Maior feira de aviação de negócios da América Latina expõe as ferramentas mais rápidas e eficientes para desbravar novos horizontes
Por Giuliano Agmont e Edmundo Ubiratan Publicado em 01/08/2015, às 00h00
A maior feira de aviação de negócios da América Latina acontece mais uma vez no Aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo. Para a edição 2015 da Labace (Latin American Business Aviation Conference & Exhibition), algumas das mais de 60 aeronaves expostas no evento desembarcam no Brasil pela primeira vez, como é o caso dos Cessna Citation Latitude e CJ3+, do HondaJet e do Gulfstream 650ER, além da estreia do Embraer Legacy 450.
Com a segunda maior frota da aviação geral do mundo, o Brasil continua sendo um mercado estratégico para a indústria, mesmo em tempos de economia turbulenta. Até porque, a crise também embute oportunidades. O dinheiro muda de mãos e um ativo como aeronaves de negócio representam produtividade. Apesar dos problemas em setores como automóveis, maquinário e construção civil, há empresário com boas perspectivas, sobretudo nas áreas de infraestrutura, fusões e aquisições, sistema financeiro e exportações, além de agropecuária, mineração e serviços. Ademais, corporações que já operam aeronaves estudam um downgrade da frota para reduzir custos, o que também pode ser interessante tanto para quem tem portfólio a oferecer quanto para aqueles que comercializam modelos usados.
Nesse contexto de incertezas, a maior parte dos fabricantes acredita numa retomada dos negócios neste segundo semestre. Um dos setores mais importantes da aviação de negócios é o relacionado às aeronaves de cabine larga e alcance intercontinental. Analistas internacionais afirmam que a demanda por esse tipo de jato continuará a ser a com maior crescimento nos próximos anos, acompanhando a evolução da economia que está cada dia mais global e exige uma melhora cada vez maior no aproveitamento do tempo.
“Temos aproximadamente 150 jatos Falcon em operação na América Latina, com Brasil e México como principais mercados, com um terço das unidades em cada país. O outro terço está distribuído em diversos países da América do Sul e Central. Um destaque é que o Brasil detém uma das cinco maiores frotas do Falcon 7X no mundo. O Brasil tem sido um mercado muito importante para a Dassault Falcon nos últimos anos. Analisando o mercado, é evidente que o setor como um todo passa por um momento de ajuste, mas isso é um processo natural e a Dassault tem plena confiança que o segmento de aeronaves de longo alcance tende se recuperar no médio prazo. Fomos pioneiros ao oferecer assistência técnica da própria fábrica, sem oficinas terceirizadas no Brasil, o que com certeza é um grande diferencial da marca neste segmento. Hoje temos clientes que estão conosco há mais de 30 anos, em sua quarta ou quinta aeronave Falcon”
Rodrigo Pesoa, diretor-geral de Vendas da Dassault Falcon para a América Latina
“No Brasil, historicamente, o segundo semestre do ano apresenta um maior crescimento nas vendas das aeronaves e estamos otimistas que neste ano teremos este mesmo cenário. Nossos esforços são para manter o crescimento verificado ao longo dos nossos 50 anos de atividade”
Rogério Aparecido de Faria, assessor comercial da J.P. Martins, representante da Piper no Brasil
“O Brasil é um dos mercados de mais rápido crescimento na América Latina para Gulfstream. Nossa frota tem crescido em 10 por cento nos últimos 12 meses, temos agora mais de 40 aeronaves da Gulfstream baseados no país. Nos últimos cinco anos, o tamanho da nossa frota quase triplicou. Atualmente, o Brasil é o nosso segundo maior mercado na América Latina, atrás do México. Um dos desafios que vemos no Brasil é a infraestrutura da aviação, falta melhor infraestrutura para a aviação de negócios, como acesso ao aeroporto, FBO, hangares e assim por diante”.
