Autoridades nos Estados Unidos podem rever normais para permitir o desenvolvimento de aviões que voem acima da velocidade do som
Por Ernesto Klotzel e Edmundo Ubiratan Publicado em 23/05/2018, às 15h35 - Atualizado às 16h31
A agência de aviação dos Estados Unidos, a FAA (Federal Aviation Administration), deverá manter a proibição de voos supersônicos civis sobre terra firme, em todo o território norte-americano. Porém, o órgão contempla algumas mudanças no horizonte. Duas novas regulamentações mostram como o órgão norte-americano deseja contribuir com a futura atividade supersônica comercial.
A primeira se refere à certificação do nível de ruído para aeronaves supersônicas, enquanto a segunda facilita a obtenção da autorização para realização de testes supersônicos nos Estados Unidos.
As duas novas regras propostas serão publicadas no próximo ano, mas devem manter a proibição de voos regulares supersônicos sobre o país.
Várias empresas, especialmente startup como Aerion e Boom, estão trabalhando em jatos de negócios supersônicos. Atualmente, a Nasa em parceria com fabricantes consagrados, como a Lockheed Martin, também busca soluções para viabilizar voos comerciais supersônicos. Além disso, o Congresso dos Estados Unidos tem pressionado o FAA a revisar as proibições relativa aos voos supersônicos.
A atual regra foi criada na década de 1960, quando os Estados Unidos e a Europa buscavam meios de viabilizar voos comerciais supersônicos. Com a iminência de centenas de voos diários cruzando os céus em velocidades acima do som, as autoridades temiam os efeitos do chamado estrondo sonico. Com uma onda de choque extremamente violenta, o efeito gerado pela quebra da barreira do som gera uma grande quantidade de energia sonora, com efeito próximo de uma explosão. A onda de choque pode causar danos severos em edificações, veículos e especialmente a saúde humana.
Por ser um fenômeno que após ser gerado acompanha continuamente a aeronave enquanto estiver em voo supersônico, ele será sentido no solo por todos que estiverem na rota do avião. Na década de 1960, o temor era que o elevado número de voos supersônicos tornaria impossível a convivência pacifica entre o tráfego aéreo e a vida da sociedade.
Na época os europeus acusaram os Estados Unidos de criar uma regra apenas para banir os voos do Concorde, que perdia sua viabilidade ao ser restrito a voar acima da velocidade do som apenas em regiões oceânicas. Os engenheiros europeus acreditavam que o Concorde seria atraente especialmente em voos entre a costa leste e a costa pacífica dos Estados Unidos. Com a proibição aprovada pelo Congresso norte-americano, os aviões comerciais supersônicos se tornaram inviáveis, já que estariam limitados a cumprir voos intercontinentais onde apenas parte da etapa poderia ser acima da velocidade do som. Voando abaixo, o consumo se tornava exagerado, restringindo o alcance e aumentando o custo operacional.