Empresa árabe estuda substituir pedido atual em favor do A350 XWB
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 04/02/2019, às 17h42 - Atualizado às 18h02
A Emirates Airline estuda a viabilidade de converter as atuais encomendas para o Airbus A380 em pedidos para o A350 XWB, o que coloca em duvidas o futuro do superjumbo da Airbus.
O A380 foi anunciado no final da década de 1990 como o futuro do transporte aéreo, oferecendo grande capacidade, aliado a capacidade de ultralongo alcance e com conforto inimaginável para seus concorrentes, como o Boeing 747-400. Porém, após 20 anos o programa não se viabilizou. Ainda que o A380 esteja entre os mais sofisticados aviões da atualidade, seu elevado custo e a demanda limitada por seu espaço e conforto, tornou o projeto pouco atraente para a maioria das empresas aéreas do mundo.
A Emirates atualmente é a maior operadora do A380, com mais de 100 aviões em serviço, que atende suas principais rotas de longo curso. A empresa árabe em parceria com a Airbus vem se esforçando para manter seus pedidos e a viabilidade do modelo, visando não apenas justificar sua operação, mas também permitir que a linha de montagem continue ativa.
Em 2018 a Emirates formalizou um novo pedido para mais 36 aviões do modelo, com valor estimado em US$ 16 bilhões, o que permitiria manter a linha de produção ativa por mais 3 ou 4 anos. O impasse entre a Rolls-Royce e a Emirates, referente ao consumo de combustível dos motores Trent 900, que devem equipar os novos aviões encomendados, tem atrasado o andamento das entregas.
O maior entrave é que nenhuma outra companhia aérea se interessou pelo modelo, em especial as empresas dos Estados Unidos, que não possuem nenhum pedido para o avião que deveria ser o carro chefe da frota. A British Airways recentemente demonstrou interesse em ampliar a frota do modelo, mas o pedido não deverá ser expressivo para manter o programa ativo por uma década. Airbus embora não comente oficialmente, poderá encerrar a produção do modelo por falta de novos pedidos. A análise da Emirates pelo irmão menor, o A350, poderá acelerar o processo.
Segundo matéria da agencia Reuters, o fabricante está olhando “extremamente a sério” a criação de um cronograma de desligamento do programa A380.
O pedido para o A350 poderá representar um novo capítulo para a Airbus, que sofrerá menores pressões diante do encerramento da produção do A380, ao mesmo tempo que recoloca a Emirates na lista de clientes do bimotor. Após alguns impasses em 2014, a Emirates oficializou o cancelamento do pedido do A350 XWB, focando seu plano de frota no A380 e no Boeing 777, incluindo uma das maiores encomendas realizada para o 777-9X.
Para a Rolls-Royce um pedido para o A350 representaria o fim de uma disputa em relação ao desempenho dos motores Trent 900, ao mesmo tempo que garante um pedido para a família Trent XWB, que equipa do A350.
Do outro lado do Atlântico, um eventual fim da linha do A380 representa uma oportunidade para o 777-9X em diversos mercados hoje operados pelo quadrimotor europeu.
Recentemente os dois primeiros A380 foram sucateados. Mesmo tendo apenas 10 anos de uso não encontraram interessados no mercado de usados.