Emirates Airline completa cinco anos do voo inaugural entre Dubai e São Paulo, o primeiro ligando o Oriente Médio à América do Sul
Santiago Oliver Publicado em 03/10/2012, às 08h48 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A maior companhia aérea do Oriente Médio completa neste mês de outubro cinco anos de atividade no Brasil. A Emirates Airline, que opera no país desde 2007, quando realizou seu primeiro voo sem escalas entre Dubai e São Paulo, hoje também cumpre viagens do Rio de Janeiro e missões cargueiras. A rota para São Paulo recebeu atenção especial antes que fosse lançada. No final de 2001, a Emirates iniciou os estudos para realizar os longos voos entre as duas capitais, e o primeiro ocorreu em 1º de outubro de 2007, inaugurando um serviço de seis frequências semanais, a primeira ligação aérea non-stop entre o Oriente Médio e a América do Sul. Esses voos se tornaram diários em 4 de julho de 2008 e, em 3 de janeiro último, começaram os voos diretos diários entre Dubai e o Rio de Janeiro, seguindo até Buenos Aires. Todos os voos da Emirates para o Brasil são realizados com aeronaves Boeing 777-300ER com capacidade para 354 passasgeiros. Esses aviões estão configurados em três classes: a primeira tem oito poltronas em fileiras de quatro (1+2+1); a executiva conta com 42 poltronas em seis fileiras de sete poltronas (2+3+2); e a econômica transporta 304 passageiros em fileiras de 10 poltronas (3+4+3).
O voo EK262 parte de São Paulo todos os dias à 1h25 e chega a Dubai às 21h15. Na volta, o EK261 decola às 10h15 e pousa no Aeroporto Internacional André Franco Montoro em Guarulhos, São Paulo, às 19h30. O voo EK247 parte de Dubai diariamente às 7h05 e chega ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, às 15h37. Sai às 17h23, chegando ao Aeroporto Internacional Ministro Pistarini (Ezeiza), em Buenos Aires, às 19h30. De Buenos Aires, o voo EK248 decola às 21h30, pousando no Rio à 1h20 do dia seguinte. A aeronave sai do Rio às 3h10 e chega a Dubai às 22h53.
As atividades de carga são realizadas pela Emirates SkyCargo, do Grupo Emirates. O primeiro voo semanal entre Campinas (Aeroporto de Viracopos) e Dubai foi realizado em 1º de novembro de 2010, um mês mais tarde começaram as duas frequências semanais e, em 16 de setembro de 2011 tiveram início os atuais três voos semanais. Os voos cargueiros são realizados com uma aeronave Boeing 777F, com capacidade para 103 toneladas, mas a SkyCargo também oferece espaço nos Boeing 777-300ER, que fazem os voos de passageiros para Dubai saindo de São Paulo e do Rio de Janeiro. A Emirates conta com 42 funcionários nos escritórios de São Paulo, incluindo os do aeroporto, e 26 pessoas no Rio de Janeiro. Globalmente, a Emirates tem 618 funcionários brasileiros, sendo que 442 são membros da tripulação e 80 são pilotos.
EMPURRÃO INICIAL
Baseada no Dubai International Airport, em Dubai, nos Emirados Árabes, a Emirates é a maior companhia aérea do Oriente Médio porque opera mais de 2.500 voos semanais partindo - desde outubro de 2008 - do Terminal 3 para 125 destinos em 74 países em seis continentes. A companhia também opera quatro dos mais longos voos sem escalas do mundo, de Dubai para Los Angeles, San Francisco, Dallas e Houston. Emirates e Sky Cargo são subsidiárias do Emirates Group, que conta com mais de 62.700 funcionários e pertence inteiramente ao governo de Dubai.
Em meados dos anos 1980, a companhia aérea Gulf Air, do reino de Barém, começou a diminuir os serviços para Dubai e, como resultado, em março de 1985, foi criada a Emirates, com o apoio da família real de Dubai. A Dubai Royal Air Wing (companhia aérea do governo de Dubai) forneceu dois dos primeiros aviões e US$ 10 milhões como capital inicial, mas deveria operar sem subsídios do governo. Desde então, a companhia aérea aumentou constantemente tanto a sua frota quanto a sua rede de rotas.
