O ataque a Pearl Harbor

Conheça mais sobre as aeronaves e como foi estruturado a ação japonesa contra os Estados Unidos

Redação Publicado em 08/12/2016, às 08h00 - Atualizado às 13h02

Não é exagero dizer que há 75 anos o Japão mudava o curso da história do século XX. Ao atacar as instalações militares norte-americanas em Pearl Harbor, o império japonês deslocava para a guerra a maior potência industrial daquele tempo, os Estados Unidos.


Para muitos analistas e historiadores, o dia 7 de dezembro de 1941 marca o início da derrota do Eixo. Os norte-americanos que assistiam ao desenrolar do conflito sem um envolvimento direto, apenas fornecendo suprimentos aos Aliados, ingressou em todas as frentes. Para isso, colocou praticamente a totalidade de sua força industrial no esforço de guerra. Indústrias gerais se converteram em plantas fabris de equipamentos bélicos. Para ter uma ideia do que isso significou, o B-17F voou pela primeira vez em 30 de maio de 1942 e foi substituído na linha de produção pelo B-17G em agosto de 1943, tempo suficiente para a Boeing e seus parceiros terem produzido 6.810 unidades, em quatro versões.

Os Estados Unidos contavam com a vantagem de estar na guerra sem correr o risco de ser efetivamente um potencial alvo dos países do Eixo, embora o temor de algum ataque pontual à Califórnia tenha existido. Ao final do conflito, em 1945, os norte-americanos saíram ilesos e com um poder político e econômico infinitamente maior que o que possuíam apenas três anos antes.

Porém, o gatilho para essa completa mudança na ordem global envolveu um punhado de aeronaves japonesas. Conheça um pouco mais dos aviões que ajudaram a inserir os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

O ataque aéreo aconteceu em duas frentes, com cada uma contendo quase duas centenas de aviões. O ataque japonês contou com o apoio de seis porta-aviões: Akagi, Kaga, Sōryū, Hiryū, Shōkaku, e Zuikaku.

PRIMEIRO ATAQUE

O primeiro ataque envolveu 183 aeronaves, de três grupos aéreos lançados a partir do norte de Oahu, onde fica a capital do atual estado do Havaí, Honolulu. Foram liderados pelo comandante Mitsuo Fuchida.

O primeiro grupo dispunha de 49 Nakajima B5N “Kate”, armados com 800 kg de bombas; enquanto outros 40 aviões do mesmo tipo carregavam os torpedos Type 91 de 848 kg. O alvo eram os encouraçados e os porta-aviões atracados em Pearl Harbor.

O segundo grupo decolou com 51 Aichi D3A “Val”, armados com bombas de emprego geral de 249 kg. O objetivo era atacar as instalações militares em Ford Island e Wheeler Field.

O terceiro grupo por fim deveria prestar suporte aéreo aos bombardeiros, e para isso contava com 43 Mitsubishi A6M “Zero”. O alvo era as aeronaves estacionadas em Ford Island, Hickam Field, Wheeler Field, Barber's Point e Kaneohe.

SEGUNDO ATAQUE

Liderados pelo comandante Shigekazu Shimazaki, o segundo ataque contou com 171 aeronaves, também divididas em três grupos aéreos.

O primeiro grupo contava com 54 Nakajima B5N “Kate” armados com bombas de emprego geral de 249 kg e de 60 kg. Metade da esquadrilha tinha como alvo as aeronaves e instalações de Kaneohe, Ford Island e Barbers Point. Já a outra parte atacaria as instalações e aeronaves baseadas em Hickman Field.

O segundo grupo deveria apoiar o ataque aos cruzadores e porta-aviões. Para isso, contava com 78 Aichi D3A “Val”, armados com bombas de emprego geral de 249 kg.

Já o terceiro grupo deveria atacar as aeronaves no solo ou no ar nas instalações de Ford Island, Hickam Field, Wheeler Field, Barber's Point e Kaneohe. Eram 25 Mitsubishi A6M “Zero” responsáveis por evitar que qualquer aeronave norte-americana fosse capaz de decolar.

