Aviação comercial britânica comemora 100 anos

Ação inclui pinturas especiais retrô saudando empresas do passado

Por Edmundo Ubiratan | Fotos: Divulgação Publicado em 19/02/2019, às 16h00 - Atualizado às 17h08

Os britânicos comemoram em 2019 o centenário da aviação regular no país, que ocorre apenas um ano após a força aérea real completar 100 anos. O Reino Unido foi um dos pioneiros no uso profissional da aviação como meio de transporte de defesa.

Para celebrar a marca a British Airways, a principais empresas aérea do país, iniciou uma campanha especial onde deverá pintar parte dos aviões da frota com as cores de extintas companhias aéreas inglesas. A primeira empresa a receber a homenagem foi extinta British Overseas Airways (BOAC), que em 1974, através de uma reorganização da aviação comercial britânica, foi fundida com outras companhias aéreas dando origem a atual British Airways.

Um Boeing 747-400 recebeu as cores do último esquema de pintura da BOAC, utilizado entre 1964 e 1974. A escolha do 747 ocorreu por ser o único avião que originalmente utilizou essa pintura, ainda que fosse no 747-100.

O esquema especial permanecerá aplicado ao avião até 2023, quando todos os Boeing 747 da empresa serão aposentados, sendo substituídos pelos Boeing 787 e Airbus A350 XWB.

100 ANOS DE AVIAÇÃO BRITÂNICA

Um dos primeiros deHavilland DH16 da pioneira AT&T, em 1919

A história da aviação comercial britânica começa em 25 de agosto de 1919, quando é formada a Aircraft Transport and Travel Limited (AT&T), que passou a voar diariamente entre Londres e Paris. Ainda que afastadas pouco mais de 350 km, na época era uma distância considerável para ser cumprida por via aérea.

Ao longo dos cinco anos seguintes surgiram mais três empresas aéreas, que disputavam entre si o pequeno mercado existente. Em 1924, a Instone, Handley Page, Daimler Airways (sucessora da AT&T) e British Air Marine Navigation Company, fundiram-se para formar a Imperial Airways Limited. No ano seguinte a empresa voava para Paris, Bruxelas, Colonia, Basle e Zurique. A nova empresa se tornou um dos símbolos do poder imperial britânico, que agora podia ligar de forma segura e rápida (para os padrões da época) o vasto reino onde o Sol nunca se punha.

A Imperial Airways voava para diversos territórios do vasto império

Em uma década surgiram diversas empresas menores no Reino Unido que iniciaram voos domésticos e internacionais. Contudo, parte delas se uniu, em 1935, para formar a British Airways Limited, uma empresa privada e de capital fechado, que se tornou a principal concorrente britânica da Imperial Airways nas rotas europeias. Porém, o mercado ainda continuava saturado, visto que o acesso ao transporte aéreo era restrito e a competição se tornou predatória. Em 1939, poucos meses antes do início da Segunda Guerra, o governo britânico absorveu as duas empresas, criando assim a British Overseas Airways Corporation. Ao final da Guerra, mais uma mudança com a criação da British European Airways (BEA), em 1946, que ficou dedicada aos voos para Europa, enquanto a BOAC voava rotas de longo curso. Aliás, a BOAC foi uma das empresas pioneiras no mundo em voos de ultra longo alcance, voando para Nova York em 1946 e Japão dois anos depois. Sua maior rival era a gigante norte-americana Pan American World Airways, que voava para dezenas de países no globo. Ainda que não tivesse nem perto do tamanho da Pan American, a BOAC se destacou ao se tornar a primeira empresa aérea do mundo a voar um avião comercial a jato, quando em 1952 introduziu o serviço para Johanesburgo com o Comet.

BOAC foi a primeira empresa aérea do mundo a voar com um avião comercial a jato, em 1952 com o deHavilland Comet

Até a década de 1960 a BOAC e a BEA foram as principais operadoras britânicas de serviços regulares de passageiros e carga. Contudo, o governo britânico recomendou que uma holding fosse responsável pela BOAC e pela BEA, com a criação de uma segunda companhia aérea de força, resultando no nascimento da British Caledonia, em 1970. Dois anos depois, os negócios da BOAC e da BEA foram combinados sob a British Airways Board, com as companhias aéreas separadas se tornando a British Airways em 1974. Após uma série de reorganizações a British Airways foi privatizada em 1987. Anos mais tarde o Reino Unido assistiu à criação de uma série de novas empresas, como a Virgin Atlantic, que voa especialmente rotas de longo curso, assim como empresas de baixo custo, com destaque para a easyJet e Flybe. Ainda que com sede na Irlanda, a Ryanair é uma das empresas mais populares a voar dentro do Reino Unido, sendo referência em serviços de ultrabaixo custo.

Criada em 1984, a Virgin Atlantic se tornou uma das maiores empresas aéreas do Reino Unido e foi a primeira com capital 100% privado no pais

Ironicamente, 100 anos depois, o mercado britânico assiste a profusão de empresas aéreas, com a diferença que hoje existe um mercado para o transporte aéreo bastante popularizado. Em 2011, a British Airways e a espanhola Iberia se fundiram, criando o International Airlines Group, que reúne as operações de ambas empresas aéreas.

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