Emirates opera uma frota mista de aeronaves Airbus e Boeing, e é uma das nove companhias aéreas do mundo a operar exclusivamente com widebodies, possuindo as maiores frotas do mundo de jatos Airbus A380 e Boeing 777. A companhia aérea chegou a comprar mais de 130 jatos, apenas em 2007. Emirates está entre as 10 maiores companhias aéreas do mundo no que se refere à receita e a passageiros por quilômetro transportado (passageiros/km), e é a maior empresa do Oriente Médio em termos de receita, frota e passageiros transportados desde 2007. Em 2011, a Emirates foi a quarta maior companhia aérea do mundo em passageiros internacionais transportados e a maior do mundo em passageiros/km internacionais regulares transportados.
OS PRIMEIROS ANOS
A Emirates iniciou suas operações em 25 de outubro de 1985 com um voo entre Dubai e Carachi, no Paquistão. A frota era composta por dois Boeing 727-200 fornecidos pela companhia aérea da família real de Dubai e dois aviões arrendados da Pakistan International Airlines: um Boeing 737-300 e um Airbus A300B4, ambos devolvidos em 1987.
Baseada no Dubai International Airport, a Emirates voa para 125 destinos em 74 países em seis continentes |
FROTA EM OPERAÇÃO | ||
AERONAVE | EM OPERAÇÃO | ENCOMENDADOS |
Airbus A330-200 | 26 | |
Airbus A340-300* | 6 | |
Airbus A340-500 | 10 | |
Airbus A350-900 | 50 | |
Airbus A350-1000 | 20 | |
Airbus A380-800 | 23 | 67 |
Boeing 777-200 | 3 | |
Boeing 777-200ER | 6 | |
Boeing 777-200LR | 10 | |
Boeing 777-300 | 12 | |
Boeing 777-300ER | 77 | 55 |
Boeing 777F** | 4 | |
Boeing 747-400F** | 2 | |
Boeing 747-400ERF** | 2 | |
Total para passageiros | 183 | 202 |
Total para carga | 8 | |
Total geral | 191 |
Maurice Flanagan, que havia trabalhado na British Airways, na Gulf Air e na BOAC, foi nomeado diretor executivo da nova companhia aérea, tendo como presidente Sheikh Ahmed bin Saeed Al Maktoum, que assumiu o cargo de CEO, quando Sir Maurice Flanagan assumiu o posto de vice-presidente executivo da Emirates.
A companhia aérea se tornou rentável nos seus primeiros nove meses de existência. Durante o primeiro ano, ela transportou cerca de 260.000 passageiros e 10.000 toneladas de carga. No ano seguinte, foram acrescentados quatro destinos à sua rede de rotas e, em 1987, um segundo Boeing 727-200 do governo de Dubai, e o Airbus A300 foi temporariamente substituído por um segundo exemplar da Kuwait Airlines. Em 3 de julho, a Emirates comprou o seu primeiro avião, um Airbus A310 e, no dia 6, lançou os voos diários sem escalas para Londres (Gatwick) e também os voos para Frankfurt via Istambul e Malé (Maldivas).
Novos destinos eram acrescentados continuamente e, durante a sua primeira década de operações, a empresa apresentou uma média de crescimento anual de 30%. No início dos anos 1990, a Emirates era uma das companhias aéreas de mais rápido crescimento no mundo, com receitas anuais de aproximadamente US$ 100 milhões. As razões para o rápido crescimento foram uma agressiva política de marketing e o alto nível do serviço de bordo nos seus novos Airbus, com distância entre os assentos maior do que a das empresas concorrentes. Em 1992, por exemplo, instalou TVs individuais em todos os assentos, com as poltronas da primeira classe sendo equipadas com vídeo players. Em 1993, quando a receita foi de US$ 500 milhões, a companhia aérea transportou 1,6 milhão de passageiros e 68.000 toneladas de carga. A Guerra do Golfo favoreceu a Emirates, pois manteve as outras companhias aéreas fora da área.
Em 1993, a Emirates começou a oferecer voos de volta ao mundo, após estabelecer uma parceria com a US Airways. Nessa época, a Emirates já era a sexta maior companhia aérea do Oriente Médio e, no final daquele ano fiscal, que terminou em 30 de março, a Emirates teve uma receita de US$ 643,4 milhões. Na época, a Emirates empregava 4.000 pessoas. Em 1995, a companhia aérea aumentou a sua frota para seis Airbus A300 e oito A310, que voavam para 37 destinos em 30 países. Então, em 1996, a companhia recebeu seu primeiro Boeing 777-200, seguido logo depois por seis 777-200ER. A companhia aérea de Dubai foi a primeira a introduzir as fileiras de 10 assentos, usando a configuração 3+4+3, em lugar das 3+3+3 e 2+5+2 usadas pelas outras empresas. A Emirates Sky Cargo foi lançada em 1998 e, em 1999 foi recebido o primeiro dos 26 Airbus A330-200, que substituíram os A300 e A310 da Emirates Airline.
