Os rumos da nova companhia na visão de seus principais executivos
Enrique Perrella, De Scottsdale | Fotos Divulgação Publicado em 11/06/2013, às 06h27 - Atualizado em 27/08/2013, às 22h51
A fusão entre American Airlines e US Airways resultou na criação da maior companhia aérea do mundo, com um valor superior a US$ 11 bilhões, mais de 110.000 funcionários, pelo menos 1.500 aviões e 336 destinos em 56 países. No final do processo de fusão, iniciado em 14 de fevereiro último, 72% da nova companhia ficará em mãos dos funcionários e credores da American, e os 28% restantes caberão aos acionistas da US Airways. A nova companhia aérea se chamará American e pertencerá ao American Airlines Group Inc. Do ponto de vista operacional, ambas as companhias aéreas, duas das mais emblemáticas dos Estados Unidos, possuem excelentes estatísticas de pontualidade. A US Airways obteve um índice de 83,75% no primeiro trimestre deste ano, enquanto a American Airlines registrou 81,01% de pontualidade.
Participamos em abril último do Annual Leadership Conference (ALC), ou Conferência Anual de Liderança, evento anual em que os executivos da US Airways apresentam aos seus empregados a situação econômica, operacional e estratégica da empresa. Uma oportunidade para conhecer melhor a atual situação da US Airways e do seu processo de fusão com American Airlines. O evento reúne cada um dos envolvidos na operação da companhia aérea para apresentar todas as informações relevantes do último ano de atividade. Em 2013, a ALC foi realizada no Talking Stick Resort, na cidade de Scottsdale, Arizona, e, pela primeira vez, estiveram presentes representantes de American Airlines.
O lema da ALC 2013 ajuda a entender o clima dentro da US Airways, uma companhia aérea modesta que se prepara para o maior desafio de sua história: "Mudança, desafio e oportunidade". Entre as realizações da companhia aérea nos últimos 20 anos, destaque para a fusão com a America West, em 2005, e o pouso de um dos seus Airbus A320 no rio Hudson, em Nova York, após uma excelente manobra do comandante Sullenberger, mostrados em um vídeo no início do evento, que também revelou os novos serviços de bordo para os voos domésticos e internacionais.
Depois do vídeo, surgiram os diretores executivos de ambas as companhias, Tom Horton (AA) e Doug Parker (US), apresentando a nova American. Mas coube ao presidente da US Airways, Scott Kirby, falar sobre a situação financeira de ambas as empresas. "Prestem atenção!", disse, abrindo seu discurso. "Estamos muito otimistas com esta fusão. Aqueles que compraram ações da American um dia antes de a empresa entrar no processo de proteção contra falência, agora terão um retorno de 140%. Isso é simplesmente incrível".
De acordo com Kirby, uma vez realizada a operação, o aumento do valor estará nas mãos da sinergia entre as duas companhias aéreas com receita de mais de US$ 900 milhões e uma redução de custos superior a US$ 550 milhões. A US Airways tem custos operacionais extremamente baixos. De acordo com seu dirigente, eles estão bem abaixo dos de Delta Air Lines e United, permitindo-lhe obter lucros, apesar de ser consideravelmente menor em tamanho e participação de mercado.
Com relação à mudança da US Airways da Star Alliance para a Oneworld, Kirby explicou que atualmente 45% do mercado dos Estados Unidos é dominado pela Star Alliance. No entanto, uma vez concluída a fusão, as duas alianças terão aproximadamente a mesma participação de mercado, aumentando a concorrência nos mercados internacionais.
Um dos pontos-chave desta conferência foi o de esclarecer como podem trabalhar os hubs de Filadélfia (PHL/US) e Nova York (JFK/AA) sem competir um com outro, já que os aeroportos têm menos de 150 km de distância entre si. Para isso, Kirby respondeu que PHL e JFK são complementares. E concluiu sua apresentação referindo-se à delicada e sentimental decisão de ter de renunciar ao nome US Airways e aceitar o de American. Mas ele reconheceu que a nova marca é, definitivamente, a que tem mais presença e história, especialmente no exterior.
O seguinte executivo a se apresentar foi Derek Kerr, vice-presidente executivo e diretor financeiro da companhia aérea. Seu discurso foi baseado na tendência atual de altos preços dos combustíveis. Kerr deu uma visão geral de como a empresa é, e como eles lutaram contra os efeitos da recessão sobre uma companhia aérea que é certamente suscetível a concorrentes maiores. Kerr disse que a US Airways foi capaz de lutar contra essas variáveis, melhorar o desempenho de suas operações - aproveitando melhor a capacidade das rotas mais rentáveis - e aumentar os ingressos com receitas alternativas.
Outros executivos que se apresentaram foram Robert Isom e Andrew Nocella, diretor de Operações e vice-presidente de marketing, respectivamente. De acordo com Isom, as chaves para o sucesso da US Airways são a confiabilidade, o conforto e a imagem. "A US Airways tem o melhor desempenho da indústria e os melhores indicadores de segurança dos EUA", ele disse. "Usamos o programa mais eficiente na indústria e somos reconhecidos por ajudar nossos clientes a recuperar voos perdidos em tempo recorde".
A apresentação do vice-presidente de Marketing terminou com uma breve análise sobre as melhores e piores rotas e da introdução de novas rotas e aeronaves. O Havaí, a América Central e o Caribe são as rotas mais lucrativas de US Airways, enquanto a American tem forte presença na América do Sul, especialmente no Brasil.
Em 2013, o voo Charlotte/São Paulo da US Airways será realizado diariamente com Boeing 767-200, até que estes sejam substituídos por Airbus A330, que se juntarão à frota até o final do ano. Finalmente, as rotas de curto/médio alcance receberão 16 novas aeronaves Airbus A321, que substituirão o último Boeing 737-400 no terceiro trimestre de 2013.
A conferência terminou com uma sessão de perguntas e respostas. Nela o CEO Doug Parker teve a chance de falar sobre a nova imagem da American, já que a US Airways não se envolveu nesse processo. Perguntado se poderia garantir que este será o design final, Parker respondeu: "Gostamos do novo design, é muito elegante, mas eu não acho que seja a imagem final. Quando se completar a fusão, haverá três pinturas pelo mundo, as velhas American e US Airways e a nova American. Pode ser que surja uma imagem que reúna o melhor das três. Mas, para ser honesto... realmente não sei a resposta".