Certificados por FAA e EASA para fazer aproximações íngremes e pousar em pistas curtas, novos Falcon 2000S e 2000LXS acirram a disputa pelo mercado de jatos de médio porte
| Giuliano Agmont Publicado em 14/05/2013, às 04h54 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A Dassault celebra os 50 anos desde a fundação da marca com as certificações dos bijatos Falcon 2000S e 2000LXS, emitidas pelas agências reguladoras da aviação civil tanto da Europa como dos Estados Unidos nesse início de ano. Com a aprovação de EASA (European Aviation Safety Agency) e FAA (Federal Aviation Administration), o fabricante francês inaugura uma nova etapa na trajetória desta família que já tem mais de uma década e meia de existência. O modelo 2000S, cujo primeiro exemplar foi entregue para um operador turco, será uma das estrelas da principal feira de aviação executiva da América Latina, a Labace, que acontecerá em agosto deste ano. Já o 2000LXS, que substituirá a atual versão LX, deve entrar em serviço em 2014. Ambos têm pedidos no Brasil, com a entrega do primeiro deles prevista já para o segundo semestre deste ano.
Lançado em 2011, o 2000S é uma aeronave com cabine larga com custos operacionais menores do que o de outros jatos executivos de médio porte, segundo a Dassault. A principal virtude do novo entry level à família Falcon, que custa US$ 25 milhões, é sua capacidade de operar em aeroportos inacessíveis para outros modelos da série 2000, graças à remoção de um tanque de combustível aliada à adição de slats nas asas e do sistema autobrake. Combinados, esses fatores permitem ao avião fazer aproximações em baixa velocidade, a cerca de 200 km/h, cumprindo trajetórias mais íngremes e pousando em pistas mais curtas. Já o Falcon 2000LXS, anunciado em outubro de 2012, combina a capacidade de operar em pistas curtas do 2000S, fruto da configuração de slats e winglets, com o alcance do 2000LX.
Existem atualmente 19 aeronaves da família 2000 em operação no Brasil. Na avaliação do diretor de Vendas da Dassault Falcon Jet para a América do Sul, Rodrigo Pesoa, o Falcon 2000LX, em particular, tem se mostrado um sucesso de vendas no Brasil e o 2000S tem condições de trilhar esse mesmo caminho. "Trata-se uma aeronave versátil, com capacidade de operar em pista muito curtas e, ao mesmo tempo, fazer longos voos intercontinentais, como São Paulo-Paris ou São Paulo-Nova York, com apenas um escala," diz o executivo. "Ela traz, ainda, como característica o baixíssimo custo de operação, comparável ao de aeronaves de categorias inferiores". De acordo com a consultoria Conklin & de Decker, o custo operacional do novo Falcon 2000S é de US$ 3,148 por hora de voo, com o galão a US$ 6,86. Rodrigo Pesoa diz que as características do 2000S também se aplicam ao 2000LXS, incluindo o custo operacional, com a diferença que a aeronave poderá voar São Paulo-Miami ou Fortaleza-Paris sem escalas.
O Falcon 2000S já está em operação na Europa e deve começar a ser entregue nos Estados Unidos em breve enquanto o Falcon 2000LXS deve iniciar suas operações no início do ano que vem. Com seis passageiros e dois pilotos, a Mach .80, ao nível do mar, em condições ISA, o 2000S alcança 3350 milhas náuticas (6.480 km) em 7h35. Nas mesmas condições, o LXS cumpre 4.000 milhas náuticas (7.410 km) em 9 horas. Segundo a Dassault, ambas as aeronaves começaram a ser desenvolvidas há três anos, aproveitando a plataforma "robusta e comprovada" da série Falcon 2000. Existem cerca de 400 aeronaves Falcon 2000 em operação hoje no mundo. Originalmente, a plataforma foi concebida para cumprir voos transcontinentais a partir dos Estados Unidos. Com sua expansão para outros mercados, o avião passou a ser utilizado em missões corporativas diversas e se mostrou um dos mais populares jatos executivos em operação.
