Por Santiago Oliver Publicado em 07/11/2014, às 00h00
Em 1967, a Dassault Aviation decidiu fabricar um concorrente para o Boeing 737-200, com o apoio do governo francês. A intenção era obter uma fatia do mercado que a aeronave americana ocupava, mas com capacidade um pouco maior – 140 assentos em lugar dos 110 do Boeing –, e mais veloz. Além disso, esse projeto seria uma oportunidade para a Dassault mostrar no mercado civil o conhecimento que havia adquirido depois de muitos anos construindo aviões de combate como o MD 450 Ouragan, o MD 452 Mystère II, o MD 454 Mystère IV, o Super Mystère e o Mirage III. Em junho de 1969, um mock-up em tamanho natural do Mercure, então conhecido como Mercure 100, foi apresentado durante o Salão de Le Bourget. Em 4 de abril de 1971, o primeiro protótipo foi apresentado na fábrica de Merignac. Dias depois, em 28 de maio, realizou seu primeiro voo. A Dassault tentou atrair as principais companhias aéreas e algumas regionais com seu produto, mas poucas mostraram interesse. Só a francesa Air Inter fez o primeiro e único pedido em janeiro de 1972. Essa falta de interesse teve vários motivos, dentre os quais se destacava a crise do petróleo dos anos 1970, mas, principalmente, o pouco alcance do Mercure, que estava pensado para a realização de rotas nacionais europeias, sem poder voar mais longe que 1.700 km. Após o fracasso comercial do Mercure, o fabricante começou a desenvolver uma nova versão, que recebeu a denominação de Mercure 200, com a colaboração da Air France. O novo modelo deveria ter alcance de 2.200 km e atraiu o interesse inicial de várias companhias norte-americanas, mas, diante dos elevados custos, o projeto foi cancelado sem ter sido produzida nenhuma unidade.
Em 30 de janeiro de 1972, Air Inter realizou um pedido de 10 exemplares, que foram entregues entre 30 de outubro de 1973 e 13 de dezembro de 1975. Devido à falta de mais pedidos, a linha de produção do jato foi encerrada em 15 de dezembro de 1975, com um total de dois protótipos e 10 aviões de série produzidos.