Por Ernesto Klotzel e Edmundo Ubiratan Publicado em 27/07/2018, às 07h00 - Atualizado às 20h11
A Pan American World Airways se notabilizou por seu pioneirismo na aviação, praticamente estruturando o transporte aéreo regular como o conhecemos hoje. O que poucos sabem é que a companhia também teve papel fundamental na estratégia norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial. A empresa foi responsável por fornecer apoio na construção de diversas pistas de pouso ao redor do mundo e treinou centenas de pilotos, técnicos de manutenção, navegadores e operadores de rádio. Realizou, ainda, uma série de voos para os militares, transportando soldados e resgatando foragidos, em especial na China. Além disso, seus Clippers realizaram missões ultrassecretas.
Entre as missões mais críticas está o transporte do então presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, para um encontro com o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e o líder soviético Joseph Stalin. O voo foi realizado a bordo de um Boeing 314, que voou para a África com o presidente e uma pequena comitiva.
Outra missão pouco conhecida, e que ajudou a mudar os rumos da guerra, foi o transporte de urânio para o projeto Manhattan. Na década de 1940, havia apenas três grandes reservas de urânio conhecidas e exploradas, no Canadá, Tchecoslováquia (atual República Tcheca) e no atual Gabão. Diante da ocupação nazista na Bélgica, que controlava parte da região do Gabão, os aliados tiveram acesso fácil à África, que, além de estar pouco protegida, possuía o urânio mais rico. O problema era logístico, pois havia a necessidade de transportar em segredo absoluto toneladas de minério até os EUA. O uso de aeronaves militares colocaria o projeto em risco e seria impraticável o uso de navios devido à ameaça dos submarinos alemães. A solução foi empregar os Clippers da Pan American no transporte. Aproximadamente 75% do urânio da Little Boy, a bomba lançada sobre Hiroshima, foi transportada pela Pan Am.