MRJ90 deverá ser entregue em 2020, sete anos depois do cronograma original
Por Edmundo Ubiratan | Foto: Divulgação Publicado em 08/03/2019, às 17h00 - Atualizado às 19h55
A japonesa Mitsubishi Aircraft iniciou os testes de certificação final do MRJ90, seu novo avião de passageiros e o primeiro produzido no Japão desde a década de 1960. Os ensaios em voo ocorrem nos Estados Unidos, com o protótipo número 4 (FTA4) e devem durar aproximadamente um ano.
A primeira fase de testes iniciou no estado de Washington, ironicamente onde fica a principal planta industrial da Boeing, onde na sequencia deverá percorrer diversas regiões do país coletando dados de desempenho. Além dos Estados Unidos serem o principal mercado projetado para a família MRJ, o país conta com diversos climas e formações geográficas que permitem explorar quase a totalidade do envelope de voo de uma aeronave civil.
O MRJ90 é o primeiro projeto de uma aeronave comercial desenvolvida no Japão em mais de 50 anos. O modelo foi anunciado em meados de 2007, mas a primeira entrega deverá ocorrer apenas no final de 2020, mais de sete anos depois do planejado. A Mitsubishi Aicraft enfrentou uma série de contratempos durante o projeto, desenvolvimento e produção da aeronave. Inclusive, recentemente a Bombardier passou acusar formalmente a empresa japonesa de roubar dados de seu programa CSeries (recém vendido para a Airbus). A alegação é que a Mitsubishi contratou técnicos e engenheiros que estiveram envolvidos no programa do jato regional canadense. Todavia, eles teriam copiado dados sigilosos dos estudos do projeto CSeries, antes de pedirem desligamento da empresa.
Outro entrave para o MRJ é que durante seu desenvolvimento a Mitsubishi optou por certificar primeiro o MRJ90, versão de maior capacidade, com opção de até 90 assentos. Todavia, o mercado regional norte-americano possui regras que impede o uso de aeronaves com mais de 70 assentos, justamente a faixa de mercado projetada para o MRJ70, que não tem data para começar a ser desenvolvido. Além disso, o modelo chega ao mercado atrasado em relação aos rivais Airbus A220 (ex-CSeries) e aos brasileiros E-Jet E2. A expectativa é que a joint-venture entre a Embraer e a Boeing, que absorve justamente essa família de aeronaves, seja concluída antes mesmo da primeira entrega do MRJ90.