Mitsubishi MRJ70 decola após três anos de atrasos e mira no mercado da Embraer
Redação Publicado em 11/11/2015, às 17h00 - Atualizado às 19h39
Com três anos de atraso em relação ao cronograma original, o jato regional japonês Mitsubishi Regional Jet voou pela primeira vez. O voo inaugural teve duração de 90 minutos e decolou nesta manhã do aeroporto de Nagoya.
A Mitsubishi Aircraft Corporation comemorou o sucesso do voo. O MRJ foi desenvolvido para atender as necessidades do mercado regional mundial, com alcance estimado em 1.000 km. Oferecido em duas versões, o MRJ 70 possui capacidade para até 80 passageiros em configuração de alta densidade, e o MRJ 90, para até 96 passageiros em classe única.
Embora Mitsubishi Heavy Industries seja um dos principais fornecedores da indústria aeronáutica global, é a primeira vez que desenvolve um avião próprio. As ambições iniciais previam competir com os Embraer E-Jet de primeira geração, mas uma série de atrasos no programa postergaram as entregas, que agora são previstas para o segundo semestre de 2017.
O MRJ 70 é o primeiro avião comercial japonês em mais de 50 anos. O último modelo civil destinado ao mercado regular foi o NAMC YS-11, que chegou a ser operado no Brasil pelas extintas Vasp e Cruzeiro do Sul, onde ficou conhecido como Samurai.
A família MRJ é equipada com os motores Pratt & Whitney PW1200G, similares aos utilizados pelos Bombardier CSeries e que serão empregados nos novos Embraer E-Jet E2. A série PW1000 Pure Power possui algumas inovações na produção e operação entre os motores turbofan. Uma das soluções encontradas, e aplicada à família PurePower, é o chamado geared turbofan, um sistema de engrenagens que reduz a rotação do fan em relação aos compressores de alta pressão e baixa pressão. Em motores convencionais, geralmente, o eixo do fan é acoplado ao conjunto do eixo do compressor de baixa pressão e da turbina, tornando a rotação dos conjuntos relativamente próxima. O novo sistema permite uma significativa redução no ruído e no consumo de combustível. Embora não seja uma tecnologia nova, seu aperfeiçoamento possibilitou a construção de um motor com menos estágios, reduzindo, assim, o número de peças, tornando-o mais leve e permitindo também menores custos de manutenção. A PurePower promete uma redução no consumo entre 15% e 20% quando comparadas à geração atual de motores.
Embora não tenha nenhum pedido firme para o MRJ 70, a Mitsubishi optou por manter o cronograma de iniciar a campanha de testes e certificação da versão menor, visando abrir caminho para o modelo. Atualmente o mercado de 70 a 80 assentos é um dos menores entre os jatos regionais, sendo hoje ocupado pelos turbo-hélices ATR72 e Q400. A Embraer dentro do programa de modernização da família E-Jet manteve apenas o E175, cancelando o E170, que não despertava o interesse do mercado mundial. Atualmente, o MRJ 90 acumula 223 pedidos firmes de apenas seis empresas aéreas. A maior cliente do modelo é a norte-americana de baixo custo SkyWest, que possui 100 pedidos firmes e 100 opções de compra. A japonesas Japan Airlines possui 32 aviões encomendados e a All Nippon Airways, cliente de lançamento, um pedido para 15 aeronaves.
Analistas acreditam que o maior desafio para o modelo será criar uma rede de assistência global. Um dos primeiros passos da Mitsubishi para enfrentar as desconfianças do mercado é realizar parte da campanha de ensaios em voo do modelo nos Estados Unidos. O objetivo é demonstrar o avião no maior mercado do mundo, ao mesmo tempo que acelera o processo de certificação junto a FAA (agencia federal de aviação) e permite estabelecer parcerias para prestar assistência a nova família.