Reportagem sugere que país estaria trabalhando na engenharia reversa do 747
Redação Publicado em 07/12/2013, às 11h03 - Atualizado às 11h48
Um artigo recente da Newsweek sugeriu que os chineses estão perto de copiar um 747.
Segundo a reportagem, assinado pelo jornalista Hugh Gallagher, a China está trabalhando na engenharia reversa do 747-400. Ele afirma que num encontro, num bar em Bangkok, conversou com um piloto americano, que voa regularmente para xeiques, CEOs de grandes empresas e outros milionários, que confidenciou um de seus últimos trabalhos.
De acordo com o depoimento, o piloto foi contratado por uma metalúrgica de Cingapura para realizar alguns voos até uma cidade no interior da China. Entre os passageiros estavam engenheiros e metalúrgicos, que tinham como objetivo auxiliar na engenharia reversa de um novo projeto chinês. No hangar, supostamente, havia oito aviões, mas os outros quatro estavam meticulosamente desmontados em um universo de peças espalhadas em grandes espirais que tomavam todo o hangar. Os engenheiros, em posse de transferidores, réguas, pranchetas e smartphones, estavam medindo cada centímetro dos aviões dissecados, catalogando até mesmo o comprimento e espessura dos parafusos. Ao que tudo indica, a China está trabalhando para construir sua própria versão do 747.
A engenharia reversa chinesa não é novidade, já que sem pudores os chineses copiam sem licença e sem qualidade uma infinidade de produtos, que vão de simples tênis até aviões. Na década de 1970, a China copiou, de forma extremamente grosseira, um 707. O modelo batizado de Shanghai Y-10 foi “criado” pelo Shanghai Aircraft Research Institute e sofreu uma série de modificações. Entretanto, analistas acreditam que o único exemplar apresentado era na verdade um Boeing 707 que sofreu algumas modificações visando ser utilizado apenas na propaganda socialista. O motivo seria a incapacidade dos engenheiros na ocasião em copiarem um projeto tão complexo. Mais recentemente, já com elevado know-how em pirataria, a China lançou uma série de projetos baseados em modelos russos. Entre os quais se destaca Shenyang J-11B, baseado no Sukhoi SU-27SK.
Confira o modelo Y-10!
Para um leigo, é difícil diferenciar a versão original da cópia chinesa. Ainda assim, o governo chinês afirmou recentemente que o J-11B é um projeto totalmente desenvolvido na China, sem qualquer ligação com projetos existentes. Em 1995, a China firmou um acordo para produzir sob licença 200 Sukhoi Su-27SK, que foram designados J-11A. O acordo previa que a estrutura seria produzida por empresas chinesas, enquanto os radares, motores e sistemas seriam importados da Rússia. Entretanto, os russos cancelaram o acordo em 2006, quando os serviços de inteligência de Moscou descobriram que a China estava desenvolvendo uma versão local denominada J-11B equipada com aviônica e sistemas chineses. Desde então, a propriedade intelectual vem gerando alguns atritos entre os dois países. Outro exemplo de pirataria é o Xian MA60, baseado numa série de projetos oriundos do Antonov An-24. O turbo-hélice chinês obteve relativo sucesso em países subdesenvolvidos, onde a China possui influência política e comercial.
Além disso, a China lançou em meados da década de 2000 o Comac ARJ21, modelo criado a partir de gabaritos da família MD-80, que chegaram a ser parcialmente montados na China. O modelo desde então vem sofrendo para ser homologado pelas autoridades chinesas, que pela primeira vez utilizam metodologias baseadas no FAR 21 e 23, da FAA. O AR21 não obteve nenhum índice de confiabilidade e a certificação vem sendo postergada. Caso o artigo da Newsweek seja confirmado, fica claro que a China ainda não dispõem de conhecimento e tecnologia para desenvolver nenhum projeto aeronáutico próprio. O que pode ser uma vantagem para a indústria ocidental, que terá mais uma ou duas décadas de folga até encarar o poderio industrial chinês, com seus produtos com preços acessíveis.