Acordo prevê a compra de 36 Gripen NG e inclui o desenvolvimento do Gripen F no país
Redação Publicado em 27/10/2014, às 15h00 - Atualizado às 15h18
O Governo Brasileiro e a Saab assinaram, por meio do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica, o contrato de desenvolvimento e produção para 36 aviões Gripen NG.
O valor total do contrato é US$ 5,4 bilhões, ante o valor original de US$ 4,5 bilhões inicialmente previsto em dezembro do ano passado. O contrato final envolve também o treinamento de pilotos e mecânicos brasileiros na Suécia e apoio logístico. Também foi assinado o contrato com os termos de cooperação industrial e transferência de tecnologia substancial da Saab para a indústria brasileira.
“Nós iremos transferir tecnologia e a capacidade de projetar e construir caças”, afirmou Håkan Buskhe, Presidente e CEO da Saab.
O programa é composto por 28 caças monoposto e oito caças de biposto do Gripen NG. De acordo com o contrato, o Brasil participará ativamente do desenvolvimento do Gripen NG e será o sócio responsável pelo desenvolvimento da versão F (biposto), que poderá ser empregada para treinamento de pilotos e missões especiais, como guerra eletrônica.
Segundo cláusulas contratuais, a transferência de tecnologia para a indústria brasileira será feita gradualmente ao longo de aproximadamente 10 anos, tempo médio do desenvolvimento completo do programa F-X2.
O contrato de cooperação industrial entrarão em vigor uma vez que certas condições estejam cumpridas. Estas incluem, entre outras, as autorizações necessárias de controle de exportação. Todas essas condições deverão ser cumpridas durante o primeiro semestre de 2015. As entregas do Gripen NG para a Força Aérea Brasileira acontecerão entre 2019 e 2024.
De acordo com o brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, presidente da COPAC (Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate), a assinatura ocorreu após dez meses de intensas negociações contratuais. “Nós atualizamos a proposta. Trouxemos os requisitos para um cenário mais moderno”, explicou.
O desenvolvimento e produção do Gripen NG possibilitará ainda a geração de milhares de empregos diretos e indiretos no país.
“Estamos orgulhosos de estar lado a lado com o Brasil nesse importante programa” disse Marcus Wallenberg, presidente do Conselho de Administração da Saab. “Já existe uma longa história de sucesso da cooperação industrial entre os dois países, e este acordo histórico leva essa parceria a um novo nível" conclui.
O Gripen NG representa um salto tecnológico e operacional a Força Aérea Brasileira, incorporando tecnologias inéditas no país, como o radar Raven ES-05, capaz de identificar alvos aéreos ou de superfície a um ângulo de 100 graus da sua antena. Outro destaque é o sensor de busca infravermelho e datalink, que possibilita a troca de informações entre os aviões de forma segura e criptografada. Quando entrar em serviço o Gripen NG também será o único caça do Hemisfério Sul com capacidade de supercruise, ou seja, poderá voar supersônico por longas distâncias sem o uso continuo dos pós-combustores.
“Há mais de 18 anos nós esperamos por esse momento. E com certeza vai inaugurar uma nova era operacional para a aviação de caça no Brasil”, disse o brigadeiro Alvani.
“O contrato com o Brasil valida o Gripen como o sistema de combate mais capaz e moderno no mercado”, exalta Buskhe.
Conforme esperado, a Embraer terá um papel de liderança como o parceiro estratégico no programa F-X2 e deverá conduzir grande parte do projeto, incluindo a montagem final do Gripen NG. A indústria brasileira em geral também terá um papel importante no desenvolvimento dos novos caças, incluindo empresas de alta tecnologia como AEL, Akaer, Atech e SBTA. "Vai ser um salto, não apenas para a Embraer, mas para a nossa indústria em geral", afirmou o brigadiero Alvani Adão da Silva, diretor do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial).
Gripen C/D
O Ministério da Defesa confirmou que prosseguem as negociações entre a FAB e a Força Aérea da Suécia para o aluguel temporário de um lote de Gripen C/D. As aeronaves, usadas, serão empregadas no restabelecimento da plena capacidade de defesa aérea brasileira e permitirão os militares se familiarizarem com a filosofia de emprego do novo avião. O plano original é utilizar os Gripen C/D até o recebimento das aeronaves novas. Porém, fontes na FAB confirmam que existe o interesse de posterior compra desses aviões para serem destinados a outras unidades aéreas, substituindo assim os veteranos F-5EM com custo menor e dentro da filosofia de emprego de uma plataforma unificada.
O governo brasileiro ainda avalia a ampliação do contrato do Gripen NG, que numa segunda fase, poderá contemplar a compra de até 120 caças, substituindo assim todos os F-5EM e A-1M no médio prazo.
A compra de um lote superior aos 100 aviões é visto como estratégico para a indústria de defesa brasileira e para a soberania nacional. Porém, o assunto não será discutido antes do início das entregas do Gripen NG.