Ao final do ataque, os norte-americanos perderam três cruzadores, três encouraçados, um navio antiminas, 188 aeronaves e 2.403 vidas, além de outros 1.178 feridos.

OS AVIÕES

Nakajima B5N “Kate”

O Nakajima B5N “Kate” foi um bombardeiro torpedeiro utilizado pela Marinha Imperial Japonesa e produzido pela Nakajima Aircraft Company. Foi por quase todo o conflito o principal bombardeiro japonês durante a Guerra do Pacífico. Mesmo considerado ultrapassado para a época e relativamente limitado para a guerra, o B5N obteve um considerável índice de vitórias no conflito. Além de fundamentais para o ataque a Pearl Harbor, o modelo foi responsável pelo afundamento dos porta-aviões Lexington (no mar de Coral) e Yorktown (na batalha de Midway), e Hornet (batalha de Santa Cruz).

O B5N1 contava com três lugares (piloto, comandante e artilheiro – este último também era o operador de rádio). O modelo 11 era equipado com um motor radial Nakajima Hikari 3, de nove cilindros com 770 hp; enquanto o B5N1 modelo 12 recebeu o motor radial Nakajima Sakae 11 de 14 cilindros dispostos em duas linhas, de 985 hp. As duas versões tinham velocidade limitada para a época, voando a 350 km/h em voo de cruzeiro e alcance de 1.100 km.

O B5N2 recebeu algumas melhorias, como o motor radial Nakajima Sakae 21 de 14 cilindros dispostos em duas linhas radiais, de 1.115 hp. Também recebeu alguns aperfeiçoamentos, como maior capacidade de transporte de combustível. Tais melhorias permitiram uma velocidade de cruzeiro de 378 km/h e alcance máximo de 1.990 km.

Aichi D3A “Val”


O Aichi D3A “Val” se notabilizou ao se tornar o principal vetor dos ataques kamikazes, quando já ao final da guerra era bastante obsoleto e limitado diante das capacidades da marinha norte-americana.

Desenvolvido como bombardeiro de mergulho leve e com elevada manobrabilidade, logo se tornou limitado frente às características de seu projeto, como o trem de pouso fixo. Mesmo durante o ataque a Pearl Harbor, o modelo já era tido como ultrapassado, sendo logo substituído na linha de frente pelos Yokosuka D4Y “Judy”.

O “Val” contava com dois lugares (piloto e artilheiro), era equipado com um motor radial Mitsubishi Kinsei 44, de 14 cilindros, que gerava até 1.070 hp. O alcance chegou a 1.470 km, mas limitando a capacidade de armas disponíveis. A velocidade de cruzeiro era um de suas grandes limitações, com 389 km/h. O armamento padrão era composto por três metralhadoras de 7,7 mm.

Mitsubishi A6M “Zero”

O lendário Mitsubishi A6M “Zero” foi o mais famoso e respeitado caça japonês da Segunda Guerra. No início do conflito, era o mais poderoso e manobrável avião no teatro do Pacifico, com manobrabilidade, alcance e razão de subida superiores a qualquer caça ocidental daquele tempo.

Foi temido por pilotos aliados até o final, e também o avião de Hiroyoshi Nishizawa (o maior piloto japonês de todos os tempos) e Saburo Sakai (o maior ás japonês a sobreviver à guerra). Porém, seu calcanhar de Aquiles era sua blindagem. Para obter o menor peso possível e maior manobrabilidade, os engenheiros retiraram o máximo da blindagem, tornando-o extremamente vulnerável ao fogo inimigo. Em contrapartida, era uma aeronave bastante simples e de fácil construção e manutenção.

Foram nove versões, que estiveram em serviço até o final da guerra. Ainda hoje, é considerado o melhor avião de combate produzido na Ásia. O primeiro A6M2 Model 11 contava com um motor radial Nakajima Sakae 12, de 14 cilindros de 940 hp e velocidade de cruzeiro 534 km/h e máxima de 660 km/h. O alcance era outro destaque, com 3.104 km. 

Mitsubishi Pearl Harbor Zero B5N Aichi D3A Nakajima AM6