Com muitas versões e boa oferta no mercado, o Dassault Falcon 2000 oferece versatilidade para quem precisa decolar e pousar curto e voar longe
Por Cássio Polli e Edmundo Ubiratan Publicado em 22/10/2024, às 07h00
Modelo de entrada da Dassault, o Falcon 2000 recebeu muitas melhorias desde que chegou ao mercado, há quase 30 anos, disputando o segmento de jatos médios, com alcance em torno de 3.500 milhas náuticas e peso máximo de decolagem na casa dos 19.500 quilos.
Hoje em dia, seus competidores mais próximos são o Embraer Praetor 600, o Bombardier Challenger 350 e, eventualmente, o Hawker 4000. O primeiro Dassault Falcon da série 2000 entrou em serviço em fevereiro de 1995, logo após receber sua certificação. O modelo original era equipado com dois motores General Electric AlliedSignal CFE738-1-1B, com 5.918 libras-força cada, e a então avançada suíte de aviônicos Collins Pro Line 4.
Com alcance de 2.840 milhas náuticas (5.260 quilômetros), foi o primeiro jato de negócios de maior porte a operar na cidade de Londres, na Inglaterra (Falcon 2000 HGS), cujo aeroporto exige uma trajetória de aproximação com ângulo acentuado, por conta de obstáculos no entorno. Já em 1996, o modelo recebeu a certificação “steep approach” (ângulo de aproximação superior a 3,77 graus) junto à Easa, a agência europeia de aviação.
Nos anos 2000, a família incorporou importantes atualizações, incluindo novidades em itens como motorização, freios, trem de pouso, sistema de combustível e sangria de ar, passando a ser chamado de Falcon 2000EX. Em pouco tempo, tornou-se o modelo mais vendido na categoria “cabine grande”.
Depois de receber os novos motores Pratt & Whitnet Canada PW308C, com 7.000 libras-força cada, ter seu alcance estendido para 3.870 milhas náuticas (7.180 quilômetros), em 2004, o modelo recebeu um upgrade de aviônicos, o “EASy Avionics”, acrônico para Enhanced Avionics System, adotando o nome Falcon 2000EX EASy.
A nova aviônica era baseada na plataforma modular Honeywell Primus Epic, personalizável conforme as exigências de cada fabricante, sendo adotada pela Dassault, sob o nome EASy. A Gulfstream adotou a mesma plataforma, mas com o nome PlaneView, enquanto na Embraer usou esse painel nos E-Jet e E-Jet E2.
O lançamento da suíte EASy permitiu uma integração com a então recém-lançada visão sintética, cuja lógica de funcionamento melhorava consideravelmente a consciência situacional e reduzia a carga de trabalho dos pilotos.
Na segunda metade dos anos 2000, a família experimentou várias alterações. Em 2007, o Falcon 2000 “puro” foi descontinuado, o modelo 2000EXy recebeu melhorias e ganhou winglets e a Dassault certificou o modelo F2000DX e anunciou o modelo F2000LX, com novos motores PW308C e aviônicos Honeywell Primus Epic EASy 3.
Novas mudanças vieram em 2009, com o encerramento da produção tanto do Falcon 2000DX como do 2000EX EASy. A incorporação dos winglets pelo Falcon 2000LX, em 2009, ampliou o alcance para 4.000 milhas náuticas (7.400 quilômetros) e a solução passou a ser oferecida também na forma de retrofit para demais aviões da série 2000.
De 2013 em diante, a Dassault manteve apenas os modelos Falcon 2000S (até 2021) e o Falcon 2000LXS (até a presente data). Existem aproximadamente 650 aeronaves da série Falcon 2000 em serviço no mundo. O mercado brasileiro foi um dos beneficiados pelo Falcon 2000S, que ofereceu a capacidade de operação em pista curta, reduzindo a distância de pouso padrão (ISA) para 705 metros.
Já em 2014, com o lançamento da Dassault Falcon 2000LXS, que é o único modelo disponível atualmente, houve uma melhora nas características de decolagem e pouso, permitindo aproximação em baixas velocidades e reduzindo a distância para menos de 700 metros, além de incluir melhorias pontuais na cabine.
Assim como aconteceu com os principais fabricantes, no pós-pandemia, a Falcon Dassult enfrenta o desafio dos prazos de entrega de modelos novos, postergados pelos gargalos na cadeia de suprimentos da indústria aeronáutica.
... o Falcon 2000 é capaz de operar nos principais aeroportos, incluindo o Santos Dumont, no Rio de Janeiro, assim como em aeroportos do interior com pouca infraestrutura de solo. A Dassault Aviation mantém um centro de suporte próprio na cidade de Sorocaba, no interior paulista, oferecendo uma ampla gama de serviços.
A expectativa é que o centro seja transferido completamente para o aeroporto Catarina, distante poucos minutos de Sorocaba, mas com acesso facilitado pela rodovia Castelo Branco. Operadores brasileiros destacam o bom alcance, a carga útil e a flexibilidade da família Falcon 2000, que pode operar em um voo regional, ligando pares de cidade do interior brasileiro e, na sequência, voar para Europa ou Estados Unidos.
Partindo de São Paulo, é possível chegar (sem escalas) em Miami, Bueno Aires e Cape Town, enquanto com apenas uma escala é possível chegar a maioria dos destinos na Europa e Estados Unidos.
A família Falcon 2000 pousa e decola em pistas curtas e apresenta muito boa despachabilidade. Destaque também para a performance e a tecnologia embarcada do modelo francês. É um avião com interior refinado, ampla e confortável cabine de passageiros, com piso plano e baixo nível de ruido.
O Falcon 2000LXS é bem apreciado pelos compradores/operadores brasileiros, principalmente devido ao alcance de quatro mil milhas náuticas, que lhe permite fazer São Paulo-Miami sem escalas. Além disso, ele consegue decolar e subir direto para 41.000 pés em apenas 20 minutos, evitando alguns congestionamentos em regiões com alto tráfego aéreo, especialmente em rota, como no Atlântico Norte.
Outro diferencial é a envergadura, que facilita a operação nos principais aeroportos e pistas de táxi, além de otimizar a hangaragem. Paralelamente, a Dassault mantém constante aprimoramento das certificações “steep approach”, um diferencial para operação em áreas com grande concentração urbana e ângulos mais acentuados de aproximação, entre 13 e 15 graus, evitando zonas sujeitas a turbulência e/ou com obstáculos.
A família de jatos Falcon 2000 conta com aproximadamente 650 aeronaves fabricadas/ativas, das quais aproximadamente 35 estão em operação no Brasil, contemplando sete versões.
O consumo médio por hora (a partir da segunda hora) do Falcon 2000, baseado em dados de manual, é na ordem de 287 galões, dentro da média do segmento. Atualmente, a série Falcon 2000 é elogiada por sua robustez e confiabilidade, além de um custo-benefício competitivo na categoria.
Os custos fixos, médios no mundo, para uma aeronave que voe em média 300 horas anuais, considerando salário dos tripulantes, hangaragem, seguros e custos diversos, é de aproximadamente de 850 mil dólares por ano. Já o custo médio por hora, também em uma média global, fica entre 4.500 e 5.000 dólares. A seguir uma ideia de custos fixos e diretos considerando os números com e sem depreciação.