Piloto ficou famoso por sua fuga em um caça alemão e por sua perícia de voo ímpar
Redação Publicado em 26/10/2016, às 12h00 - Atualizado às 13h30
A comunidade aeronáutica perdeu uma de suas mais brilhantes figuras, o lendário Robert “Bob” Hoover. O genial piloto de provas e de acrobacia, mundialmente reconhecido por seus voos de extrema perícia e elevada performance, faleceu nesta quarta-feira, dia 25 de outubro, em Torrance, Califórnia.
Nascido em Nashville, Tennessee, em 24 de janeiro de 1922, Bob Hoover logo se interessou pela aviação, alistando-se ainda adolescente para o corpo de pilotos da força aérea do exército dos Estados Unidos (USAAF). Em pouco tempo, sua elevada capacidade de voo fez com que se tornasse piloto de testes das aeronaves récem-entregues à USAAF.
Em Casablanca, no Marrocos, nas folgas que conseguia durante a extenuante rotina da Segunda Guerra Mundial, o piloto deu um dos primeiros passos que marcariam sua carreira: voando a bordo do Lockheed P-38, realizou acrobacias e manobras que poucos acreditavam ser possível naquela aeronave. Nesse período voou absolutamente todas os aviões que teve oportunidade e descobriu como recuperar o Bell P-39 Airacobra de algumas situações críticas de voo.Tal manobra foi parar no manual operacional do modelo.
Mais tarde, Bob foi enviado para o 52d Fighter Group, baseado na Sicília, onde voou os Spitfire. Enquanto realizava sua 59ª missão, ele foi abatido por um Focke-Wulf Fw 190 Wüger, na costa francesa. Os alemães conseguiram captura-lo e o enviaram para a prisão de Stalag, em Barth, na Alemanha.
Após ficar 16 meses como prisioneiro de guerra, protagonizou um dos mais incríveis feito de sua carreira. Em um descuido da segurança na base aérea, Hoover conseguiu embarcar em um caça Fw 190 da Luftwaffe e, mesmo com pouco conhecimento sobre o avião, decolou da Alemanha rumo à Holanda. Ao pousar com segurança atrás das linhas inimigas, ele já era uma lenda.
Ao final do conflito mundial, enquanto grande parte dos pilotos militares dos Estados Unidos seguiam suas carreiras na aviação regular, Hoover se juntou aos mais brilhantes comandantes de sua geração e se tornou um dos pilotos de teste da recém-criada USAF, a força aérea norte-americana.
No início da década de 1950, Bob criou uma doutrina para decolar com o F-86 Sabre em pistas curtas e com elevada carga. Além disso, ainda criou procedimentos para recuperar o avião de situações críticas e foi o responsável pela tática de bombardeio DIVE para o modelo, que foi amplamente empregado na Guerra da Coréia. Também foi graças a ele que o time acrobático da USAF, os Thunderbirds, adotaram o North American F-100 Super Sabre.
Mesmo com um invejável currículo, Hoover lamentava não ter sido o primeiro piloto a quebrar a barreira do som. Ele e o também lendário Chuck Yeager eram pilotos de teste no Air Technical Service Command, no Ohio’s Wright Field, quando o alto comando comunicou que Yeager seria o piloto oficial do Bell X-1 e Hoover seria seu substituto. Acredita-se que um dos motivos da escolha por Yeager, que embora também fosse genial tinha menos experiência que Hoover, está no fato que Bob, o showman, havia sido flagrado por superiores fazendo voos invertidos em um Lockheed P-80 Shooting Star, em Ohio.
Entre as décadas de 1950 e 1960, Hoover voou e sobreviveu a praticamente todos os aviões e panes possíveis, como explosões de motores, falhas no assento ejetor, incêndios, erros no lançamento de armas etc. Mais tarde, após se aposentar na força aérea, Bob tornou-se um revolucionário piloto acrobático. Com seu conhecido Shrike AeroCommander verde e branco e seu North American P-51 Mustang, Bob encantava multidões em suas apresentações.
Uma de suas últimas participações públicas ocorreu em 29 de julho, quando diante de um público com mais de mil pessoas, Hoover contou sua trajetória e participou do Friday Warbirds in Review, durante a EAA Air Venture, em Oshkosh. Descrever sua habilidade seria impossível, e dizem que imagens valem mais que mil palavras. Sendo assim, veja abaixo uma de suas apresentações no AeroCommander: