Frente desvalorização cambial e alta do combustível, Azul planeja possível reestruturação com seus credores
Por Wesley Lichmann Publicado em 08/02/2023, às 13h37
A Azul Linhas Aéreas pode estar próxima de iniciar um processo de reestruturação financeira. Mesmo com a forte recuperação registrada no ano passado, com receita operacional de cerca de R$ 16 bilhões, 40% maior que a obtida em 2019, e margem operacional de 9%, a companhia tem sido impactada pela desvalorização cambial e o alto custo dos combustíveis.
Segundo informações do Air Finance Journal, a Azul contratou o escritório norte-americano de consultoria Seabury Capital e a equipe de advocacia da Weil, Gotshal & Manges LLP para assessorar sobre uma possível reestruturação. A companhia pretende evitar protocolar um processo de recuperação judicial, mas não descarta um pedido de reorganização na justiça americana, chamado Capítulo 11.
Em dezembro, em evento realizado para investidores, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, John Rodgerson, CEO da Azul, apontou três fatores ‘fora do controle’ da companhia: o câmbio, o aumento com os custos do combustível e a queda na demanda corporativa.
Com os custos dolarizados, a companhia foi impactada pela alta de 30% na moeda norte-americana, de R$ 3,95 para R$ 5,15 na contação em dezembro de 2022, enquanto preço médio do combustível aumentou 115%, no intervalo de três anos, saindo de R$ 3,85 para R$, 5,50 o litro.
A Azul tem custos de mais de R$ 4 bilhões atrelados a arrendamentos a vencer em 2023, além de dívidas com vencimentos neste ano de cerca de R$ 1,2 bilhão, R$ 2,5 bilhões no ano que vem e R$ 2 bilhões em 2025.
Nos três últimos anos a aérea enfrentou os entraves citados por seu CEO, intensificando seu modelo de negócio com foco em destinos voltados para o lazer, e ampliando sua capilaridade com a criação de novas rotas domésticas. Entre 2019 e 2022, o número de destinos atendidos no país cresceu 45%, passando de 116 para 168, totalizando 1.000 voos diários.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a Azul encerrou o ano de 2022 com 29,3% de participação do mercado nacional, alta de 6% em relação a 2019, ano pré-crise sanitária.
Em resposta a AERO Magazine a Azul afirmou que "não irá comentar".