Nova unidade da GE Celma possui condições de receber motores com até 150.000 lbf de empuxo
Por Edmundo Ubiratan Publicado em 25/10/2018, às 14h13 - Atualizado às 14h34
O setor de manutenção aeronáutica no Brasil recebeu em outubro um importante reforço. A GE Celma, unidade de aviação da GE no Brasil, inaugurou um novo banco de provas para motores aeronáuticos.O complexo instalado em Três Rios (RJ), possui 250 mil m² e contou com investimentos na ordem de US$ 50 milhões e terá capacidade para preparar até 12 motores simultaneamente.
A unidade possui capacidade para revisar uma média de 700 motores, dentre eles, o moderno GENX-1B, utilizado no Boeing 787 Dreamliner. A expectativa é que o novo banco de provas gere uma considerável economia e ganhos logísticos para a GE. Com o início da revisão do motor GENX-1B em Três Rios, que antes era testado nos Estados Unidos. A empresa acredita que haverá uma redução de custos de logística de aproximadamente US$ 100 mil por motor, aliado a redução no prazo de entrega de até 20 dias.
Unidade é uma das únicas do mundo com capacidade para ensaiar motores com mais de 100.000 lbf
Os demais modelos de motores já testados pela GE Celma passarão a ser atendidos agora pelos três bancos de prova da empresa, localizados em Petrópolis, Rio de Janeiro e Três Rios. Os dois complexos anteriores possuem capacidade para ensaiar motores com empuxo unitário de 100 mil lbf, enquanto o novo banco de provas de Três Rios atende até motores com 150 mil lbf, o que o habilita no futuro receber os motores GE90 e GE9X, utilizados pela família Boeing 777.
“Criamos e equipamos esta planta com o que há de mais moderno na engenharia mundial. Foram instalados softwares de controle e comando que permitem uma maior velocidade de processamento de dados, diagnóstico automático de falhas apresentadas durante o teste e resultados em tempos real, o que trará ainda maior velocidade e robustez ao processo”, explica Julio Talon, presidente da GE Celma.
O teste de um motor de avião envolve três etapas, que demora cerca de 120 horas, enquanto uma revisão geral dura, em média, 1.500 horas.
Basicamente as três etapas de teste são:
Preparação do motor, com inspeções completas de toda unidade;
Teste no banco de provas, onde o motor é submetido a uma complexa gama de testes;
Desmontagem, onde inicia-se o processo de substituição de componentes, analise estrutural, entre outros.
“Para o teste, o motor é levado para uma sala especial e conectado a sensores gerenciados remotamente pela equipe do banco. Na célula de teste, o motor é submetido as mesmas condições de voo, como velocidade, aterrisagem e voo de cruzeiro, por exemplo. Após rigorosos cálculos de performance certifica-se a aprovação ou não do motor”, detalha Diogo Cartier, líder do Banco de Provas de Três Rios.
A GE Celma instalou no novo complexo o Bar Silencers, um sistema inédito de silenciador da GE, aplicado na exaustão e na admissão do banco, que proporciona menos emissão de ruído para o meio ambiente. Os ensaios com motores a jato geram considerável ruído, muitas vezes mais elevado do que o registrado durante a decolagem de um avião. Entre os motivos está o ambiente fechado e a condução dos gases de escape por dutos especiais, que caso não contem com sistemas de amortecimento sonoro ampliam o ruído.
O banco é dotado com um software capaz de dizer, em tempo real, se o motor está aprovado ou não para cada uma das fases do teste. Em caso de rejeição, a equipe pode, imediatamente, repetir apenas uma fase do programa de testes. Nos outros bancos, os dados têm um processamento manual pós-teste para validar o mesmo, podendo ser necessário a repetição de todo o programa de teste.
Banco de provas poderá ensaiar motores da família A30neo e 737 MAX
A GE Celma afirma que deverá ampliar em breve a capacidade de ensaios do banco de provas, que deverá ser capacitado para os testes nos motores LEAP, utilizados pelos novos Airbus A320neo e Boeing 737 MAX, ambos os modelos operados no Brasil por empresas como Azul, Avianca e Gol. O primeiro modelo de LEAP que será testado em Três Rios é o LEAP-1A, que equipa a família A320neo, na sequência, será testado o LEAP-1B, que impulsiona os 737 MAX.