BOEING ENTREGOU O MILÉSIMO TRIPLO SETE PARA A EMIRATES. A EMPRESA VOA PARA O BRASIL COM UM 777-300ER |
11 DE SETEMBRO E SRI LANKA
Nos primeiros meses do ano 2000, a Emirates fez uma encomenda de 25 Boeing 777-300, oito A340-600, três A330-200 e 22 A3XX, que mais tarde receberiam o nome de A380. Em 2002, foram transportados 6,8 milhões de passageiros, número 18% maior que no ano anterior. O ano fiscal 2001-2002 foi muito difícil para a Emirates e, sem dúvida, um dos piores. No início, as vendas se viram afetadas por uma recessão e, mais tarde, tragicamente influenciada pelo bombardeio ao aeroporto de Colombo, 300ERno Sri Lanka. Ele destruiu três e danificou outras três das 12 aeronaves da SriLankan Airlines, da qual a Emirates possuía 43,6% das ações. Poucos meses mais tarde, os ataques de 11 de Setembro, em Nova York, prejudicaram bastante a companhia. De acordo com a Emirates, milhares de passageiros cancelaram ou adiaram as suas viagens e, para completar, a companhia precisou conseguir capital para uma cobertura de seguro multibilionária, quando dispararam as taxas das seguradoras. O aproveitamento caiu consideravelmente e a rentabilidade desapareceu. A companhia aérea não fez demissões, mas congelou os recrutamentos e frequências foram reduzidas para vários destinos.
Por outro lado, a Emirates se beneficiou do fato de algumas companhias aéreas terem suspenso seus voos para Dubai, em razão da instabilidade da região. A baixa concorrência ajudou em algumas rotas. Apesar das dificuldades econômicas da indústria aeronáutica, a Emirates foi escolhida Companhia Aérea do Ano, no Skytrax World Airline Awards de 2001 e 2002.
No Paris Air Show de 2003, a Emirates assinou uma encomenda de 71 aviões por US$ 19 bilhões, incluindo a compra de mais 21 e o leasing de dois Airbus A380-800. A empresa aérea também anunciou uma encomenda, via leasing operacional, de 26 Boeing 777-300ER.
Em 2004, a companhia aérea começou a voar sem escalas para Nova York, usando seus novos Airbus A340-500, reassumindo assim os voos sem escalas entre os Estados Unidos e os Emirados Árabes. No mesmo ano, Emirates assinou um contrato de 100 milhões de libras com a equipe inglesa de futebol Arsenal, pelo qual o seu nome apareceria como patrocinadora nas camisas durante oito anos - começando na temporada 2006/2007 - e teria, durante 15 anos, direitos sobre o nome do seu novo estádio, o Ashburton Grove, localizado em Islington, no norte de Londres, que foi chamado de Emirates Stadium, ou simplesmente o Emirates.
FROTA FORA DE OPERAÇÃO | ||
AERONAVE | QUANTIDADE | OPERAÇÃO |
Airbus A300B4 | 1 | 1985-1988 |
Airbus A300-600R | 6 | 1989-2002 |
Airbus A310-300 | 11 | 1987-2007 |
Boeing 727-200 | 3 | 1985-1994 |
Boeing 737-300 | 1 | 1985-1987 |
BALANÇOS FINANCEIROS | |||
EMIRATES AIRLINE | 2011-2012 | 2010-2011 | VARIAÇÃO |
Receita | US$ 17 bilhões | US$ 14 bilhões | + 14,9% |
Lucro líquido | US$ 309 milhões | US$ 1.5 bilhão | - 72.1% |
Passageiros transportados | 34 milhões | 31,4 milhões | + 8% |
Taxa de ocupação | 80% | 80% | 0 |
Receita da SkyCargo | US$ 2,6 bilhões | US$ 2,4 bilhões | + 8,4% |
Carga transportada (ton) | 1,8 milhão | 1,8 milhão | 1,7% |
Em 2005, Emirates encomendou 42 Boeing 777 em uma negociação de US$ 9,7 bilhões, a maior encomenda da história da Boeing e, um ano mais tarde, a Emirates SkyCargo assinou uma encomenda de 10 Boeing 747-8F, por US$ 2,8 bilhões.
