Falta de aviões deve limitar crescimento da aviação por mais de uma década

Setor enfrenta gargalos produtivos, frota envelhecida e combustível sustentável restrito a menos de 1% do consumo global

Por Marcel Cardoso Publicado em 09/12/2025, às 15h27

Com produção de aviões com filas de 12 anos as empresas aéreas enfrentam gargalos estruturais inéditos - Divulgação

A Associação de Transporte Aéreo Internacional (IATA), divulgou que a oferta de aeronaves comerciais permanece como uma das principais limitações ao crescimento da aviação mundial e que a produção de combustível sustentável de aviação está desacelerando.

A normalização da diferença entre demanda das companhias aéreas e capacidade industrial é improvável antes dos próximos nove anos. A recuperação das entregas de aeronaves novas começou a ganhar ritmo no fim do ano e deve acelerar em 2026. Entretanto, a demanda por aviões comerciais e motores continuará superior à capacidade de produção. 

O descompasso deriva de perdas irreversíveis nas entregas dos últimos cinco anos e da carteira de pedidos historicamente elevada.

A carteira global ultrapassa 17.000 aeronaves, o equivalente a 60% da frota ativa — proporção historicamente situada entre 30% e 40%. O volume atual corresponde a quase doze anos da capacidade produtiva existente.

A idade média da frota mundial atingiu 15,1 anos, incluindo 12,8 anos entre aviões de passageiros, 19,6 anos entre cargueiros e 14,5 anos entre wide-bodies. Mais de 5.000 aeronaves permanecem fora de serviço por diversos motivos, apesar da escassez de equipamentos novos.

Pressão no transporte de carga aérea

No segmento cargueiro, a situação também tende a se agravar:

Produção de SAF desacelera

A IATA também revisou as estimativas de produção de combustível sustentável de aviação (SAF). Em 2025, a produção deve atingir 1,9 milhão de toneladas — o dobro do volume de 2024 — mas o crescimento desacelerará em 2026, chegando a 2,4 milhões de toneladas.

O SAF responderá por apenas 0,6% do consumo total de combustível de aviação em 2025 e 0,8% em 2026. O custo adicional decorrente da diferença de preço entre SAF e querosene fóssil deve alcançar US$ 3,6 bilhões em 2025.

A revisão para baixo das previsões se deve à falta de apoio de políticas públicas, segundo a associação. Os preços do SAF variam de duas a cinco vezes o valor do combustível convencional.

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