Os B-17 Flying Fortress capturados / Gilbert XF-120: dos ares para o cinema / Porta-aviões voador
Por Santiago Oliver Publicado em 29/01/2014, às 00h00 - Atualizado em 30/01/2014, às 00h17
Durante a Segunda Guerra Mundial, após pousos forçados ou quedas em territórios ocupados, cerca de 40 Boeing B-17 Flying Fortress foram capturados e 12 deixados em condições de voo. Com cruzes pretas nas asas e na fuselagem, e suásticas na deriva, os B-17 capturados foram usados para determinar as vulnerabilidades do bombardeiro e treinar os pilotos de caça alemães em novas táticas de ataque. Além disso, com as designações falsas de Dornier Do.200 e Do.288, eles foram usados pela unidade de missões especiais Kampfgeschwader 200 como aviões de longa distância, transportando e lançando agentes e abastecendo pistas de pouso secretas no Oriente Médio e no Norte da África.
Os B-17 foram escolhidos especificamente para essas missões por serem mais apropriados do que os aviões alemães disponíveis. Eles nunca tentaram enganar os Aliados e sempre ostentaram insígnias da Luftwaffe. Um B-17 do KG200, pintado com as cores alemãs foi apreendido pela Espanha quando pousou no aeroporto de Valência, em 27 de junho de 1944, e ficou naquele país até o final do conflito.
Alguns B-17 foram mantidos com suas insígnias originais e acabaram sendo usados pela Luftwaffe para se infiltrarem em formações aliadas e informar a respeito das suas posições e altitudes. Inicialmente, essa prática foi bem-sucedida, mas tripulações das Forças Aéreas do Exército (USAAF) logo desenvolveram procedimentos de primeiro avisar e depois disparar contra qualquer “estranho” que estivesse tentando se juntar a uma formação.
Já no Japão, três B-17 danificados – dois “E” e um “D” – foram restaurados para terem condições de voo. As peças foram retiradas de bombardeiros acidentados nas Filipinas e outros territórios ocupados. Os três aviões foram, então, levados para o Japão, onde passaram por uma profunda avaliação técnica pelo Laboratório de Pesquisas Técnicas da Força Aérea do Exército Imperial Japonesa, para desenvolver táticas de combate e, mais tarde, foram usados em vários filmes de propaganda. Nenhum dos três aviões foi encontrado no Japão pelas forças aliadas de ocupação depois da guerra e se supõe que tenham sido sucateados no final do conflito.
Embora a União Soviética fosse aliada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, ela nunca recebeu bombardeiros B-17 como parte do programa de assistência de material de guerra, mas, pelo menos 73 desses aviões foram adquiridos pelos soviéticos. Eram aeronaves que haviam pousado por problemas mecânicos durante missões de bombardeio sobre a Alemanha, ou que haviam sido danificadas por um ataque da Luftwaffe em Poltava. Sabe-se que 23 aviões foram restaurados para condições de voo e concentrados no 890º Regimento de Bombardeio da 45º Divisão de Bombardeio, mas nunca entraram em combate. Em 1946, o regimento foi destinado à fábrica de Kazan para ajudar no esforço para reproduzir o avançado bombardeiro norte-americano Boeing B-29 Super Fortress, como Tupolev Tu-4, que ficou conhecido pelos aliados como “Bull”.
Está achando alguma coisa estranha nesta foto? Pois é. Embora a fotografia seja verdadeira, nem o fabricante nem o avião jamais existiram. O suposto caça era, na realidade, o protótipo sobrevivente do bombardeiro trimotor Martin XB-51 que faz várias interessantes sequências de voo no filme Toward the Unknown (Rumo ao desconhecido) de 1956, estrelado por William Holden.
Filmado na Base Aérea Edwards, o filme conta a história do major Lincoln Bond (Holden) capturado pelos comunistas durante a Guerra da Coreia. Depois de 14 meses de tortura física e mental, ele é obrigado a “confessar” seus crimes aos efeitos de propaganda. De volta aos EUA e com sua reputação abalada, ele tenta retomar a sua vida, indo procurar emprego como piloto de testes da Base da Força Aérea Edwards onde encontra a sua antiga namorada Connie (Virgina Leith), que, obviamente, não o esqueceu, mas que parece estar namorando o comandante da Base, o general Banner (Lloyd Nolan). Não é difícil prever o final.
Mas, para os amantes da aviação e das aeronaves dos anos 1950, o filme é um prato cheio: Convair C-131 Samaritan e F-102 Delta Dagger, Douglas B-66 Destroyer, Lockheed F-94C Starfire, North American F-100 Super Sabre, Republic F-84F Thunderstreak e Sikorsly H-19D Chickasaw são mostrado no solo e voando. Cenas raramente vistas incluem testes de assentos ejetáveis em uma espécie de trenó de altíssima velocidade, a utilização de um Boeing YKB-29T Superfortress reabastecendo em voo ao mesmo tempo um F-100, um Mc Donnell F-101 Voodoo e um B-66, e um Republic EF-84G Thunderjet sendo lançado de uma plataforma.
Outros aviões que podem ser vistos ao fundo das cenas são Beech C-45 Expeditor, Boeing B-47 Stratojet, Convair B-36 Peacemaker, Douglas C-47 Skytrain, Lockheed T-33 Shooting Star, North American B-25 Mitchell e B-45 Tornado e Republic F-84 Thunderjet. O Bell X-2 e sua aeronave-mãe Boeing EB-50D e os Douglas D-558-2 Skyrocket e X-3 Stiletto são também destacados como aviões experimentais que estavam sendo testados naquela época.
É interessante prestar atenção no mock-up do Convair XF-92 utilizado nas primeiras cenas do filme, para mostrar, já no solo, um F-102 (que era bem maior) que pousa em emergência durante um teste de voo noturno, mostrado várias vezes enquanto William Holden entra na base. A sequência final é de um show realizado naquela base pelos Thunderbirds, em 1955. Voando com aviões Republic F-84FR Thuderstreak.
O Curtiss F9C Sparrowhawk foi projetado para atender às necessidades da Marinha dos Estados Unidos nos anos 1930 de contar com um avião de caça embarcado nos porta-aviões da época sem ter a necessidade de dobrar as asas. Todos os concorrentes foram rejeitados pela US Navy, mas o Sparrowhawk foi considerado adequado para operar no seu novo e gigantesco dirigível, o USS Akron.
Inacreditavelmente, a aeronave de 240 m de comprimento, que havia sido projetada para missões de reconhecimento marítimo estratégico, possuía um hangar dentro dele, e lá havia espaço para quatro F9C.
Os aviões eram lançados e recuperados utilizando um trapézio, que era baixado pelas grandes portas que se abriam na parte inferior do Akron. Tendo entrado em serviço em setembro de 1932, o caça tinha um gancho fixado sobre a fuselagem e, uma vez enganchado no trapézio, o avião era levantado até dentro do hangar, sem ter a necessidade de dobrar as asas do pequeno avião. O Sparrowhawk manteve o trem de pouso convencional padrão, mas testes foram realizados substituindo o trem de pouso por um tanque de combustível extra. A perda do Akron e da sua aeronave irmã, o Macon, em 1933 e 1935, respectivamente, representaram o fim dessa única manifestação do poder aeronaval.