A operação pode ser a mais árdua na indústria da aviação
Por Ernesto Klotzel Publicado em 27/04/2017, às 10h03 - Atualizado às 10h52
Peter Bellew, o mais recente CEO da companhia aérea – ele é o terceiro em menos de três anos – está supervisionando o ressurgimento da empresa que foi nacionalizada após a perda de dois jatos com centenas de passageiros em dois acidentes esperados em 2014. Bellew tem ideias claras sobre o que deve ser feito: inclui baixar os custos, e transformar sua frota de jatos Airbus A380 em charters para peregrinos muçulmanos. “Eu acho que será a maior reviravolta na história da aviação ou até do mundo dos negócios” disse Bellew em entrevista.
A Malaysia Airlines foi a primeira aérea a contratar o novo serviço de rastreamento por satélite. As mudanças recentes têm sido dramáticas, com a redução de cerca de 6.000 postos de trabalho e cancelamento da maioria das rotas de longo alcance para focar os voos dentro da Ásia. “Não acredito que as pessoas nos Estados Unidos ou Europa compreendem a economia de escala que ocorre aqui” disse Bellew, ex-executivo da low-cost Ryanair da Irlanda. Ele vê a Malaysia crescendo como hub de trânsito para o resto da região.
A reconfiguração das cabines do A380 é um de seus trunfos: no próximo ano, seis super jumbos serão oferecidos para voos charter por grupos que organizam as peregrinações Haji e Umrah à Meca na Arábia Saudita. Essas aeronaves poderão transportar até 715 passageiros, em classe executiva, áreas para rezar e zonas para a lavagem dos pés e das mãos. “Estamos tentando atrair 5% a 6% do mercado global, em constante crescimento” disse Bellew. “As pessoas economizam durante 30 a 40 anos para a peregrinação. Nossa oferta já começa a gerar grande interesse”.
Para os negócios principais da companhia, Bellew procura equilibrar a necessidade de cortar custos com o restabelecimento da Malysia como uma marca Premium. A reconquista de passageiros está tendo sucesso. No final de 2016, fator de carga (load factor), medida do aproveitamento dos assentos foi o mais alto em uma década. “O mundo ama a marca Malaysia Airlines” afirma Bellew. "É um ativo que a companhia não pode abandonar neste momento”.