Fabio Rebello, vice-presidente Senior da Gulfstream para Florida e America Latina
“A Textron Aviation continua com forte interesse no Brasil com sua ampla linha de produtos de jatos, turbo-hélices, aviões pistões e helicópteros e sua capacidade de atender às múltiplas necessidades de missão na região. A perspectiva de longo prazo é positiva para o mercado brasileiro. Estamos vendo oportunidades em diversos setores dentro do país, tais como agronegócio em que os nossos produtos oferecem um argumento convincente para atender às necessidades de negócios e de missão”
Bob Gibbs, vice-presidente de Vendas da Textron para América Latina e Caribe
“O aumento do uso de aeronaves de negócios em todo o mundo e no Brasil acontece porque os executivos precisam aproveitar melhor o seu tempo e viajar de forma mais eficiente para destinos mais distantes. No geral, as perspectivas para o Brasil são boas, mesmo no contexto econômico atual. As vantagens da utilização da aviação de negócios são bem comprovadas e o Brasil sendo um mercado maduro para jatos executivos reconhece há muito tempo a sua eficiência. A Bombardier está muito bem posicionada no Brasil, com uma frota crescente e o maior portfólio de produtos no mercado. Temos 150 aeronaves em operação no país e 650 na América Latina. Nossos clientes aqui e em todo o mundo têm expectativas muito elevadas em termos de produto e serviço e estamos constantemente aprimorando nossa rede para atender e exceder as suas expectativas. No geral, a perspectiva de longo prazo para a aviação de negócios na América Latina continua forte, o número de jatos crescerá a uma taxa de 3% ao ano, por isso ainda há espaço para expandir ainda mais nossa frota”
Stéphane Leroy, vice-presidente regional de Vendas da Bombardier Business Aircraft para a América Latina
“O Cirrus é largamente utilizado no Brasil por empresários dos mais variados setores e constitui-se num importante mercado para a Cirrus Aircraft. Vemos um amplo mercado consumidor dos nossos variados modelos”.
Sergio Beneditti, diretor de Vendas da Cirrus Brasil
“Mais de 700 helicópteros em operação no Brasil para os mercados civil e militar são da marca Helibras-Airbus Helicopters. Mais de 70% são helicópteros monoturbina, como o H120, H125 e H130. Os demais se dividem entre as aeronaves biturbinas leves (H135 e H145), médios, como H155 e Dauphin, e pesados (H225), atuando especialmente nos segmentos civil, governamental e óleo e gás. Há ainda um grande número de helicópteros médios e pesados no setor militar. Dessa frota, cerca de 50% atuam no mercado executivo, nosso maior mercado, com foco nas aeronaves para táxi-aéreo, serviço de transporte VIP e para executivos e empresas que precisam de um meio rápido para se locomover em grandes centros urbanos. O mercado menos aquecido dá a oportunidade de ampliar e aperfeiçoar os serviços oferecidos aos helicópteros que já estão em operação. O pós-venda, que compreende a venda de peças, manutenção e reparos devem ser o grande nicho de oportunidades. Nesse sentido, a Helibras criou há cerca de um ano o Centro de Suporte ao Cliente, que já trouxe resultados significativos, elevando para 95% o índice de fornecimento de peças e manutenção dentro do prazo proposto”
Patrícia Lima, diretora de Operações Comerciais da Helibras, subsidiária da Airbus Helicopters
"Os nossos desafios são semelhantes ao de todas as outras empresas que terão de conviver com um período de profunda recessão. Mais do que as consequências óbvias que este quadro nos traz, decisões de investimentos e compra de ativos como aviões devem ser postergadas até que as coisas se acalmem. Em Congonhas, tivemos uma redução de 40% no volume de voos executivos e isso reflete em todo o sistema. Da manutenção aos abastecimento de combustíveis, afetando igualmente os serviços de rampa, catering e demais setores da cadeia. Estamos voltados para um setor da economia que não deve ser tão afetado, que é o agribusiness. Hoje, a SynerJet não é tão dependente do mercado brasileiro, já que é distribuidora de seus produtos para toda a América Latina”
