Fundador da Azul ataca combustíveis sustentáveis e defende aviação regional

David Neeleman critica SAF, defende rotas regionais com a Breeze e planeja integração com a Azul Linhas Aéreas em Orlando

Por Marcel Cardoso Publicado em 28/07/2025, às 08h51

David Neeleman defendeu aeroportos regionais e prevê integração com a Azul no hub de Orlando - Luís Neves

David Neeleman, fundador da Breeze Airways e da Azul Linhas Aéreas, disse que os combustíveis sustentáveis de aviação são uma “fachada” e defendeu mudanças estruturais mais realistas para alcançar a meta de carbono zero até 2050.

Em entrevista ao site Aviation Week, o executivo classificou o investimento bilionário em SAF como ineficaz, acusando políticos e líderes do setor de promoverem soluções simbólicas sem impacto concreto.

Com histórico de fundação de cinco companhias aéreas, Neeleman voltou a chamar atenção ao analisar o cenário pós-covid da aviação nos EUA. Segundo ele, grandes companhias como Delta, United e American conseguiram se recuperar com força, enquanto empresas de baixo custo como Spirit e Frontier enfrentam dificuldades por apostarem apenas em escala e ocupação.

A Breeze Airways, lançada em 2021, opera hoje mais de 280 pares de cidades e voa para mais de setenta destinos nos EUA, mantendo-se como única operadora em 87% de suas rotas. A companhia evita aeroportos congestionados como JFK e LaGuardia, priorizando operações em terminais secundários como Islip e White Plains.

Essa estratégia, diz Neeleman, permite driblar os gargalos do sistema de controle de tráfego aéreo dos EUA, que ele acredita estar no caminho da modernização com o novo secretário de Transportes, Sean Duffy.

Sobre a expansão da frota, Neeleman disse que a Breeze planeja operar noventa Airbus A220-300, embora admita atrasos contínuos nas entregas, especialmente em relação aos motores com tecnologia geared turbofan. “Estamos recebendo as aeronaves, mas geralmente com quatro a oito semanas de atraso”.

Questionado sobre uma possível abertura de capital da Breeze, Neeleman disse que o foco ainda é atingir maturidade nos mercados atendidos. A empresa cresceu 50% no último ano e ainda lida com os custos iniciais de rotas novas. No entanto, ele projeta lucro para o segundo trimestre e, possivelmente, para o ano inteiro.

Neeleman também revelou planos para integração entre Breeze e a Azul, aproveitando a malha da companhia brasileira que conecta Orlando a quatro cidades no Brasil. A ideia é permitir conexões diretas entre as cerca de vinte cidades atendidas pela Breeze a partir de Orlando com destinos brasileiros, como Campinas, Recife e Belo Horizonte.

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