Minutos de fama

O piloto responsável pelo transporte aeromédico do cantor Pedro Leonardo, transmitido ao vivo pela TV em rede nacional, revela os detalhes da remoção

Por: Donna Oliveira Publicado em 21/05/2012, às 11h30 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45



O comandante Thiago Prudente Vilella faz parte da terceira geração de pilotos da família. Aos 31 anos de idade, possui no currículo 12 anos de experiência e cerca de cinco mil horas de voo, com pelo menos 300 remoções de UTI aérea. No final de abril último, estava no assento esquerdo do Learjet 35 que realizou o transporte aeromédico do cantor Pedro Leonardo Dantas, de 24 anos, filho do também cantor Leonardo, deslocando- -se de Goiânia (GO) para São Paulo (SP). O voo do jato teve ampla divulgação da grande mídia, com transmissão ao vivo em rede nacional pelas principais emissoras de TV. O artista, que estava em coma induzido depois de sofrer um acidente de trânsito no retorno de um show, precisou ser removido para receber cuidados médicos no hospital Sírio Libanês, na capital paulista. O traslado mostrou para o Brasil a importância da aviação executiva em um país com dimensões continentais como o Brasil. A empresa responsável pelo transporte aeromédico foi a Sete Táxi Aéreo, que está no mercado há 30 anos sob administração da família de Vilella e possui seis Sêneca, cinco Mitsubishi e o -35 A, que operam interligando o Centro-Oeste e o Norte do país, principalmente. O comandante Vilella falou com exclusividade a AERO Magazine e contou detalhes da delicada operação envolvendo o cantor Pedro Leonardo.

AERO MAGAZINE - Como foi a remoção do cantor Pedro Leonardo?
COMANDANTE VILELLA - O atendimento aeromédico começou, de fato, com a remoção do cantor Pedro Leonardo de Itumbiara para Goiânia, em Goiás. A partir do momento que a família optou por efetuar a remoção para São Paulo, nossa equipe acompanhou o desenvolvimento do quadro clínico até o Pedro ter as condições para ser transportado. A tripulação recebeu as informações finais para planejamento e execução do voo. Os médicos fizeram então um briefing dos procedimentos durante todo traslado. A decolagem deveria ser contínua. Durante a subida, mantive uma razão de 1.550 pés por minuto em função da posição do paciente dentro da aeronave e de suas condições clínicas. Durante a etapa de cruzeiro, voei no FL 320 para manter a pressurização do avião com a cabine de 2.500 pés, que é a mesma elevação de Goiânia e São Paulo. Geramos assim maior conforto e estabilidade das condições físicas e clínicas do cantor. Durante o trajeto, fiz vários desvios na rota para evitar turbulências, já que havia grandes formações meteorológicas. Com isso, nosso tempo de voo aumentou 20 minutos do previsto. O controle Anápolis autorizou voarmos direto para o Aeroporto de Congonhas. O Centro Brasília e o controle São Paulo prestaram assessoramento até o final do pouso. Como todos os voos de UTI aérea, temos prioridade no pouso e na decolagem.


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● O que um piloto com treinamento para voos aeromédicos precisa fazer para que uma operação como essa seja bem-sucedida?
O piloto precisa ter conhecimento específico de operação de voo e medicina aeroespacial, valorizar e executar o briefing com toda a equipe, estar atento à preparação do voo e suas alternativas. Especificamente em relação à tripulação trasladada, é preciso se ater a vários fatores. Entre eles, estão razão de subida, altitude de cruzeiro, autonomia de voo mediante as condições do paciente, comunicação efetiva com a coordenação de voo e operação de frenagem controlada. É preciso atenção às condições meteorológicas para desvios e à necessidade de pouso em outro aeroporto não previsto, e estar preparado para garantir a segurança e estabilidade do paciente. Participamos no auxílio do embarque e do desembarque do paciente. Por isso, é importantíssimo lembrar que, ao auxiliar os profissionais de saúde, temos que ter uma coordenação de cabine e um CRM efetivo para garantir a segurança da operação. Todos os tripulantes da Sete realizam, anualmente, com a equipe médica, um curso de reciclagem e atualização em transporte aeromédico, envolvendo operações, fisiologia médica, embarque e desembarque. Daí a importância de se fiscalizar empresas e serviços irregulares. Temos hoje uma boa imagem do atendimento aeromédico pela visibilidade do ótimo serviço prestado no caso do transporte do cantor Pedro Leonardo, mas poderíamos, por qualquer deficiência de um atendimento improvisado, que não é o praticado por empresas como a Sete, ter transmitido uma má impressão do transporte aeromédico.

Comandante Thiago Prudente Vilella (na p. oposta) e o Learjet 35 da Sete Táxi Aéreo com UTI aérea (acima), que transportou o filho do sertanejo Leonardo

● Qual é a importância da aviação executiva em um país como o Brasil?
A extensão territorial brasileira, associada a um movimento intenso de crescimento de novos polos econômicos, torna a aviação executiva o grande - e, em muitas regiões, o único - meio de interligar esses novos destinos da economia nacional. Vivemos uma realidade em que a rapidez de apresentar resultados força o deslocamento confiável e ágil, que só a aviação executiva pode oferecer. O segmento de lazer é outro grande nicho de mercado. A sobrecarga da agenda de executivos e personalidades torna o meio aéreo a válvula de escape para aproveitar as curtas oportunidades de descansar do dia a dia frenético do mundo atual.