O governo de Donald Trump estaria inclinado a modificar partes do acordo, o que pode reduzir o impacto da punição à Boeing
Por Marcel Cardoso Publicado em 25/03/2025, às 09h32
A Boeing está negociando com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) para revisar o acordo de confissão de culpa relacionado aos dois acidentes fatais envolvendo os 737 MAX da Lion Air e da Ethiopian Airlines, entre os anos de 2018 e 2019.
O fabricante apresentou a confissão formal ao órgão em 2023, mas o acordo foi rejeitado por um juiz federal em dezembro do mesmo ano. Com isso, ambas as partes retomaram as discussões para possíveis ajustes no acordo.
Segundo o The Wall Street Journal, a Boeing busca um tratamento mais brando sob a nova administração do DOJ, depois que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos. Segundo fontes à publicação, o governo norte-americano estaria inclinado a modificar partes do acordo, o que pode reduzir o impacto da punição à empresa.
Atualmente, o fabricante e o DOJ estão em negociações para revisar os termos, e a expectativa é de que um veredicto seja anunciado até 11 de abril.
No acordo original, a Boeing deveria investir mais de US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões) em melhorias de segurança e conformidade. Em julho de 2024, a Boeing e o DOJ solicitaram ao Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte do Texas que aceitasse a confissão de culpa, após a empresa ser acusada de violar um acordo de acusação suspensa. Durante esse período, a fabricante estava em "liberdade condicional corporativa" de três anos.
Pouco antes do fim deste período, um 737 MAX 9 da Alaska Airlines sofreu despressurização em voo, levantando novas preocupações sobre os processos de fabricação da empresa. Como resultado, o DOJ abriu uma nova investigação, concluindo que a Boeing não cumpriu integralmente os termos e não atingiu os padrões esperados de conformidade.
A investigação criminal pode representar um novo desafio para a Boeing, já que ser classificada como uma "criminosa corporativa" pode dificultar sua participação em contratos de defesa. Para evitar esse status, a empresa aceitou se declarar culpada por conspiração para fraudar a função do grupo de avaliação de aeronaves da agência federal de aviação norte-americana (FAA).