Além da adição de slats nas asas e a incorporação do autobrake, os novos Falcon têm outras novidades em relação ao 2000LX. Segundo a Dassault, os motores receberam o combustor Talon II, para redução da emissão de poluentes e o painel é o novo EASy II, com pacote de aviônicos mais simples para o 2000S e plataforma redesenhada para oferecer melhor ergonomia aos pilotos. Além disso, o projeto de cabine recebe a assinatura da BMW Group DesignworksUSA.
Complementam a lista de novidade a redução dos níveis de ruídos com incrementos acústicos, a melhoria da deflexão do leme para facilitar o trabalho de assistência em solo e a capacidade de operar monomotor com máxima potência por 10 minutos (e não mais 5 minutos), o que favorece a operação em situações de emergência em aeroportos com obstáculos. As perfomances de decolagem também são diferentes. O 2000S precisa de 4.325 pés (1.320 m) para deixar o solo, o 2000LXS de 4.675 pés (1.425 m) e o LX de 5.750 pés (1.750 m) - os dois novos com velocidades de segurança (Vmca, Vmcg, Vr, V1, V2 e Vref) mais baixas. Mais uma qualidade importante do Falcon 2000S é sua capacidade de subir rápido. Decolando com peso máximo, ele atinge 41 mil pés (12.500 m) de altitude em 19 minutos, cruza com consumo mínimo de combustível a 45 mil pés (13.715 m) e esta certificado para voar ao nível de voo 470 com menor sensação de altitude na cabine.
#Q#DECOLANDO COM PESO MÁXIMO, O FALCON 2000S ATINGE 41 MIL PÉS DE ALTITUDE EM 19 MINUTOS
O EASy II, da Honeywell, introduz aprimoramentos que ampliaram a segurança e conforto, reduzindo a necessidade de comunicação entre os pilotos, a expedição e a carga de trabalho de navegação. Destaque para a exibição de símbolos das coordenadas no head-up/head-down display, atualização do FMS (Flight Management System), visão sintética (SVS) e mais capacidade para decolar e abordar pousos. O EASy II também oferece um pacote de navegação aprimorado com WAAS- LPV orientado por GPS, RNP/SAAAR, XM Weather integrado com INAV map e ADS-B Out (Automatic Dependant Surveillance - Broadcast), Automatic Descent Mode (ADM) e Runway Awareness and Advisory System (RAAS), além de dois novos recursos de comunicação, o FANS 1A e o PM-CPDLC (Controller Pilot Data Link Communications), para cumprir novas diretrizes de controle de tráfego aéreo da Europa.
O sistema de gerenciamento de cabine FalconCabin HD +, lançado em 2012, oferece novas opções desenvolvidas pela Rockwell Collins, incluindo um servidor de cabine sem fio e um aplicativo de moving map via iPad. O servidor de mídia Skybox wireless permite aos passageiros o acesso a 1 terabyte da biblioteca do iTunes da Apple e o compartilhamento de programas e música da TV por assinatura. Cada passageiro poderá acessar seu conteúdo armazenado no sistema compatível com até dez dispositivos iOS da Apple. Eles também poderão transmitir conteúdo diretamente de seus aparelhos para telas de cabine.
A Dassault garante que o Skybox oferece no avião a flexibilidade que os passageiros têm em casa, com a escolha de filmes em HD ou música. Isso torna possível assistir durante o voo um programa a partir do ponto onde parou em casa ou no escritório. O aplicativo Airshow para iPad permite aos passageiros monitorar e acompanhar o seu progresso de voo em um mapa virtual. O FalconCabin HD + utiliza uma rede de fibra óptica para distribuir áudio e vídeo em toda a cabine. Em um monitor com tela sensível ao toque, os passageiros têm total controle dos recursos de cabine em um sistema intuitivo. O sistema também pode ser controlado via iPad ou iPhone. Os interiores dos novos Falcon foram reconfigurados para favorecer o fluxo dos passageiros. A cabine do 2000S, padrão, está disponível em três cores.
Por fim, a Pratt & Whitney atualizou os motores PW308C, de 7000 libras (218 kN) de empuxo cada, para reduzir em 20% as emissões de NOX dos novos integrantes da família 2000 em relação à geração anterior com a incorporação do combustor Talon II.