Embora possa demorar, a vez dos widebodies chegará
Santiago Oliver Publicado em 27/01/2017, às 15h41 - Atualizado às 15h52
O ano 2017 já está se configurando para ser mais um bom período para os narrowbodies, especialmente para a nova geração de aviões de passageiros ultra eficientes.
Grandes encomendas foram feitas para o Airbus A320neo e o Boeing 737 MAX. Boeing anunciou seu projeto para um novo MAX e está se preparando para ver o primeiro jato dessa família entrar no serviço este ano. Os aviões Neo e Bombardier CSeries continuarão aumentado seu número em serviço.
O mercado widebody, entretanto, continua em baixa. As encomendas diminuíram, Airbus e Boeing anunciaram cortes nas taxas de produção e há boatos – alguns deles já confirmados – de adiamentos de ordens.
Mas seria errado lançar uma visão sombria sobre a indústria como um todo ou para o mercado de widebodies em particular. As projeções são para outro ano lucrativo para as companhias aéreas do mundo na ordem de quase US$ 30 bilhões. E a linha de tendência para o crescimento de passageiros aéreos continua sua subida. O número de passageiros deverá atingir quase 4 bilhões este ano, o que será um recorde. Refletindo esse apetite pelo voo, as companhias aéreas aumentaram em mais de 700 o número de conexões únicas entre pares de cidades em 2016, chegando a mais de 18.000. Para 2036, a IATA prevê que 7,2 bilhões de passageiros viajarão por via aérea, quase o dobro dos 3,8 bilhões que voaram em 2016.
Enquanto os narrowbodies - especialmente no setor de baixo custo - desempenharem seu importante papel transportando esses bilhões de novos passageiros para seus destinos, não se deve esquecer que esses números não poderiam ser conseguidos sem os indispensáveis widebodies. As companhias aéreas que estão adquirindo frotas widebody estão investindo a longo prazo – apostando nos esperados aumentos de destinos e da quantidade de passageiros.
As pessoas não querem apenas viajar, elas querem ir para lugares distantes. O mercado internacional de saída da China está crescendo. A China e a Índia eclipsarão os EUA tornando-se os maiores mercados de tráfego aéreo do mundo até 2029. Os widebodies representam a única maneira de satisfazer essa demanda, especialmente em grandes rotas hub-to-hub.
E enquanto a nova geração de narrowbodies é eminentemente capaz de levar as pessoas mais longe, existem vantagens operacionais e de serviço ao cliente no widebody que o narrowbody não pode oferecer em voos de longa distância. Os aviões de dois corredores são mais rápidos para embarcar e desembarcar, eles oferecem mais espaço nos bagageiros, toaletes e galleys maiores e mais opções de entretenimento a bordo, e melhores áreas de descanso da tripulação. Eles também oferecem às companhias aéreas mais possibilidades para personalizar e diferenciar seu produto. Isso é muitoimportante em um mercado cada vez mais competitivo.
Sim, haverá alguns adiamentos nas entregas e sim, em alguns mercados de longo curso existem hoje companhias aéreas com muita capacidade, procurando os mesmos passageiros. Mas a tendência ascendente na demanda de viagens aéreas é inegável. Os widebodies são a ferramenta para atendê-la.