Curiosidades

Saint Exupéry em Florianópolis / Aeronaves compostas

Por Santiago Oliver Publicado em 30/07/2014, às 00h00 - Atualizado em 28/06/2017, às 08h38

Saint Exupéry em Florianópolis

Nascido em 29 de junho de 1900, Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry, terceiro filho do conde Jean Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe, foi um escritor, ilustrador e piloto francês, autor de “O pequeno príncipe”, o terceiro livro mais lido do mundo, depois da Bíblia e de “O peregrino”, de Paul Bynyan. Em 17 de junho de 1921, obteve em Rabat o brevê de piloto civil e, em 1926, recomendado por um amigo, o Abade Sudour, foi admitido na Sociedade Latécoère de Aviação (depois conhecida como Aéropostale), onde começou sua carreira como piloto de linha, voando entre Toulouse, Casablanca e Dacar, na mesma equipe de pioneiros como Vacher, Mermoz e Guillaumet. Foi por essa época, quando chefiou o posto do Cabo Juby, no sul de Marrocos, que os mouros passaram a chamá-lo de “Senhor das areias”. Posteriormente, os voos foram prolongados até Buenos Aires, com muitas escalas no litoral da América do Sul, principalmente na longa costa brasileira. Em diversas ocasiões Saint Exupéry passou longos períodos na base que a companhia aérea possuía ao sul da ilha de Florianópolis. Pessoa simples, apesar dos seus ilustres antepassados, Exupéry gostava de ir para o mar com os pescadores e ficou amigo de muitos deles, cujos filhos e netos, até hoje contam as histórias do piloto estrangeiro de nome difícil, que eles chamavam de Zé Perry.

Aeronaves compostas

Com diferentes finalidades, houve várias dessas combinações até a década de 1950. O norte-americano Curtiss F9C Sparrowhawk, da década de 1930, era um exemplo de caça parasita: o pequeno biplano (6,1 m de comprimento e 7,6 m de envergadura) fora projetado especificamente para essa missão e poderia ser transportado por um dirigível ou um bombardeiro. Usado apenas em combinação com dirigíveis, ele saía pendurado de um trapézio e voltava se enganchando nele após uma arriscada manobra. Embora o Sparrowhawk fosse armado, a sua principal função era a de reconhecimento, fornecendo à nave-mãe uma área muito maior de cobertura. O dirigível USS Akron chegou a transportar três unidades em seu amplo interior e, anos depois de ter sido derrubado sobre o mar, mergulhadores descobriram quatro Sparrowhawk no seu hangar. Hoje existe apenas um F9C Sparrwhawk: é o XFC-2 Bu.Aer A9264, exposto no Steven F. Udvar-Hazy Center, pintado como o F9C-2 A9056 do USS Macon.

Short Mayo

O Short Mayo Composite foi uma tentativa britânica de fornecer serviços de correio aéreo de longa distância, utilizando dois aviões acoplados para realizar uma única missão. Era um ousado conceito de aparência bizarra, principalmente para os pilotos, mas funcionava. Durante seu breve momento de glória, no final dos anos 1930, a combinação Short Mayo estabeleceu um recorde de longa distância (9.652 km) para hidroaviões que provavelmente nunca será quebrado. A Short Brothers construiu apenas uma dessas combinações, composta por dois quadrimotores: o menor, carregado apenas com combustível e dois tripulantes, era um S.20, o G-ADHJ “Mercury”, que transferia combustível ao maior, o S.21 G-ADHK, batizado de “Maia”.

Mistel

O Mistel foi uma arma aérea alemã empregada nas fases finais da Segunda Guerra Mundial. Esta arma foi testada em 1943 e usada pela primeira vez em meados de 1944. Era formada por um conjunto de dois aviões. Uma aeronave menor tripulada transportava sob ela outra maior, não tripulada. O aparelho não tripulado era carregado com explosivos, transformando-se então em uma bomba voadora. As primeiras experiências foram realizadas com o avião Focke-Wulf Fw.56 levando o planador de transporte DFS.230. O piloto conduzia a bomba até perto do alvo e então a lançava. O Mistel substituiu o programa Fieseler Fi.103R, que seria uma “bomba voadora kamikaze” alemã. Cerca de 250 Mistel foram construídos e diversas “combinações Mistel” foram tentadas pela Luftwaffe, mas a efetivamente utilizada foi uma entre um Junkers Ju.88A-4 (a bomba) e um Messerschmitt Bf.109F-4.

Goblin

O parasita norte-americano McDonnell XF-85 Goblin (foto) dos anos 1950 é, talvez, o mais conhecido componente de uma aeronave composta. O diminuto jato foi projetado e construído para realizar incríveis missões, transportado dentro de um enorme bombardeiro Convair B-36. Sua bizarra missão nunca foi utilizada operacionalmente, mas ela determinou sua forma: era um monoplano de asa baixa com pequenas asas enflechadas, um gancho retrátil no nariz e uma empenagem em forma de “X”. O jato – cujos testes foram realizados com um Boeing B-29 Stratofortress – voava bem, mas a manobra de recuperação era muito arriscada. Houve vários incidentes, o que levou ao cancelamento do programa. Tanto um XF-85 como um Convair B-36 Peacemaker podem ser vistos juntos no Museu da Força Aérea dos Estados Unidos em Dayton, Ohio, EUA.

Zveno

Tudo o que Goblin tem de conhecido, o Tupolev Vakhmistrov Zveno tem de desconhecido. Ele foi uma das mais esquisitas aeronaves que já voaram. O Zveno foi um dos projetos compostos bombardeiro/caça da série Vakhmistrov, dos anos 1930. Um gigantesco bombardeiro Tupolev TB-3, diferentes combinações de até cinco caças ou bombardeiros leves eram enganchados sob a fuselagem e/ou asas, proporcionando à aeronave a sua própria capacidade de autodefesa. Um esquadrão desta esquisita combinação serviu durante a Segunda Guerra Mundial.

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