Piloto não obteve as licenças obrigatórias e manteve contrato por duas décadas até ser descoberto em 2018
Por Edmundo Ubiratan | Foto: Divulgação Publicado em 01/03/2019, às 14h00 - Atualizado em 02/03/2019, às 19h01
Após cometer um erro durante um voo entre a África do Sul e a Alemanha um piloto, com mais de 25 anos de carreira foi desmascarado pelas autoridades aeronáuticas. Ele jamais teve carteira de piloto profissional exigida pela empresa aérea.
De acordo com o jornal sul-africano Mail & Guardian, o caso foi descoberto em novembro, quando o piloto William Chandler se envolveu em um incidente ao sobrevoar a Suíça.
Em 6 de novembro de 2018, a caminho de Frankfurt, na Alemanha, o Airbus A340-600, que realizava o voo SA260, encontrou uma perturbação atmosférica em alta altitude sobre os Alpes suíços, o que colocou a aeronave em uma condição de excesso de velocidade. Uma manobra de recuperação foi realizada para recuperar as condições estáveis de voo, permitindo a aeronave pousar com segurança na Alemanha.
Contudo, por normas internacionais, o evento levou a empresa estacionar o A340 em uma área designada pelos serviços de emergência do aeroporto. Após uma verificação das condições gerais da estrutura, a aeronave foi considerada aeronavegável, que cumpria os limites de peso e balanceamento, assim como todas as verificações de manutenção estavam atualizadas. Ainda assim, os procedimentos de segurança exigem que uma tripulação envolvida em um incidente grave e relatável dessa natureza seja submetida a uma reavaliação completa e abrangente. Foi nesse momento que o copiloto teve sua história descoberta.
Prova de pilotos para inglês ver
O piloto, que jamais aceitou ser promovido para comandante, não tinha licença de piloto de linha aérea (ATPL, na sigla em inglês), pré-requisito mínimo para voar profissionalmente na África do Sul.
De acordo com a empresa aérea, Chandler ingressou na companhia em 1994, alegando dispor de uma carteira ATPL, enquanto na verdade possuía apenas a licença de piloto comercial. As regras internas exigem que o piloto apresente uma carteira ATPL em no máximo cinco anos após ser contratado, algo que jamais ocorreu. Embora a licença de piloto comercial seja aceita na maior parte do mundo como requisito mínimo para voar um avião de linha aérea regular, a não obtenção das licenças exigidas ferem diversos acordos internacionais e mesmo cláusulas de seguro.
Em 2005, o ainda copiloto Chandler recusou uma promoção para comandante, pois nesse caso deveria passar por um processo interno que exigiria a apresentação da licença ATPL, emitida no mais tardar em 1999. Ciente do risco, optou por voar de forma irregular por outros 14 anos.
Segundo a Sotuh African Airways, o piloto foi demitido e a empresa estuda cobrar todo o salário, diárias e gastos em hotéis, dos últimos 25 anos. Caso a ação seja levada adiante, o reembolso para a companhia poderá chegar a milhões de dólares.
A empresa ressaltou que mesmo sem apresentar a licença correta, Chandler realizou todos os procedimentos de treinamento exigidos pelas autoridades. “Observamos que em momento algum licença fraudulenta apresentou qualquer risco de segurança para a operação. O piloto completou com sucesso todo o treinamento de segurança necessário”, afirmou o porta-voz da South African Airways, Tlali Tlali.
Por uma questão de segurança as autoridades de aviação da África do Sul, a SACAA, iniciou uma completa auditoria nas licenças de pilotos. “Submetemos todos os arquivos de licença dos pilotos da SAA à SACAA para verificação e auditoria. A SACAA indicou que o processo de verificação está progredindo bem e nenhuma irregularidade foi identificada até o momento , concluiu Tlali.