Criada na esteira da crise da Alitalia, empresa não sobreviveu a dinâmica do mercado europeu
Por Gabriel Benevides Publicado em 12/02/2020, às 16h00 - Atualizado às 17h41
Regras da União Europeia impossibilitaram Qatar Airways ampliar participação na Air Italy
Após enfrentar uma série de perdas consecutivas, os investidores da Air Italy decidiram por unanimidade pedir a liquidação da companhia aérea italiana. Segundo nota, a opção ocorreu após “condições estruturais e persistentes” do mercado. A Air Italy informou que garantirá os voos programados até 25 de fevereiro, no entanto, os mesmos serão feitos por outras operadoras.
Os principais investidores da empresa, a árabe Qatar Airways e Aga Khan desistiram do negócio que inicialmente poderia ser o primeiro passado para ingresso no mercado europeu. Todavia, a empresa italiana não apresentou resultados positivos e a dinâmica do mercado na comunidade europeia se tornou pouco atraente ao negócio. A Qatar Airways informou que estava preparada para “fazer sua parte, apoiando a recuperação e crescimento da companhia”, mas isso só seria possível com o compromisso de todos os acionistas.
As perdas da Air Italy em 2019 foram de 200 milhões de euros (218 milhões de dólares), acima do registrado em 2018, que foi de aproximadamente 160 milhões de euros (145,5 milhões de dólares). O fim da empresa ocorre ao mesmo tempo que o governo italiano busca um comprador para a Alitalia, que atualmente sobrevive com um empréstimo-ponte do governo, mas sem perspectivas de se manter ativa sem um novo investidor.
A Air Italy começou suas operações em março de 2018, após a Qatar Airways comprar 49% da empresa tendo como sócia a Aga Khan que detém 51% do negócio. A compra fez parte da estratégia do CEO Akbar Al Baker de usar capital externo para aumentar a receita após o embargo liderado pela Arábia Saudita que restringiu seus voos em grande parte do Oriente Médio.
Por regras da União Europeia a Qatar Air não pode aumentar sua participação acima de 49% o que impossibilita uma maior capitalização da empresa italiana. Sem recursos e financiamento de baixo custo, as operações se tornaram inviáveis.
A Air Italy operava voos domésticos e internacionais, com uma frota é composta por oito Boeing 737 e cinco Airbus A330.