Nbaa 2011

Uma edição marcada por otimismo e muitos lançamentos. Fabricantes reagem à crise com novidades

Christian Burgos, De Las Vegas E Edmundo Ubiratan Publicado em 07/11/2011, às 13h08 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45

Ao embarcar para a 64ª Convenção e Encontro Anual da Associação Nacional de Aviação Executiva (NBAA), em Las Vegas, nos Estados Unidos, em outubro último, parecia inevitável que o mote central das conversas seria a crise econômica mundial. Ledo engano. Apesar da falta da opulência de outras edições, a expectativa nos estandes era positiva. Ou, nas palavras de Jean Rosanvallon, presidente da GAMA (General Aviation Manufacturers Association) e CEO da Dassault Falcon Jet, o clima passou de "otimismo cauteloso" para "otimisto muito cauteloso", mas, ainda assim, otimismo.

A NBAA contou neste ano com 1.106 expositores, 2% a mais do que a edição de 2010. O público também cresceu. Mais de 26 mil pessoas visitaram o evento, um número 7% superior ao do evento do ano passado. Lá eles puderam conferir 101 aeronaves expostas. Grandes e pequenos expositores traziam lançamentos, e o assédio à imprensa mundial para que participasse das entrevistas coletivas era forte. E os efeitos da crise mundial pareciam evidentes diante da importância dada aos poucos jornalistas brasileiros ali presentes. Afinal, representavam um dos poucos mercados realmente promissores no mundo. Outro efeito da crise mundial foi a paralisação de projetos de aeronaves de empresas não consolidadas, e que não haviam chegado à fase dos testes em túnel de vento. De certa forma, o mercado se volta aos players mais tradicionais, com a grande excessão da Honda, que apresentou seu HondaJet em grande estilo, como se vê na foto ao lado. O grande assunto da feira ainda era a reação política do governo americano ao episódio envolvendo os presidentes das montadoras de automóveis de Detroit há alguns anos - eles compareceram a uma sessão do Senado para pedir recursos a bordo de seus jatos executivos. Os esforços de comunicação da NBBA e da GAMA continuam sendo no sentido de mostrar à opinião publica que a aviação executiva é uma inestimável ferramenta de produtividade. Como testemunhou David C. Everitt, presidente da John Deere, multibilionária multinacional do segmento de agronegócios. A empresa é uma líder global que opera em 35 países a partir da pequena cidade de Molina, Illinois: "O avião é nosso escritório no ar, fiz reuniões em 20 cidades, de 10 países diferentes no intervalo de duas semanas, voltando para casa no fim de semana. Desafio alguém a fazer isso utilizando a aviação comercial e sobreviver para contar a história".

Para fazer frente aos transtornos que o governo federal ameaça impor - como aumento do prazo de depreciação de aeronaves e uma taxa de 100 dólares por operação de decolagem -, a indústria continua unida em torno da campanha "No Plane, no Gain" (sem avião, sem ganhos). O garoto-propaganda também é o mesmo, o megainvestidor Warren Buffett, só que agora com geniais anúncios em que ele aparece ao lado de frases lapidares: "Você pode dizer que está ao lado de seu cliente se você nunca está lá de verdade?", "Como você pode olhar olho no olho se você nunca está frente a frente?" ou, ainda, "Como eles podem ver a coisa pelo seu ponto de vista se eles não conseguem nem ver você?". A indústria também investe em novidades para enfrentar a crise, como mostramos nas próximas páginas.

Gulfstream frota completa
A Gulfstream levou pela primeira vez sua frota completa para a NBAA, incluindo o "novo" G280, a nova designação do G250, e o G650. Em mandarim, a leitura do número 250 tem uma pronuncia similar a "você é fracassado". Diante da expectativa em torno do mercado chinês, o fabricante optou por mudar a nomenclatura do avião. O G280 pode transportar até 10 passageiros numa ampla cabine. Com quatro passageiros a bordo, o alcance é de 6.667 km e a velocidade de cruzeiro, de Mach 0.80. O novo avião promete uma economia até 18% maior do que a do modelo G200. Os três protótipos acumulam pelo menos 1.700 horas de voo, em mais de 620 voos. A previsão é que o primeiro avião seja entregue em 2012.

