CEO da Emirates decreta o fim dos quadrimotores 747 e A380

Tim Clark acredita que no futuro os voos de longo curso será exclusivo dos bimotores

Por Edmundo Ubiratan Publicado em 07/05/2020, às 12h00 - Atualizado às 12h36

Pandemia pode ser antecipado aposentadoria precoce dos Airbus A380 em todo o mundo

“Sabemos que o A380 acabou”, foi de maneira enfática que o poderoso CEO da Emirates Airlines, Tim Clark selou o futuro do gigante da Airbus. Considerado o maior defensor do super jumbo europeu, Clark acredita que o efeito imediato da pandemia da COVID-19 deverá impedir a manutenção do avião por muito tempo na frota da maioria das empresas do mundo.

Com a redução da demanda global esperada para os próximos meses, somado as vultuosas perdas das últimas semanas, as companhias aéreas deverão maximizar seus recursos, especialmente de frota, optando por modelos mais eficientes.

 

O uso de aeronaves de dois motores em rotas de longo e ultralongo alcance se tornou uma realidade desde o início da década, justamente quando o deveria ter iniciado seu domínio nas principais rotas internacionais. A crise financeira de 2008, aliado a alta no preço do barril de petróleo, tornou o uso de aviões quadrimotores, incluindo o 747, pouco rentável na maioria dos destinos.

A Emirates Airline sempre defendeu o uso premium do A380, oferecendo cabines luxuosas e com serviços exclusivos para o modelo, algo adotado pelas rivais Árabes, mas pouco adotado pelos operadores da Europa e Ásia, com exceção da Singapore Airlines. Com um produto com serviço próximo dos bimotores, como os Boeing 777 e 787, e agora ao Airbus A350, a maior parte dos passageiros, mesmo de primeira classe, optaram por serviços dentro de um preço competitivo.

Emirates formalizou no final de 2019 um pedido para os Airbus A350 XWB

O CEO da Emirates, em entrevista ao periódico árabe The National, afirmou que o uso do A380 e 747 está próximo do fim, mas que acredita no potencial de crescimento das frotas de A350 e 787, que podem oferecer grande conforto em voos de longo curso. Curiosamente, o executivo não citou o Boeing 777X, o qual a Emirates é ainda o principal cliente. Analistas colocam em duvidas o futuro do novo avião, que não conseguiu deslanchar nas vendas e ainda compete de forma direta com a família 787. Ainda que com menor capacidade, o 787 oferece grande flexibilidade, podendo ser empregado tanto em rotas de médio curso e média capacidade, quanto em voos de ultralongo alcance ou elevada demanda. No Dubai Air Show 2019 a Emirates assinou um novo acordo com a Airbus, prevendo a compra de cinquenta A350-900.

Recentemente a Singapore Airlines enviou parte de seus A380 para estocagem na Austrália, enquanto a Air France anunciou que poderá antecipar a aposentadoria do modelo. O futuro dos quadrimotores poderá ficar restrito ao uso do 747 em voos cargueiros, até a chagada dos primeiros 777-300ER convertidos poder encerrar a era dos gigantes de quatro motores no mundo.

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