Brasil implementa novo sistema para tráfego aéreo

Brasil adota sistema que permitirá reduzir separações entre aeronaves e ampliar a segurança nos voos sobre o Atlântico Sul

Por Marcel Cardoso Publicado em 03/10/2025, às 19h03

Primeira fase do sistema PBCS estará operacional no espaço aéreo Atlântico Sul até 2026 - Boeing

O Brasil deu início à implantação ao novo sistema de gerenciamento do tráfego aéreo sobre Atlântico Sul. A implementação segue às diretrizes da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês), sendo coordenada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo.

O sistema PBCS (Performance-Based Communication and Surveillance) permitirá os aviões que cruzam o Atlântico voarem mais próximos, aumentando a capacidade do espaço aéreo e possibilitando rotas mais diretas entre América do Sul, Europa e África.

FIR Atlântico

O Brasil é responsável por controlar a FIR Atlântico, uma das maiores regiões de informação de voo (FIR) do mundo, que concentra rotas estratégicas para o tráfego aéreo intercontinental entre três continentes. Por questões práticas não é possível instalar radares e rádios convencionais no meio do oceano, o que até então exigia grandes separações entre aeronaves.

Com o PBCS, a FIR Atlântico adota padrões internacionais de comunicação e vigilância, respondendo assim ao aumento da demanda global e reforça a posição do Brasil como protagonista no desenvolvimento da aviação civil.

Parâmetros técnicos de desempenho

O PBCS exige o cumprimento de dois padrões internacionais:

A comunicação digital deverá ser entregue em menos de quatro minutos, com confiabilidade superior a 99%, enquanto os dados de posição deverão chegar em menos de três minutos. O sistema também amplia o uso de mensagens de texto entre piloto e controlador e reforça a aplicação do ADS-C, que transmite automaticamente posição e rota prevista da aeronave.

Segundo o Decea, a fase 1 do projeto, prevista até o fim de 2026, permitirá reduzir pela metade as separações mínimas entre aeronaves voando na FIR Atlântico.

Impactos operacionais

A Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) destaca que o sistema reforça a segurança operacional, previne incidentes e garante maior previsibilidade no tráfego aéreo.

Além da segurança, o PBCS traz ganhos de eficiência e sustentabilidade: rotas mais curtas reduzem o consumo de combustível e as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para os compromissos do Brasil com a descarbonização.

O PBCS representa um marco para a aviação civil brasileira. O Brasil está adotando um padrão internacional que amplia a segurança, garante mais eficiência nas rotas e fortalece a conectividade do Brasil com outros países", disse Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos. 

Integração aos padrões globais

A adoção do PBCS integra-se aos programas de modernização da infraestrutura aeroportuária brasileira e harmoniza a regulação nacional aos parâmetros definidos pela ICAO.

Segundo o  Ministério de Portos e Aeroportos, o sistema amplia a credibilidade do país no cenário internacional e fortalece a participação do Brasil nas principais rotas transatlânticas da aviação civil global.

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