Em relação ao G650, seu maior e mais novo avião, a Gulfstream deve mesmo certificá-lo ainda este ano, apesar dos contratempos gerados pelo acidente com um dos protótipos. Atualmente, os cinco protótipos acumulam mais de duas mil horas de voo. "Desde o dia 15 de setembro, temos cinco G650 voando, sendo que quatro estão realizando os testes de voo e o quinto iniciou os voos de pós-produção", diz Pres Henne, vice-presidente sênior de Programas, Engenharia e Teste da Gulfstream. Segundo o executivo, 14 aeronaves estão em processo de produção. O modelo se tornou o mais rápido avião civil, sendo ainda um dos aviões executivos mais luxuosos e com maior autonomia do mercado. O G650 é capaz de realizar etapas de até 12,964 km, atingindo uma velocidade máxima de Mach 0.925.

Embraer
13 Legacy 650 para a China
A Embraer marcou presença na NBAA 2011. Foi um dos destaques da exposição. Levou para a feira os modelos Phenom 100 e Phenom 300, das categorias entry level e light, um modelo em tamanho real do Legacy 500, e apresentou pela primeira vez na NBAA o Legacy 650 e o Lineage 1000. Durante o evento, o fabricante brasileiro reiterou o plano de inaugurar antes do final do ano seu centro para clientes de jatos executivos em Melbourne, na Flórida. Paralelamente, a produção do primeiro Phenom 100 nos Estados Unidos entra em fase final. A inauguração da unidade de Melbourne faz parte da estratégia geral da Embraer de aproximar suas operações dos mercados com maior demanda. Outra novidade anunciada durante a coletiva de imprensa foi que o ator Jackie Chan se tornou um dos clientes do Legacy 650 e será o embaixador dos jatos executivos da Embraer. A chinesa Minsheng Financial Leasing Co. também formalizou uma encomenda de 13 jatos Legacy 650, com o início das entregas previsto para este ano ainda e o término para daqui a cinco anos. Em julho último, as duas empresas assinaram um memorando de entendimentos para a encomenda de até 20 aeronaves, incluindo desde jatos executivos da categoria entry level até ultra-large. "Queremos nos tornar a maior instituição de leasing para a aviação executiva na Ásia", disse Kong Linshan, presidente do Conselho de Administração da Minsheng Financial Leasing.
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Cessna
Dois lançamentos em 14 dias
A Cessna foi a empresa que mais novidades apresentou na NBAA (leia mais na entrevista na p. 52). A empresa apresentou logo na abertura da feira seu novo mid-size Citation Latitude, dias depois de revelar ao mercado o jato leve M2. O Citation Latitude é um modelo intermediário entre o CitationXLS+ e o Citation Sovereign, podendo transportar até oito passageiros. Ele receberá aviônicos Garmin G5000 e terá uma velocidade de cruzeiro estimada em 442 nós, com autonomia de até 2.000 milhas náuticas. Seu preço de tabela: US$ 14,9 milhões. O primeiro voo do protótipo do Citation Latitude está previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2014, com entrada em serviço prevista para 2015. "O Citation Latitude é um divisor de águas para o segmento mid-size. Oferecendo a carga, a velocidade e o alcance que o mercado necessita, com uma experiência incomparável nessa faixa de preço", afirma Brad Thress, vice-presidente sênior de jatos executivos da Cessna. Já o Citation M2 é um jato executivo leve que ocupará o espaço entre o Citation Mustang e a família Citation CJ. O modelo poderá transportar até seis passageiros, com velocidade máxima de cruzeiro de 400 nós e alcance de até 2.408 quilômetros. Segundo dados da Cessna, o CitationM2 poderá operar em aeroportos com pistas curtas de até 991 metros. O preço estimado do Citation M2 é de US$ 4,2 milhões. "Uma pesquisa realizada com operadores e proprietários de aeronaves Citation indicaram um mercado para um avião com o tamanho, a velocidade e o alcance do Citation M2", diz Scott Ernest, presidente e CEO da Cessna. "Esperamos ver os proprietários de Mustang buscando no Citation M2 um próximo passo e os operadores do CJ1+, um Citation novo e mais avançado".

