Falhas no controle de tráfego aéreo afetam operações aeroportuárias

Problemas técnicos entre abril e maio expõem necessidade de modernização da infraestrutura nos EUA e se tornam alerta para o mundo

Por Marcel Cardoso Publicado em 17/06/2025, às 14h36

Incidentes entre abril e maio levaram ao cancelamento de voos e expuseram vulnerabilidades na infraestrutura de controle aéreo dos EUA, que passará por ampla modernização - Divulgação

O sistema de controle de tráfego aéreo que gerencia o espaço aéreo do Aeroporto Internacional de Newark, na região metropolitana de Nova York, sofreu uma série de falhas técnicas entre abril e maio deste ano. Os incidentes afetaram a operação de voos e evidenciaram a necessidade de modernização da infraestrutura do setor nos Estados Unidos.

O centro responsável, localizado na Filadélfia, registrou pelo menos quatro incidentes, incluindo apagões nos radares e falhas nas comunicações por rádio, segundo informações da Associated Press.

A ocorrência mais grave foi registrada em 28 de abril, quando o sistema ficou fora do ar por cerca de noventa segundos. Durante esse período, os controladores de voo ficaram sem acesso aos radares e sem comunicação com as aeronaves. Apesar de não terem sido registrados incidentes, o episódio gerou grande estresse entre os profissionais, levando alguns a se afastarem temporariamente do trabalho.

Como consequência, houve atrasos de até quatro horas em voos partindo ou chegando a Newark e o cancelamento de 35 viagens de ida e volta da United Airlines, principal operadora no aeroporto.

Após esse evento, novos episódios foram registrados: em 9 de maio, outra falha semelhante; em 11 e 19 de maio, interrupções menores, mas que exigiram a atuação de sistemas de backup. Em ambos os casos, o sistema reserva conseguiu manter os radares operantes ou restabelecer as comunicações rapidamente, graças a atualizações de software.

Diante das falhas, diversas medidas foram tomadas para garantir a segurança das operações. Entre elas estão o uso de rádios portáteis de alta potência, mensagens via sistemas de dados (semelhantes ao GSM-R utilizado em ferrovias) e frequências de emergência. Em último caso, as torres de controle podem usar sinalização visual com luzes para orientar os pilotos durante pousos.

Em resposta à situação, a agência federal de aviação dos Estados Unidos (FAA) instituiu uma força-tarefa emergencial e limitou o número de operações no aeroporto de Newark a 56 voos por hora, 28 pousos e 28 decolagens, até meados deste mês. A medida coincidiu com o fim de obras na pista principal e já resultou na redução de cancelamentos, segundo a United.

No longo prazo, o Departamento de Transportes dos EUA anunciou um plano de reforma do sistema nacional de controle de tráfego aéreo. A proposta, divulgada em 8 de maio, prevê a substituição completa de infraestrutura essencial, como radares, redes de telecomunicação, software e hardware. Sean P. Duffy, secretário de Transportes, classificou o projeto como uma “necessidade econômica e de segurança nacional”.

Apesar das falhas recentes, a FAA reforça que o sistema conta com redundâncias robustas e que pilotos e controladores são treinados para lidar com emergências. Os próprios pilotos relatam que falhas desse tipo são raras.

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