Modernização da frota e dos processos de gestão ajudam empresa a se tornar uma das maiores da Europa
Redação Publicado em 28/11/2016, às 14h03 - Atualizado às 16h27
A instabilidade do setor de transporte aéreo regular é um dos maiores entraves ao crescimento da maior parte das companhias aéreas do mundo. Recentemente, as empresas dos Estados Unidos conseguiram superar mais de duas décadas de declínio e voltam a se firmar como importantes players globais. No entanto, muitas outras companhias não conseguem sobreviver por muito tempo a crises no mercado, problemas econômicos nacionais ou mesmo políticos.
Aeroflot, que até 1991 era a única empresa aérea de bandeira da União Soviética, contava com uma frota com mais de 10.000 aeronaves, muitas delas militares e experimentais. Logo após o colapso do regime socialista iniciou um ambicioso plano de modernização e renovação de frota. Ainda assim, o surgimento de empresas aéreas na Rússia, como a Transaero, S7 Airlines e UTair, minou as ambições da Aeroflot de se tornar uma companhia global.
No entanto, o grupo Aeroflot tem surpreendido os mais críticos analistas. Enquanto muitas das companhias europeias acumulam prejuízos e redução do mercado, em parte por conta do avanço das empresas aéreas árabes, a aérea russa vem mantendo um intenso ritmo de crescimento .
Um dos entraves para o crescimento deveria ter sido o embargo à Rússia, aliado a desvalorização do rublo, que atrapalharam diversos setores e afastou milhares de turistas, mas não reduziu o crescimento da empresa. Em menos de sete anos a Aeroflot quase quadriplicou o número de passageiros transportados, passando de 11 milhões em 2009, para quase 40 milhões no último ano fiscal. As receitas saíram de 100 milhões de rublos (US$ 1,5 bilhão), para 415 milhões (US$ 6,4 bilhões).
Além disso, a empresa ampliou sua diversificação de produtos, tornando a marca Aeroflot destinada a voos internacionais e mercados premium, a Rossiya se tornou o braço doméstico, enquanto a Pobeda ficou como uma divisão de baixo custo e a Aurora destinada a voos regionais. Ao mesmo tempo, a empresa ampliou a modernização da frota, que hoje é composta por modelos Airbus A320, A330, Boeing 737NG, 777 e Superjet 100, incluindo pedidos para os Airbus A350 XWB e Boeing 787 Dreamliner. Outro destaque do conglomerado é que mesmo sendo uma estatal com fortes tradições no Estado soviético, realizou uma completa melhoria de seus sistemas de gestão.
Tais processos ajudaram a Aeroflot a passar relativamente incólume pela redução no número de passageiros registrado este ano. Mas a saída da Transaero do mercado, aliado a redução na capacidade da UTair, ajudaram a manter o equilíbrio das operações.
Ainda assim, os executivos da empresa esperam chegar até o final da década como uma das 20 maiores empresas aéreas do mundo, sendo ao menos a quinta mais importante da Europa.
Um dos segredos para encarar as dificuldades em tempos difíceis pode ter sido a estratégia de um crescimento moderado. Ao invés de adicionar destinos, a Aeroflot optou por aumentar as frequências em mercados altamente rentáveis, focou em voos ponto a ponto ao mesmo tempo que destinava rotas menos nobres à subsidiaria Rossyia.
Os desafios da Aeroflot podem ser um caso de estudo para companhias de diversas partes do mundo, especialmente da América Latina. A região apresenta grande capacidade de crescimento, enfrentando as incertezas políticas e econômicas típicas do movimento cíclico da região.