Mubadala: jato executivo árabe
A Mubadala, divisão de investimento do governo de Abu Dhabi, informou na NBAA que está finalizando o projeto de um avião executivo, o primeiro a ser desenvolvido no Oriente Médio. A meta da empresa é lançar a nova aeronave em 2018. Um dos pontos analisados é a aquisição da italiana Piaggio, porém, conversas estão em andamento com potenciais parceiros, como Cessna, Gulfstream e Dassault. Segundo Homai Al Shemmari, que chefia as atividades aeroespaciais da Mubadala, a empresa procura novas parcerias. "Ainda precisamos de um parceiro de prestígio e com conhecimento para nos ajudar a entregar ao mercado um programa de sucesso", acredita. A Mubadala também tem investido na Strata, um dos principais construtores de estruturas em materiais compostos, que fornece componentes para as famílias Airbus A330/A340, e para a ATR.

Boeing MAX pode virar BBJ
A Boeing promete usar a plataforma do recém-anunciado 737MAX nos futuros integrantes da família 737BBJ. O modelo 737- 8BBJ poderá receber um incremento de até 700 milhas náuticas (1.300 km) no alcance, em comparação ao BBJ2, além de uma considerável redução no consumo. A Boeing, porém, não comentou se manterá a mesma filosofia no BBJ, que usa a fuselagem do -700 com as asas do modelo -800. Qualquer mudança na família 737BBJ dependerá do programa 737MAX. A Boeing ainda oferece opções VIP para os modelos 777-200LR,747- 400 e 747-8 Intercontinetal e 787.

Beechcraft
Hawker 4000 certificado no Brasil
A Hawker Beechcraft anunciou durante a NBAA uma novidade importante para os brasileiros. O supermid-size Hawker 4000 recebeu Certificação de Tipo da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Essa é a primeira aeronave a jato produzida em material composto a ser certificada no Brasil. "A aceitação brasileira do Hawker 4000 é um marco importante", diz Richard Emery, presidente da Hawker Américas. Ainda durante a NBAA, a Hawker Beechcraft anunciou que apresentou pedido à FAA (Federal Aviation Administration) para permitir que operadores que realizam voos de longo curso sobre a água possam utilizar seus Hawker 800XP, 800XPR, 850XP e 900XP dentro das normas ETOPS 180. Segundo o fabricante, uma série de estudos e testes comprovaram que os aviões são plenamente capazes de operar com segurança dentro das normas ETOPS. "Essa extensão solicitada à FAA é resultado não apenas de testes exaustivos, mas também do testemunho da confiabilidade comprovada da frota mundial de Hawker", sustenta Shawn Vick, vice-presidente-executivo Hawker Beechcraft. "A liberdade de operar por períodos ainda mais longos sobre a água amplia a lista de destinos disponíveis para essas aeronaves e fornece aos operadores, especialmente empresas de charter, um número significativo de novas opções de mercado".
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Honda Jet
Entregas em 2013
O primeiro avião da Honda foi um dos destaques da NBAA. Além de seu desenho peculiar, com motores montados sobre as asas e o cockpit com formato "bolha", ressaltando seu perfil na fuselagem, o avião construído pelo tradicional fabricante de automóveis é o primeiro modelo japonês no mercado após décadas. Segundo a Honda, o desenho patenteado, chamado de OTWEM (over-the-wing engine- -mount), permite reduzir o peso estrutural na fuselagem e proporciona um melhor aproveitamento do espaço interno. Além disso, reduz significativamente o ruído na cabine de passageiros. Alguns atrasos no desenvolvimento e na homologação do motor General Electric HF120, porém, levaram a mudanças no cronograma de entregas do HondaJet. O prazo atual foi estendido em nove meses, com as primeiras entregas ocorrendo em meados do primeiro semestre de 2013. Inicialmente a previsão era o terceiro trimestre de 2012. "Estamos realizando uma série de testes, mas eles [GE] estão enfrentando alguns problemas com ingestão de gelo, o que levou a alguns danos nas pás do fan", revelou o presidente da HondaJet, Michimasa Fujino. Apesar dos atrasos, o HondaJet vem obtendo bom desempenho durante os testes de validação, tendo voando a 43 mil pés e atingido velocidade máxima de 425 nós.

