Redação Publicado em 09/11/2015, às 00h00 - Atualizado às 15h53
Até hoje, a maioria dos brasileiros afirma que Alberto Santos Dumont sempre se colocou contra a aplicação militar de seus inventos, incluindo dirigíveis e aviões. Todavia, ainda que o genial brasileiro tenha sido acometido por um grave sentimento de culpa após a Primeira Guerra Mundial (que vitimou mais de 25.000 pilotos britânicos, franceses e alemães, além de um sem número de pessoas no solo), há registros de que ele chegou a oferecer os dirigíveis como arma de guerra à França. Em 1903, o inventor escreveu uma carta ao Ministério da Guerra colocando à disposição do governo francês sua flotilha aérea “em caso de hostilidade com um país qualquer que não fosse das duas Américas”. Em 14 de julho do mesmo ano, por ocasião das comemorações da “Tomada da Bastilha”, Santos Dumont evoluiu com o Nº 9 em Longchamp, voando a uma altitude média de 300 pés, para posteriormente se juntar aos soldados em terra para o desfile militar. Era a primeira vez que uma máquina voadora passava a ser considerada como plataforma de guerra. Até então, nas guerras anteriores, os balões serviram basicamente como ferramentas de reconhecimento. Por serem livres, não havia condições de utilizar balões como armas, exceto em alguns raros casos em que lançaram granadas de mão contra tropas inimigas. Porém, o dirigível abriu as portas para o uso militar dos veículos aéreos. Apenas 10 anos depois, aviões e balões passaram a ser utilizados como a principal arma numa guerra. Ironicamente, tal fato se tornou um complicador na saúde já debilitada de Santos Dumont, que anos mais tarde não suportou ver os aviões do governo federal atacando as tropas paulistas na Revolução de 1932, cometendo o suicídio em 23 de julho daquele ano.