FAB fecha bases por falta de recursos

Militares se mostram preocupados com os constantes cortes no orçamento

Redação Publicado em 28/01/2014, às 13h37 - Atualizado em 11/11/2014, às 11h34

O crítico período que as forças armadas passam contrasta com os investimentos feitos na renovação de meios. Mesmo comemorando a finalização do F-X2, a FAB enfrenta a dura realidade de fechar diversas bases aéreas e unidades. À primeira vista, a mudança pode parecer que existe um novo nível de profissionalização, já que atualmente não se faz necessário um grande número de bases aéreas. Porém, na realidade tais mudanças não foram feitas após um processo estratégico, mas sim na necessidade de reduzir drasticamente os custos. Por exemplo, a FAB determinou o fim das operações aéreas na Base Aérea de Santos, que operava o 1º/11º GAv e que foi deslocado para a Base Aérea de Natal. O mesmo destino teve o 1º/5º GAv, que deixou Fortaleza.

Muitos militares tem se mostrado preocupados com a eminente desativação da Base Aérea do Campo dos Afonsos, considerado o berço da FAB. Além do aspecto emocional e histórico, os militares temem que a base seja completamente desativada e com isso se perca boa parte da capacidade operacional. No Afonsos estava o 1º/2º GT, que opera os C-130 Hercules e o 3º/8º GAv com os Super Puma. O primeiro foi deslocado para a Base Aérea do Galeão, onde já está o 1º/1º GT, que também utiliza os C-130. Já o segundo foi deslocado para a Base Aérea de Santa Cruz, lar do lendário Senta Pua. A desativação do Afonsos compromete parte da logística da FAB e muitos oficiais acreditam que o movimento deveria ser inverso “Era mais lógico desativar o Galeão, que opera em conjunto com o aeroporto internacional”, afirma um brigadeiro que pediu anonimato. “No Afonsos a FAB tem muito mais liberdade operacional e espaço para crescer”, completa.
Por ora, ninguém sabe o que vai acontecer com o Museu Aeroespacial (Musal), o maior museu aeronáutico do hemisfério sul, caso o Afonsos seja completamente desativado.

Florianópolis também deverá ver sua base aérea ser desativada, o que comprometerá seriamente a capacidade de patrulha marítima brasileira. Alguns interlocutores no Ministério da Defesa afirmam que existe a possibilidade da Marinha do Brasil assumir futuramente as missões de patrulha marítima, mas que tal medida requer um entendimento entre as duas forças e a capacitação da Marinha nesse tipo de missão.

A situação das forças armadas é considerada preocupante por diversos analistas políticos e estrategistas. Além da perda de unidades e bases aéreas, o mais grave vem sendo sentido no campo operacional. Atualmente os pilotos de caça da FAB raramente conseguem acumular 150 horas de voo ao longo de um ano. Número considerado mínimo para manter a proficiência de voo, embora tal resultado não permita manter qualquer condição de adestramento de combate aos aviadores.

Enquanto o Brasil comemora alguns bons resultados em programas de modernização que estavam parados a mais de uma década, nos bastidores as três forças lutam para manter sua sobrevivência.

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