Eclipse Aerospace volta por cima com o Eclipse 550
Após assumir os ativos da Eclipse Aviation, que encerrou suas atividades em 2009, a Eclipse Aerospace espera agora voltar a ser competitiva com o lançamento do Eclipse 550. O novo modelo utiliza a mesma fuselagem e os sistemas do conhecido modelo EA-500, contando com significativas inovações para melhorar não só as operações, mas também os custos operacionais diretos, a tecnologia, o conforto e o desempenho. As melhorias do Eclipse 550 incluem sistema computadorizado expandido e pacote de aviônicos integrado, que agora vão garantir funcionalidades como Synthetic Vision, Enhanced Vision, modo duplo FMS, TAWS, TCAS-1, ADS-B, radar colorido a bordo, radar-altímetro e entrada de dados via iPad integrada. Uma das principais inovações do Eclipse 550 é a opção de auto-throttle, algo inédito na categoria. "Um dos diferenciais do design do Eclipse 550 é a habilidade de incorporar novas tecnologias mantendo a eficiência de custos da aeronave", defende Mason Holland, CEO e Chairman da Eclipse Aerospace. O preço básico do Eclipse 550 é US$ 2,65 milhões e as primeiras entregas são estimadas para 2013.

Dassault FalconJet
De olho no mercado chinês
A Dassault Falcon levou sua linha principal de produtos, composta pelo Falcon 2000LX, Falcon 900LX e Falcon 7X. Um dos destaques foi a apresentação do 2000LX com interior desenvolvido pela BMW DesignworksUSA, um dos três estilos de layout disponíveis para o Falcon 2000S. Outra novidade foi o Falcon 900LX equipado com a recém- -certificada suíte EASy II. A Dassault Aviation ainda firmou um memorando de entendimento com a chinesa Minsheng Financial Leasing para a compra de dez Falcon 7X e outros dez Falcon 2000S. A previsão é que o acordo seja convertido em pedido firme em breve. "Nossa história com os chineses é recente, temos apenas dois anos, mas o país apresenta um crescimento constante e poderá se tornar o maior consumidor de aviões executivos no mundo", acredita John Rosanvallon, presidente da Dassault Falcon.
Bombardier
Learjet 85 chega em 2013
O Learjet 85 foi o destaque da Bombardier Aerospace na NBAA. O fabricante canadense concluiu o projeto e iniciou a produção dos principais componentes do novo avião, além de definir 41 parceiros do programa. Segundo Ralph Acs, vice-presidente e gerente-geral do programa Learjet, a produção está dentro do cronograma e o primeiro Learjet 85 deverá entrar em serviço em 2013. Outra novidade da Bombardier é que a empresa produzirá em Querétaro, no México, a fuselagem dos novos Global 7000 e Global 8000. A planta no México produz atualmente a fuselagem traseira dos jatos Global 5000 e 6000, bem como maior parte dos componentes estruturais do Learjet 85. As unidades canadenses são responsáveis apenas pela montagem final dos modelos da Bombardier. O Global 7000 é o mais novo membro da consagrada família Global, com uma espaçosa cabine de quatro zonas e volume de 74,67 m³, o que lhe garante um espaço 20% maior do que o encontrado no Global 6000. O novo avião voará a uma velocidade de Mach 0.90 e autonomia de até 13.520 km, com quatro passageiros a bordo. Já o modelo 8000 é uma versão encurtada, com cabine de 63,32 m³ e autonomia estendida, chegando a 14.631 km. As entradas em serviço são previstas para meados de 2016 e 2017, respectivamente.
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Superjet
Sukhoi Business Jet para a Comlux
A SuperJet International anunciou durante a NBAA um acordo com a Comlux The Aviation Group para a venda de dois Sukhoi Business Jet (SBJ), com outras duas opções, num contrato estimado em US$ 200 milhões. A entrega deverá ocorrer no primeiro semestre de 2014. Segundo Carlo Logli, CEO da SuperJet International, o SBJ oferece uma ótima relação custo-beneficio quando comparado a seus pares ocidentais. "Ele custa US$ 50 milhões já com interior, enquanto o Embraer Lineage começa em US$ 50,48 milhões", afirma. "E o SBJ oferece um layout de cabine similar ao do Boeing Business Jet, mas com um preço muito mais competitivo". O SBJ possui alcance de até 4.300 milhas náuticas, com nove tanques instalados e cabine apenas três metros menor que a do BBJ da Boeing. A Superjet espera fechar novos contratos com empresas e operadores da Ásia e do Oriente Médio.

