poderá empregar sua experiência em gestão a favor dos acionistas de Gol", escreveu o analista. Já a equipe da Planner acredita que a medida se juntou às recentes demissões - mais de 320 desde abril - para fazer frente à desaceleração da demanda por viagens aéreas.
Depois de três anos crescendo mais de 15%, a expectativa mais otimista é da própria Gol, um aumento de 10% na demanda. O cenário promete continuar difícil para todas as companhias aéreas, com a desvalorização do real frente ao dólar e a piora no panorama macroeconômico global.
Paulo Sérgio Kakinoff |
Com isso, o Santander prevê impactos negativos na ação da empresa no curto Paulo Sérgio Kakinoff prazo, mantendo a recomendação "abaixo do mercado" para a Gol. Constantino de Oliveira Junior é filho do fundador da Gol, Nenê Constantino, e estava à frente da administração da empresa desde sua criação, em 2001. Ele permanece no Conselho de Administração, do qual já era membro. Procurada, a Gol não confirma essa informação.
Executivos do setor aéreo disseram que a troca no comando da Gol já era esperada. "A empresa vinha com resultados ruins e Constantino não estava conseguindo reverter a situação. Vinha sendo muito pressionado", disse um deles. A mudança ocorrerá no momento em que a Gol passa por amplo processo de reestruturação. Depois de um prejuízo de R$ 751 milhões em 2011, a companhia adotou estratégia mais conservadora: cortou cerca de mil vagas, eliminou aproximadamente 100 voos diários deficitários e vai chegar ao fim deste ano com uma frota menor.
Uma das rotas que será encerrada, em outubro, é a que liga o Brasil ao Chile. Segundo informação divulgada pela agência Bloomberg, a Gol planeja cortar 2.500 funcionários até o fim deste ano. A fonte da notícia seria o vice-presidente financeiro da companhia, Leonardo Pereira. O número é duas vezes maior do que o anunciado no ano passado. O executivo teria dito que o objetivo da redução é restaurar a lucratividade da empresa, que teve prejuízo de R$ 41,4 milhões no primeiro trimestre de 2012 - no mesmo período em 2011, foi registrado lucro de R$ 69,4 milhões.
Kakinoff já é conhecido da família Constantino e está a par da situação da Gol. O executivo é conselheiro independente da companhia aérea desde 2010. Constantino conta que a mudança começou a ser discutida dois meses antes de sua saída da presidência, período em que a Gol anunciou um plano de reestruturação para reverter os resultados negativos que vem registrando nos últimos trimestres.
GOL TEVE PREJUÍZO DE R$ 41,4 MILHÕES NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2012 E PODE CORTAR 2.500 FUNCIONÁRIOS ATÉ O FIM DO ANO
A Gol conta atualmente com uma frota composta por 105 aeronaves, sendo 35 Boeing 737-700 e 70 Boeing 737-800. Já a Varig - VRG Linhas Aéreas possui 15 aviões, sendo sete Boeing 737-800 e oito Boeing 737-700.
Colaborou Rodrigo Cozzato