Como a maior companhia aérea do mundo manteve suas contas positivas em meio à crise financeira norte-americana e os planos da parceira da Gol para o Brasil e a América Latina
Por Robert Zwerdling Publicado em 02/10/2014, às 00h00 - Atualizado às 23h50
A companhia norte-americana Delta Air Lines deverá substituir o Boeing 757-200 pelo Boeing 767-300 na rota diária entre Brasília e Atlanta a partir do dia 26 de outubro de 2014. A troca permitirá um incremento de 22% no volume de passageiros transportados na rota, além oferecer assentos mais confortáveis na classe executiva, num total de 26 poltronas que reclinam 180 graus. “A companhia é a única que opera voos diários na rota de Brasília para os Estados Unidos, atendendo hoje à demanda de 99% dos nossos clientes brasileiros e norte-americanos graças a nossa parceria com a Gol Linhas Aéreas”, diz Luciano Macagno, diretor da Delta Air Lines para o Brasil. Segundo o executivo, o codeshare com a companhia brasileira aumenta a extensão da rede da Delta, que corresponde a aproximadamente 40% da participação no mercado doméstico brasileiro, sendo uma parte crucial da expansão contínua dos americanos no país e na região. “Há aproximadamente dois anos, a Delta destinou grande quantidade de recursos para a América Latina e o Caribe e desenvolveu uma unidade comercial especialmente voltada para a região, transferindo para São Paulo a vice-presidência para a América Latina”, lembra Macagno.
A parceria da Delta Air Lines com a Gol Linhas Aéreas deve se restringir ao portfólio de conexões com venda compartilhada de bilhetes. Apesar de a companhia ter investido na Gol cerca de US$ 100 milhões em 2011, dando à Delta uma cadeira no conselho de administração da brasileira, a empresa garante que não há outros planos em discussão, pelo menos por enquanto. As equipes comerciais da Delta e da Gol alcançaram seu objetivo imediato, que era o de ampliar o acordo de codeshare, proporcionando benefícios adicionais para os clientes fiéis das duas companhias e uma experiência consistente nos aeroportos. “A Delta não tem intenções de aumentar os investimentos, mas, sim, fortalecer a parceria com a Gol”, prevê Luciano Macagno.
A Delta Air Lines opera 42 voos semanais entre o Brasil e os Estados Unidos, incluindo dois voos diários entre Atlanta e São Paulo, um voo diário entre Atlanta e o Rio de Janeiro, além dos voos de Brasília e as frequências a partir de São Paulo para Nova York-JFK e Detroit. Espera-se que o Brasil se torne o quarto maior mercado de aviação no mundo para a Delta em 2014 e a companhia prometer continuar investindo na melhoria dos serviços de atendimento ao cliente e modernização de suas aeronaves.
A Delta investiu US$ 3 bilhões no aprimoramento de produtos globais, serviços e aeroportos
Em meio à crise financeira mundial e às turbulências do mercado doméstico norte-americano, a Delta Air Lines tem se ajustado bem, com adequação da malha de voos e investimento nos serviços de atendimento a clientes. Como resultado direto, fechou o caixa no azul nos três últimos anos, tendo em 2013 faturado US$ 37,7 bilhões, com lucro líquido de US$ 5,7 bilhões. A Delta investiu US$ 3 bilhões no aprimoramento de produtos globais, serviços e instalações em aeroportos.
Em La Guardia, Nova York, o investimento chega a US$ 160 milhões, cujas obras de revitalização são as mais significativas em mais de 40 anos de história do aeroporto. No vizinho, John F. Kennedy, a Delta aplicou US$ 1,4 bilhão na ampliação do Terminal 4, oferecendo nova área para atendimento em check-in, maior quantidade de quiosques para autoatendimento, área para vistoria de segurança mais ampla, e a criação de nove novos portões de embarque. Nos Estados Unidos, as companhias aéreas contam com terminais exclusivos e investem nos trabalhos de revitalização.
Como parte de um aporte de US$ 140 milhões em tecnologia, a Delta Air Lines desenvolveu aplicativos dedicados a smartphones e tablets, e está trabalhando na introdução do serviço de wi-fi em todos os voos internacionais. O serviço já está ativo em boa parte da frota de aeronaves que atendem ao mercado doméstico, o que permite acesso à internet a mais de 400.000 clientes em 3.400 voos diários. A companhia também foi a primeira a introduzir o serviço de informações eletrônicas a bordo, conhecido como “gate to gate PED”, de personal electronic devices, já que os Estados Unidos aboliram a maioria das restrições para uso dos equipamentos eletrônicos em aeronaves comerciais. “Especificamente para o mercado brasileiro, estabelecemos um canal de assistência em tempo real na língua portuguesa, no Twitter, junto com uma página específica no Facebook”, destaca Luciano Macagno.
A Delta Air Lines é considerada atualmente a maior companhia aérea do mundo, resultado da aquisição de diversas empresas norte-americanas ao longo de 80 anos. O último grande negócio envolveu a compra de uma tradicional marca, pelo menos no mercado doméstico, a Northwest Airlines, em 29 de outubro de 2008. Não muito conhecida por clientes na América Latina, a companhia, que tinha como hub principal a cidade de Minneapolis, no estado de Minessota, era detentora de uma malha de voos nacionais considerável, e ainda contava com ligações tradicionais para a Europa e a Ásia, tanto que a Delta passou a operar quatro aeronaves do modelo Boeing 747-400 a partir do momento que incorporou as aeronaves da congênere. Até aquela data, a companhia havia operado apenas cinco Boeing 747 da série 100 durante a década de 1970.
A Delta foi fundada em Monroe, em 1928, por proprietários de uma empresa de aviação agrícola. O símbolo e o próprio nome da companhia seriam uma alusão ao delta do rio Mississipi, que deságua no Golfo do México no extremo sul do estado de Louisiana. Em 1941, mudou-se para Atlanta, na Geórgia, onde estabeleceu seu centro de operações, de manutenção, e seu principal hub no Aeroporto Internacional Hartsfield. Atualmente, a companhia conta com diversos centros de distribuição de voos e passageiros espalhados pelos Estados Unidos, incluindo Los Angeles, Cincinnati, Detroit, Minneapolis-St. Paul, New York-LaGuardia e New York-JFK. Também tem bases na Europa (Amsterdã e Paris-Charles de Gaulle) e no Japão (Tóquio-Narita). A cada ano, ela transporta ao redor de 165 milhões de clientes a 333 destinos (106 internacionais e 227 domésticos), empregando mais de 80.000 funcionários. Sua frota de aeronaves é admirável: são nada menos do que 745 aviões, a maioria de sua propriedade, ou seja, não são operados sob a forma de leasing. A idade média dos aviões é de 16,8 anos. Integra a aliança de companhias SkyTeam e mantém parceria de compartilhamento de voos com a Air France-KLM, Alitalia, Virgin Australia, Virgin Atlantic e a Gol Linhas Aéreas.