Piaggio
Aero certificação chinesa
A Piaggio Aero obteve das autoridades chinesas o certificado de tipo para os modelos P.180 Avanti e Avanti II, o que permite a ambos operar tanto na China quanto em Hong Kong. O fabricante italiano aposta na consolidação do mercado chinês, que poderá absorver a maior parte da produção de aviões executivos na próxima década. O P.180 é considerado um avião ideal para etapas médias dentro do território chinês, uma vez que não necessita operar nos principais aeroportos do país.

Nextant
Aerospace jato remanufaturado
A Nextant Aerospace, que introduziu o conceito de remanufatura para o mercado de jatos executivos, obteve dias antes da NBAA a certificação da FAA (Federal Aviation Administration) para o 400XT Nextant. Trata-se do primeiro avião executivo totalmente remanufaturado. "Procuramos oferecer o que existe de mais recente em tecnologia, mas sem encarecer o projeto, o que torna o modelo uma ótima opção para os nossos clientes", diz Kenneth C. Ricci, CEO da Aerospace Nextant. "Criamos uma nova categoria de jatos executivos, com mais alcance, mais velocidade e maior custobenefício. Tanto que nosso avião custa metade do preço de um avião similar novo". O 400XT é um avião equivalente a um jato novo, mas com um valor que pode chegar à metade do preço. As primeiras entregas começaram ainda no mês de outubro. Somente a Flight Options possui um pedido para 40 aeronaves. O 400XT Nextant é baseado no Beechcraft 400XT. Ele alcança 2.500 milhas náuticas, com quatro passageiros a bordo, um incremento de quase 50% no projeto original. A velocidade de cruzeiro é de 460 nós, com consumo de combustível de até 30%.

A epopeia dos jatos pessoais
Os jatos pessoais já foram uma grande promessa. Hoje, diante dos percalços de desenvolvimento, o potencial dessas aeronaves perdeu vigor. Não por acaso a Piper acaba de suspender o programa do Altaire. Porém, com a injeção de capital de investidores internacionais, os demais projetos dão sinais de sobrevida, resistem às intemperes do mercado e foram assunto na NBAA.

O protótipo do Cirrus Vision SF50 (dir.) acumula 500 horas de voo, mas o programa continua atrasado e sem grandes novidades. Segundo especialistas, dificilmente será homologado antes de 2015. Ainda assim, a chegada da China Aviation Industry General Aircraft, que comprou a Cirrus, dá fôlego novo ao monojato.

O Diamond D-Jet (abaixo), que possui pouco mais de 400 pedidos, também está longe da certificação. Assim como o Vision SF50, o modelo é impulsionado por um único motor Williams FJ33 e possui vocação para aeronave de família. A principal dúvida reside na capacidade de investimento da Diamond nos próximos anos.

No caso do PiperJet Altaire, nem o aporte financeiro de um grupo de investidores de Brunei impediu a suspensao do programa. Segundo a Piper, a decisão se deve aos altos custos de produção da aeronave.

O caso mais inusitado entre os personal jets é a entrada da chinesa Zhuhai Yanzhou Aicraft Corporation, controlada pela gigante Avic, no segmento executivo. A empresa apresentou durante a NBAA os jatos Starlight 100 e 200. A exemplo de seus pares ocidentais, o avião é impulsionado por um único motor FJ33 e tem capacidade para até sete pessoas. O potencial do avião é uma incógnita, com ceticismo tecnológico por parte dos ocidentais, mas o discurso da Avic é contundente: "A China é hoje a maior base industrial do mundo, todos conhecem a qualidade do nosso produto. Em breve, também seremos líderes de mercado na aviação, colocando em prática nosso grande trunfo: o baixo custo".