Sindicato denuncia Azul Linhas Aéreas por mudanças unilaterais que afetam tripulantes durante recuperação judicial
Por Marcel Cardoso Publicado em 18/07/2025, às 09h21
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) denunciou, nesta quinta-feira (17), que a Azul Linhas Aéreas está promovendo alterações unilaterais que impactam diretamente as condições de trabalho de pilotos e comissários. A companhia, segundo o SNA, estaria utilizando o processo de recuperação judicial como justificativa para implementar as mudanças sem diálogo com os representantes da categoria.
Entre os pontos mais críticos apontados pelo sindicato estão modificações no plano de previdência privada oferecido aos tripulantes, a suspensão do transporte noturno fornecido pela empresa — conhecido como “apanha” —, o fim da taxa antecipada para saque de diárias internacionais e a ampliação do uso de aeronaves estrangeiras via wet leasing.
De acordo com o SNA, a alteração no modelo de previdência ocorreu sem consulta prévia, gerando insegurança sobre a sustentabilidade financeira dos profissionais no futuro. A suspensão da “apanha” compromete o deslocamento de tripulantes em horários noturnos, com potencial impacto na logística e na segurança operacional.
A entidade também criticou o fim da taxa antecipada para saque de diárias em voos internacionais, medida que interfere diretamente na remuneração dos aeronautas. Já a ampliação do wet leasing — operação em que uma empresa contrata outra para realizar seus voos — teria causado, segundo o sindicato, violações à Lei do Aeronauta e prejuízos aos passageiros, incluindo cancelamentos e divergências nas classes tarifárias.
“A recuperação judicial não pode ser usada como escudo para suprimir direitos dos tripulantes”, afirmou Tiago Rosa, presidente do SNA. “Estamos diante de uma tentativa de precarizar ainda mais uma categoria essencial para a segurança aérea brasileira.”
A Azul entrou com pedido de recuperação judicial em junho, visando reestruturar dívidas superiores a R$ 15 bilhões. O SNA reforça que permanece mobilizado para garantir que qualquer mudança nas condições de trabalho seja debatida com transparência e responsabilidade. A entidade sinalizou que poderá adotar medidas legais e institucionais para proteger os trabalhadores do setor.
Procurada pela AERO Magazine, a Azul Linhas Aéreas informou que não irá se pronunciar sobre o caso.