Nos últimos anos, Emirates vem conquistando o tráfego do Sudeste Asiático para a América do Norte, permitindo aos passageiros fazerem apenas uma parada no Aeroporto Internacional de Dubai, em lugar de passar pelos tradicionais hubs europeus de London-Heathrow, Paris-Charles de Gaulle ou Frankfurt. O Paquistão foi o primeiro país a receber voos da Emirates, que hoje voa para quatro destinos. O segundo foi a Índia e, hoje, com mais de 185 voos semanais para 10 destinos, a sua participação no país não para de crescer. Outro destaque da Emirates é a sua participação na lucrativa rota Londres-Sidney, conhecida como "Rota Canguru", na qual concorre, entre outras, com British Airways, Cathay Pacific, Malaysia Airlines, Qantas, Singapore Airlines, Thai Airways International, Middle Eastern, Etihad Airways e Qatar Airways.
LIGAÇÃO SUL-AMERICANA
No Dubai Air Show de 2007, a Emirates fez encomendas que somavam US$ 34,9 bilhões, assinando contratos para 120 Airbus A350, 11 A380 e 12 Boeing 777-300ER, e, no mesmo ano, iniciou os voos para São Paulo, o que representou o primeiro voo sem escalas entre o Oriente Médio e a América do Sul, e também iniciou as operações do seu Flight Catering Center no Aeroporto de Dubai, no qual havia investido US$ 120 milhões. A Emirates inaugurou um serviço de telefonia móvel a bordo em 2008, tornando-se a primeira companhia aérea internacional a fazê-lo. Naquele ano, também recebeu seu primeiro A380 e fez o seu voo inaugural para Nova York.
Em 2009, a empresa tornou-se a maior operadora de Boeing 777, com a entrega da 78ª aeronave e, em 2010, no Farnborough Airshow, fez uma encomenda de mais 30 jatos 777, por um valor de US$ 9,1 bilhões, levando o total gasto com essa aeronave para mais de US$ 25 bilhões. Mas as coisas não pararam por aí: no ano seguinte, no Dubai Airshow, a companhia aérea fez a maior encomenda já feita à Boeing: mais 50 aeronaves 777, por US$ 18 bilhões. Em fevereiro de 2011, a Emirates recebeu o título de "Companhia Aérea do Ano", outorgado pela revista Air Transport World. O prêmio foi concedido levando em conta o seu compromisso com segurança e excelência operacional, serviço ao cliente e condição financeira, o que inclui lucro anual por 22 anos consecutivos. No mesmo ano, a companhia aérea recebeu o seu 102º Boeing 777-300ER, que foi a milésima célula produzida dessa aeronave.
A EMIRATES FOI A PRIMEIRA A CONFIRMAR A ENCOMENDA DE AVIÕES A380 À AIRBUS, EM 2000 |
O rápido crescimento da Emirates gerou muitas críticas de companhias aéreas como a Lufthansa e a Air Canada, membros da Star Alliance, segundo as quais a companhia aérea de Dubai tinha vantagens injustas. A Lufthansa pressionou o governo alemão para que limitasse a expansão da Emirates no país, e não permitisse as operações para Berlin e Stuttgart. Da mesma forma, a Air Canada objetou a expansão da Emirates no Canadá.
Em 6 de setembro de 2012, foi anunciado que a Emirates e a Qantas haviam assinado um acordo de 10 anos para criar uma importante aliança, que prevê a mudança do hub dos voos europeus da Qantas de Singapura para o Terminal 3 do Aeroporto de Dubai. Além disso, a partir de março de 2013, terminará o acordo de 17 anos de compartilhamento de lucros da Qantas com a British Airways nos voos entre a Austrália e a Grã-Bretanha. Emirates utilizará essa aliança para aumentar o número de passageiros que voam nas suas rotas para outros destinos europeus. Os passageiros da Emirates poderão também usar a rede de mais de 50 destinos domésticos da Qantas. A companhia aérea australiana voará diariamente com Airbus A380 de Sidney e Melbourne para Londres via Dubai, o que significa que as duas companhias aéreas terão 98 voos semanais entre a Austrália e o hub da Emirates. As companhias aéreas alinharão seus cartões de milhagem e a Emirates acrescenterá um cartão ao seu programa Skywards, que será equivalente ao nivel Platinum da Qantas.