Dicas simples e eficientes para cumprir com êxito uma das etapas mais ricas na vida de um aviador
Marcelo Quaranta Publicado em 28/02/2012, às 14h03 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45
A função de copiloto é um estágio necessário e produtivo para todo aviador, que tem, nessa fase, a oportunidade de absorver os ensinamentos de comandantes com os mais diversos níveis e tipos de experiências. Ninguém é comandante sempre ou copiloto eternamente. As atuações se alternam. E não importa ser "bom copiloto" ou "bom comandante". O mais importante é ser boa pessoa, bom colega, ter bom senso e profissionalismo, independente da posição ocupada na cabine. Ou seja, a boa atuação profissional será meramente resultado do caráter e da conduta dentro e fora do avião.
Há copilotos que se tornam péssimos comandantes porque deixaram o orgulho e a vaidade tomarem conta de suas mentes, ressaltando um egocentrismo desmedido. Assim como existem também copilotos considerados "fracos" que se tornaram ótimos comandantes porque venceram pela humildade no reconhecimento de suas falhas, e pelo esforço para corrigi-las. O caráter não muda de acordo com a posição ocupada.
Mesmo que você voe com comandantes soberbos, mantenha sua postura profissional acima de qualquer impressão pessoal. Aprenda a isolar os sentimentos e deixá-los no chão quando for voar. Certamente os "ensimesmados" já não são tantos, pois os conceitos de CRM mudaram, e muito, a conduta operacional na cabine. Mas ainda aparecem os que se acham "donos da aviação", e saber lidar com isso também fará parte do seu amadurecimento profissional. A fórmula é baseada em atitudes positivas, sempre com mente aberta, para ser bem quisto pela tripulação.
1. Dimensione sua importância a bordo, valorize seu trabalho e não pense ser um "coadjuvante" na cabine. Engana-se aquele que acha que um bom copiloto não é aquele que ajuda, mas o que não atrapalha.
2. Conheça o equipamento tão bem quanto seu comandante conhece. As responsabilidades são divididas.
3. Seja transparente. Diga quando se julgar incapaz de realizar alguma tarefa ou se sentir inseguro diante de uma nova situação. Verbalize para que o comandante possa ajudá-lo, ensiná-lo, e para que ele saiba até onde pode contar contigo, e o quanto pode exigir de você.
4. Não pule etapas. Aproveite a função de copiloto para aprender. Pergunte, estude e observe sempre... Esse aprendizado o qualificará a ensinar quando se tornar um comandante.
5. Seja proativo, mas sem confundir antecipação com precipitação. Não tome decisões que não lhe cabem, mas ajude o comandante a amadurecer as decisões. Uma má decisão do comandante será sempre agravada pela falta de atenção do copiloto.
6. Aprenda com os erros. Analise cada um de seus voos, e avalie como poderia melhorar sua atuação. Diante de eventuais falhas, descubra como evitá-las. Pergunte sempre, se for preciso. Todos gostam daqueles que se mostram verdadeiramente interessados em aprender.
7. Seja humilde e aprenda a lidar com chamados de atenção do comandante sem se chatear ou se rebaixar. O "puxão de orelhas" pode salvar sua vida um dia. O comandante é mais amigo quando chama a atenção do que quando elogia.
8. Discorde quando considerar que algum procedimento é inadequado. Mas faça isso sem melindrar o colega, de forma educada, polida, dócil e temperante, medindo as palavras. Peça ao comandante que esclareça o procedimento e questione os pontos que tiver dúvidas. O bom líder saberá atendê-lo sem sentir sua autoridade violada.
9. Avise se esquecer de algo ou cometer um erro. E dê tempo para que os erros possam ser corrigidos, pois a responsabilidade pela segurança de voo também é sua.
10. Respeite sempre o comandante, mesmo que já tenha ocupado o assento esquerdo de um avião ou que seu colega de cabine seja mais novo e menos experiente. Reconheça que ele é o comandante e respeite-o como tal. E nunca propague aquilo que você julgou como sendo falha dele, pois seu conhecimento pode ainda ser insuficiente para julgá-lo.
Adaptação do texto "Copiloto... Na íntegra da palavra", do próprio autor deste artigo.