Modelo deverá ter motores montados na cauda e poderá ser abastecido com hidrogênio
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 13/08/2021, às 13h50 - Atualizado às 15h59
Futuro turbo-hélice pretende substituir famílias de jatos regionais ERJ e CRJ, assim como os turbo-hélices ATR e Dash 8
A Embraer apresentou hoje (13) novos detalhes sobre o seu novo turbo-hélice regional. O modelo que deverá ter capacidade entre 50 e 90 assentos tem sido uma das grandes apostas do fabricante brasileiro.
Durante um evento de mídia onde foram apresentados diversas novidades, a Embraer mostrou alguns detalhes sobre o novo avião, mesmo sem confirmar o lançamento do projeto ou que o conceito seja uma proposta final.
As novas imagens conceituais mostram o avião em uma configuração com os motores montados no cone de cauda, similar aos jatos regionais ERJ 145, e próximo do conceito estudado pelo CBA-123 Vector, nos anos 1980.
A intenção da Embraer é atender ao crescente mercado regional, substituindo modelos turbo-hélices de geração anterior, com um avião de maior capacidade e velocidade. Atualmente diversas empresas aéreas ao redor do mundo ainda operam frotas extensas de modelos das famílias de jatos regionais ERJ, da Embraer, e da série CRJ, da Bombardier, além de diversos turbo-hélices QSeries Dash 8 e ATR.
"Os passageiros consideram [os turbo-hélices] apertados, sem espaço suficiente e barulhentos" disse Luis Carlos Affonso, vice-presidente sênior de engenharia, tecnologia e estratégia corporativa da Embraer, durante o evento. "Os motores montados na cauda proporcionarão uma cabine silenciosa e desempenho semelhantes aos aviões a jato".
Os estudos da Embraer apontam que uma das vantagens de montar os propulsores na cauda está relacionado ao novo tipo de combustível planejado. A intenção é que o avião seja abastecido com hidrogênio líquido, que deverá exigir um novo reposicionamento dos tanques. "Os motores montados na cauda reduzem o ruído da cabine para uma experiência aprimorada do passageiro e facilita a adição futura de tanques de combustível de hidrogênio", afirmou Arjan Meijer, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial.
A adoção de novos motores na cauda além de reduzir o ruído interno, oferece um desenho aerodinâmico mais limpo, especialmente das asas. A previsão é que o turbo-hélice tenha um custo por assento ao menos 15% menor que os modelos atuais e seja até 20% mais rápido.
Último turbo-hélice da Embraer, o CBA-123 Vector, também optou por motores montados na cauda
Todavia, a Embraer não anunciou oficialmente o projeto, que ainda está na fase de avaliação de mercado e de estudos técnicos. Algumas fontes internas apontam que o avião poderá ser lançado nos próximos meses, ainda que sem uma confirmação de data.
Durante o evento, o o presidente-executivo da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou que o projeto faz parte de uma estratégia de longo prazo e que o mercado tem avaliado positivamente a proposta "especialmente com o recente interesse das companhias aéreas dos Estados Unidos".