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Efeitos da guerra

Airbus A350 é canibalizado na Rússia

Empresas aéreas da Rússia começam a desmontar aviões e Aeroflot está canibalizando um de seus Airbus A350


Aeroflot conta com uma frota composta basicamente por modelos da Airbus e Boeing - AIrbus
Aeroflot conta com uma frota composta basicamente por modelos da Airbus e Boeing - AIrbus

As empresas aéreas russas aceleraram o processo de canibalização da frota, confirmando as expectativas do setor que até meados de agosto não haveria mais componentes e peças novas para realizar a manutenção dos aviões em serviço.

Com os embargos ocidentais as empresas aéreas da Rússia ficaram impedidas de continuar adquirindo peças, manuais e serviços de manutenção para os modelos da Airbus, Boeing e Embraer.

De acordo com a agência Reuters, as companhias aéreas estão usando componentes de parte da frota para manter os aviões operando, o que gradualmente deverá reduzir a disponibilidade de unidades operacionais, mas pode garantir ao menos os voos até 2025.

As sanções impostas à Rússia foram uma resposta do bloco europeu e Estados Unidos a invasão da Ucrânia no final de fevereiro, impactando severamente diversos segmentos da economia.

Fontes da Reuters afirmaram que ao menos um Airbus A350 da Aeroflot já está parcialmente desmontado, passando a ceder peças para os demais aviões em operação. Outro ponto considerado crítico para as empresas aéreas russas é a redução no número de voos, que além de impactar o caixa, tornam mais difícil manter a viabilidade do negócio.

Além do A350, ao menos um Sukhoi Superjet 100 de fabricação russa, também está sendo canibalizado. Embora seja um avião de projeto local, grande parte dos componentes são fornecidos por empresas Ocidentais. A versão nacionalizada ainda não entrou em operação regular, e mesmo que tivesse em serviço não poderia atender os modelos anteriores, que são incompatíveis com os sistemas russos.

As principais companhias de arrendamento de aeronaves dão como certo a perda de parte de seus ativos que estão na Rússia. A maioria dos executivos consultados por AERO Magazine, em condição de anonimato, acreditam que mesmo que as sanções sejam suspensas no próximo ano, os aviões canibalizados provavelmente não devem voltar a voar, pela inviabilidade econômica de serem remontados. Todavia, foi unanime o discurso que as empresas aéreas russas estão pagando uma conta que não foram responsáveis, visto que a maioria vinha obtendo bons resultados e eram consideradas exemplos mundiais de gestão, qualidade de serviço e de renovação da frota.

O governo russo tem declarado que vai reativar a produção de aviões da Era Soviética, mas o projeto esbarra em uma série de limitações, como o longo prazo para conseguir produzir mais de 600 aeronaves, a limitação de capacidade e de modelos que será oferecida, e a falta de equipamentos para permitir a produção em larga escala.

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Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 12/08/2022, às 17h38


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