Associação internacional de pilotos enquadra a segurança aérea do país na categoria criticamente deficiente
Redação Publicado em 25/04/2016, às 18h00 - Atualizado às 19h38
Em meio à crise ministerial em Brasília, o espaço aéreo brasileiro acaba de ter seu nível de segurança rebaixado. O país passa a ser enquadrado como criticamente deficiente (Critically Deficient) pela IFALPA (International Federation of Air Line Pilots Association), uma associação de pilotos vinculada à ICAO, agência especializada em aviação das Organização das Nações Unidas.
O rebaixamento foi informado oficialmente às autoridades brasileiras por meio de uma carta enviada pela IFALPA à Secretaria de Aviação Civil, baseado em decisão tomada na conferência realizada pela entidade entre os dias 14 e 18 de abril, em New Orleans (EUA).
O rebaixamento ocorre por conta do risco iminente de acidente entre aeronaves e balões, tema amplamente debatido pela entidade e pelas autoridades brasileiras nos últimos anos. O aviso de rebaixamento foi enviado ao Brasil em dezembro de 2015. Apesar do comunicado, não houve resposta dos órgãos competentes do país, imersos nas crises envolvendo o processo de impeachment da presidente Dilma.
Com a medida, o espaço aéreo brasileiro passa a ter a mesma classificação de países com zonas de guerra e regiões sem sistemas de controle de tráfego aéreo. Entre os principais problemas da nova classificação está o aumento do valor do seguro exigido para empresas aéreas que optam em voar para locais classificados como de risco. Além disso, muda uma série de certificados internacionais exigidos pelas companhias aéreas brasileiras. O que deverá trazer num curto prazo diversas consequências à aviação nacional.
A primeira delas é o risco de empresas estrangeiras deixarem de voar para o Brasil, inclusive durante os Jogos Olímpicos. Além disso, com o aumento do valor do seguro, as empresas nacionais podem enfrentar um novo desafio justamente num momento de retração econômica, o que em geral impacta no valor das passagens aéreas.
O risco baloeiro é velho conhecido das autoridades aeronáuticas e policiais. Dados compilados ao longo dos últimos anos pelo CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da Força Aérea Brasileira apontam um crescimento preocupante nas atividades baloeiras. Alguns balões de grande porte são construído usando vergalhões comumente empregados na construção civil, possuindo capacidade de elevar a grande altitudes cargas com centenas de quilos de fogos de artifícios e até mesmo botijões de gás, utilizados para manter a chama acesa.
Estudos apontam que a colisão de uma aeronave em voo de cruzeiro com um balão pode gerar um impacto de até 500 toneladas. Seria o mesmo que um avião atingir um Antonov 225, o maior avião do mundo, em pleno voo.
As associações de pilotos do Brasil e o SNA (Sindicado Nacional dos Aeronautas) estão trabalhando junto à IFALPA para encontrar soluções que possam resolver esse problema no país. O objetivo é continuar o trabalho realizado para auxiliar na resolução dessa questão e fazer com que o Brasil recupere a categoria de espaço aéreo seguro na análise da entidade. Porém, o combate à atividade baloeira está a cargo das policiais estaduais, exigindo assim uma cooperação entre autoridades abrangente e complexa.
A Secretaria de Aviação Civil e a Força Aérea Brasileira não enviaram resposta até o fechamento dessa nota. A carta pode ser acessada clicando aqui