Hondajet no Brasil

Líder Aviação assume representação do primeiro jato de negócios da marca japonesa e promove estreia do avião no país durante a Labace

Por Giuliano Agmont Publicado em 01/08/2015, às 00h00

Os entendimentos começaram em 2011. De lá para cá, foram pelo menos quatro visitas à fábrica, em Greensboro, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e muita troca de informações. O desfecho dessa maratona de conversas se deu no final de julho último com o anúncio da Líder Aviação como representante no Brasil do novo HondaJet, e a confirmação de sua vinda ao país pela primeira vez durante a Labace 2015. “O Brasil é segundo maior mercado mundial de jatos de negócios novos, atrás apenas dos Estados Unidos, o que o torna parte importante de nossa estratégia global de vendas”, destaca o presidente e CEO da Honda Aircraft, Michimasa Fujino. Para a Líder, a parceria representa uma oportunidade de incremento de seu portfólio. “Trata-se do jato leve mais avançado em produção no mundo. E um produto que preenche uma lacuna em nosso portfólio, já que trabalhamos com os aviões a pistão e turbo-hélices da Beechcraft e jatos de maior porte da Bombardier”, justifica Philipe Figueiredo, diretor de Vendas da Líder e articulador do acordo.

Com preço FOB fixado em US$ 4,5 milhões e capacidade para até seis passageiros em condição single pilot, o HondaJet tem como principais concorrentes outros dois jatos leves, o Embraer Phenom 100E e o Cessna Citition M2. O novo (e primeiro) modelo da Honda Aircraft, subsidiária da American Honda Motors Co., já possui uma licença provisória da FAA e deve estar certificado nos Estados Unidos até o final deste ano. No Brasil, a certificação da Anac deve sair em 2016. “Esperamos realizar as primeiras entregas do HondaJet em 2017”, prevê Figueiredo. Além da venda da aeronave, a Líder prestará serviço de suporte e assistência técnica, que acontecerão de modo independente aos processos de outras divisões da Honda no Brasil.

Os dados de desempenho do HondaJet ainda estão por se definir. Pelos testes em voo com cinco protótipos, o que se espera é que o novo jato voe a uma velocidade máxima de cruzeiro de 420 nm, atinja uma altitude de 43.000 pés e alcance pelo menos 1.180 milhas náuticas. “É um avião que vai surpreender muita gente por sua capacidade de operar em pistas curtas, pela velocidade final, pela eficiência dos motores em relação ao consumo de combustível e pela performance de subida”, antecipa Philipe Figueiredo. A distância mínima de decolagem deve ficar em torno de 950 m enquanto a taxa de subida tende a ser de 3,9 mil pés por minuto, conforme já demonstraram os protótipos do HondaJet.

Com um programa de desenvolvimento que já dura mais de 10 anos por conta de contratempos tecnológicos, o HondaJet foi desenhado no Japão nos anos 1990 e produzido nos Estados Unidos nos anos 2000. O primeiro voo aconteceu em 2003, mas a aprovação comercial do projeto só saiu em 2004. No ano seguinte, veio o debute em Oshkosh, durante a EAA 2005. Na última década, a Honda Aircraft enfrentou as dificuldades de desbravar um mercado completamente novo e mostrou que, mesmo um gigante global com faturamento bilionário, precisa de tempo para desenvolver com meios próprios a fuselagem e o motor de uma aeronave, sobretudo ao incorporar soluções inéditas.


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Motor sobre a asa

A mais visível inovação do HondaJet é a configuração de motores sobre as asas. Batizada OTWEM (Over-The-Wing Engine Mount), a solução permitiu aos projetistas da Honda Aircraft ganhar espaço na cabine e reduzir ruídos decorrentes de vibrações do motor. O resultado é a incorporação de um bagageiro de 1,6 m3 e também um lavatório. Mas há outras soluções no avião. “As asas com fluxo lateral laminar reduzem o arrasto e o nariz favorece a alta performance. Além disso, a estrutura da fuselagem incorpora elementos que garantem mais vida útil a ela”, detalha Philipe Figueiredo, que viu de perto a linha de produção, o campus com mais de 182 mil m2 de laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e os detalhes do projeto do HondaJet nos Estados Unidos.

Fruto de uma joint venture entre a GE e a Honda, o motor turbofan GE Honda Aero HF120, certificado em 2013, promete elevada eficiência. No cockpit, o HondaJet incorpora um painel Garmin G3000, com três telas de 14 polegadas e controles touch sceen, customizado. Enquanto aguarda a certificação do avião, a Honda Aircraft já trabalha com simulador de voo, desenvolvido em parceria com a FlightSafety International, uma das maiores empresas de treinamento de aviação do mundo. Simulador nível D full motion com um sofisticado software para replicar com precisão as características de voo da aeronave, o equipamento será certificado para atender os padrões da FAA e EASA e ser utilizado em programas de treinamento dos pilotos da Honda.

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