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Braços cruzados

Greve de pilotos e comissários deve afetar 12 maiores aeroportos do país

Paralisação de duas horas dos aeronautas acontecerá a partir das 6 da manhã desta quarta-feira e pode se estender para o Carnaval


Pilotos, comissários e agentes em terra vão fazer uma paralisação de duas horas a partir das 6 horas do dia 3 de fevereiro, em 12 aeroportos brasileiros.

O SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas) reivindica reajuste de 11% referente à reposição da inflação no período de 1º de dezembro de 2014 a 1º de dezembro de 2015, afirmando que não se tratar de reivindicação por parte da categoria de aumento real. As empresas aéreas ofereceram reajuste parcelado (3% em fevereiro de 2016, 2% em junho e 6% em novembro) e não retroativo. Com o impasse, a categoria decidiu pela greve.

O SNEA (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) em nota afirma que nos últimos 10 anos, ao final das negociações, foi concedido reajuste acima da inflação apurada, representando ganho real. “Nos últimos 10 anos, as companhias aéreas promoveram, automaticamente, o reajuste dos salários na data-base de dezembro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)” afirma a nota.

Para o sindicato das empresas aéreas, não houve flexibilização dos aeronautas, que se negaram a negociar “Desde o início das negociações com as representações sindicais, seis propostas foram apresentadas, mas todas foram recusadas” publicou em nota o SNEA.

A afirmativa é rebatida pelos aeronautas que afirmam que empresas aéreas se recusaram a conceder um reajuste mínimo que reponha as perdas inflacionárias de 2015, mesmo sem a reivindicação por parte da categoria de aumento real. “Em diversas assembleias, os aeronautas, em demonstração de boa vontade, aprovaram seguidas reduções das pedidas iniciais. Nem assim as empresas avançaram para um acordo” rebate os aeronautas.

As companhias aéreas afirmam que momento atual não permite atender as reivindicações dos aeronautas. O argumento é baseado nos dados da ANAC que mostram que, de 2011 a 2014, a aviação comercial acumula R$ 9,4 bilhões de prejuízo líquido. Sendo que o período de janeiro a setembro de 2015 foi um dos piores da história da aviação comercial brasileira, com prejuízo líquido acumulado de R$ 3,7 bilhões.

Para os aeronautas, as empresas aéreas tentam justificar o momento atual com dados incorretos. Em nota, o SNA aponta que os custos e a receita estão praticamente equilibrados: “De 2010 a 2014, segundo dados da ANAC, verificou-se um aumento dos custos das companhias na ordem de 58%; por outro lado, a receita aumentou 56%, praticamente acompanhando os custos”. O documento afirma ainda que o custo do litro médio do querosene de aviação, segundo dados da ANP, sofreu redução de 15% em 2015, o que teria proporcionado economia de cerca de R$ 2,29 bilhões, praticamente anulando o efeito do dólar valorizado.

O sindicato dos aeronautas ainda afirma que as principais empresas aéreas reajustam o salário de seus diretores em percentuais muito superiores à inflação, com aumento de 58% na Gol e na TAM em 32% em 2015. Os aeronautas afirmam que caso não cheguem num acordo nas próximas horas, a greve poderá ser estendida durante todo o carnaval.

Redação
Publicado em 02/02/2016, às 14h00 - Atualizado às 16h12


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