Cobrança de bagagem de mão saturou a capacidade interna dos aviões com mais de 40 malas sendo obrigadas a serem despachadas
Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 25/04/2019, às 13h00 - Atualizado às 14h56
Com a cobrança para despacho de bagagem nas empresas brasileiras, o número de passageiros com malas de mão embarcadas na cabine de passageiros aumentou, saturando a capacidade de transporte a bordo.
Todavia, as empresas aéreas iniciaram a terceira fase da campanha de orientação dos passageiros para que usem malas dentro do padrão para bagagem de mão, mas matematicamente isso não vai resolver o problema criado pelo excesso de bagagem a bordo.
Em um Boeing 737-800, por exemplo, com capacidade para 184 passageiros, os compartimentos na cabine de passageiros podem transportar cerca de 118 malas dentro do padrão. Ou seja, se todos levarem uma mala, 66 terão que ser encaminhadas ao porão. Em algumas rotas o número de malas a bordo tem sido tão grande que parte precisa ser enviada para o porão quando chega na porta da aeronave. O trabalho extra prejudica toda a equipe de atendimento no solo, atrasa o voo, pode colocar em risco a saúde do trabalhador e ainda compromete a integridade da mala pelo manuseio apressado.
“A mala quando despachada, passa por equipamentos apropriados, como esteiras e tratores, para levá-las até a aeronave. No caso de bagagem que esteja fora do padrão e que seja identificada já próximo ao embarque, ela exigirá tratamento que envolverá pessoas e infraestrutura que nem sempre estarão disponíveis”, afirma Jorge Leal Medeiros, engenheiro aeronáutico e professor da USP.
A mala entregue na porta do avião comumente tem que ser transportada ao porão por um atendente, através de uma escada. Fazer isso várias vezes por voo não é tarefa fácil, pode prejudicar a saúde ocupacional do trabalhador e resultar em custos adicionais na cadeia produtiva. Anteriormente, essa tarefa era uma exceção, com a nova sistemática de cobrança de malas despachadas, passou a ser regra, criando um problema mais complexo.
“Em alguns aeroportos, como Salvador, rota turística importante, chega a 40 o número de malas recolhidas em um único voo, na porta da aeronave. O funcionário desce tudo isso na mão, usando a força física apenas e isso, além de não ser salutar para os colaboradores envolvidos, se não bem gerenciado, pode retardar o tempo em solo da aeronave”, argumenta Ricardo Aparecido Miguel, presidente da Abesata (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares do Transporte Aéreo).
A campanha de orientação dos passageiros começou esta semana e está tentando orientar os passageiros a levar a bordo apenas uma mala com o máximo 55 cm de altura, 35 cm de largura e 25 cm de profundidade, pesando até 10 quilos. A partir de 13 de maio, a fiscalização vai ser intensificada e o passageiro será obrigado a despachar a mala fora de padrão.