José Eduardo Ippólito Brandão, diretor-geral da Synerjet, representante da Pilatus no Brasil
“No Brasil, o entendimento do jato de negócios como ferramenta de trabalho é um conceito que ainda precisa ser mais disseminado. Apesar de termos a terceira maior frota de jatos de negócios do mundo, ainda há resistência de alguns setores da sociedade em entender o real propósito desse modal de transporte. No longo prazo, diante dessa melhor compreensão e aliado a investimentos em infraestrutura e crescimento econômico, seguramente atingiremos o potencial da aviação executiva nacional”
Marco Túlio Pellegrini, presidente e CEO da Embraer Aviação Executiva
“A frota de helicópteros da AgustaWestland em operação no Brasil atinge quase 200 aeronaves, incluindo modelos como o AW119, o AW109, o AW139 e, em breve, o AW169 e o AW189. O AW169 recentemente certificado já recebeu mais de 20 pedidos somente no Brasil e, em breve, começará a ser entregar aos operadores daqui. Atualmente, mais de 30 modelos AW139 operam na indústria offshore no Brasil. Temos no país também pedidos para mais de 50 unidades dos modelos Grand e GrandNew para executar operações de transporte VIP e corporativo. O GrandNew continua a ser o biturbina leve mais vendido no mercado corporativo brasileiro. A AW119Kx também tem sido bem-sucedida no Brasil e na América Latina, com o primeiro AW119Kx entregue no Chile e previsão de entregar mais dois este ano no Brasil, realizando serviço aeromédico, utilidade pública e segurança para o governo do Rio Grande do Sul. Neste momento desafiador da economia, acreditamos no potencial de nossa nova aeronave, e o AW169, além do Trekker. Nosso principal desafio continua a ser fornecer suporte para uma crescente base de clientes no Brasil e na América Latina. Nossa expansão da fábrica no Brasil, que continua em andamento, vai melhorar as capacidades de MRO de peças e serviços de reparação e suporte aos nossos clientes em todo o Brasil, assim como no Chile, Argentina e Colômbia”
Bob Brant, vice-presidente de Commercial Business da AgustaWestland para as Americas
“O mercado de aviação executiva foi diretamente afetado pela crise que vem se passando desde o ano passado. Em 2014, apesar das grandes expectativas criadas acerca da Copa do Mundo, o mercado apresentou retração, muito em virtude da incerteza causada pelas eleições presidenciais e pela disparada do dólar no segundo semestre. Alguns fatores que estão acontecendo no país, como a instabilidade do dólar em patamares muito elevados e a retração da economia não alteraram muito o cenário que segue incerto. A tendência natural é que empresas e proprietários de aeronaves busquem redução de custos, porém entendemos que as aeronaves particulares são ferramentas de trabalho e não itens de luxo. Apesar das vendas de aeronaves executivas ter apresentado retração desde o ano passado, acreditamos que a falta de uma malha mais ampla e os gargalos na infraestrutura de aeroportos podem gerar oportunidades interessantes. Como nosso cliente foco busca a combinação entre baixo custo operacional, rapidez e alcance, o TBM900 surge como uma excelente opção e por isso é nossa aposta para prosperar neste mercado. Nos anos de 2014 e 2015, a empresa apresentou excelentes resultados na venda de aeronaves, especialmente com o TBM900. Esperamos que a economia se restabeleça e volte a crescer até o final do ano de 2016 para que a aviação acompanhe tal recuperação. Neste primeiro semestre de 2015, observamos uma discreta recuperação nos serviços de manutenção, o que nos deixa com expectativas melhores em relação a 2014”.
Cristiano Campaner Mattos, diretor Comercial e superintendente da Algar Aviation, representante das marcas Piaggio e Daher Socata