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Opção para a aviação executiva

Com pista de 1.550 metros e pátio para centenas de aeronaves, Aerovale recebe concessão para operar como aeródromo público e deve servir de pátio para jatos leves durante a Copa


O advogado Rogério Penido cresceu montado em caminhões e tratores. Ainda jovem, já frequentava canteiros de obras. Hoje, aos 58 anos de idade, o empresário empresta seu sobrenome para uma das mais atuantes construtoras do Vale do Paraíba e está próximo de inaugurar o maior empreendimento dentre os cerca de 600 erguidos por sua empresa desde 1981: o Aerovale, em Caçapava (SP), que fica às margens da rodovia Carvalho Pinto (SP-70), a 4 km da rodovia Presidente Dutra (BR-116 / SP-60), próximo ao polo aeronáutico de São José dos Campos, onde se localizam o ITA, o DCTA e a Embraer. Trata-se do terceiro aeródromo privado do país a receber outorga da Secretaria de Aviação Civil (SAC) para prover transporte aéreo público – operando comercialmente –, e o único com data de inauguração marcada.

O sócio-fundador da Penido Construtora e Pavimentadora e presidente da Aerovale promete entregar a primeira fase da obra no dia 14 de maio próximo, praticamente a um mês do início da Copa do Mundo da FIFA. “Estamos trabalhando para ser uma ‘válvula de escape’ de infraestrutura, principalmente para a aviação executiva, durante a Copa”, revela Rogério Penido. Nessa etapa preliminar, estão previstas tanto a inauguração da pista de pousos e decolagens com taxiway e torre de controle quanto a do pátio de aeronaves, além do serviço de combate a incêndio. A terraplanagem no entorno da pista também deverá estar pronta para a Copa. “Teremos espaço para acomodar centenas de aeronaves, oferecendo serviço de abastecimento da Shell Aviation, com querosene e gasolina (de aviação), sala VIP provisória e táxi-aéreo com dois helicópteros Esquilo, da recém-criada ­Helivale, que voam em 25 minutos até São Paulo ou em 1h40 ao Rio de Janeiro”. O restante da obra deverá estar pronto até o fim do ano.

A ideia de construir um aeroporto privado no Vale do Paraíba surgiu há mais de uma década, em 2002. Desde o princípio, a intenção de Penido era conceber um empreendimento com lotes comerciais, industriais, aeronáuticos e de serviço. O principal desafio foi encontrar um terreno compatível com as exigências da Aeronáutica. “Precisávamos de um rumo magnético de pista compatível com o dos aeroportos de São José e Taubaté. Depois de alguns vetos e quase quatro anos, chegamos à área atual, paralela aos sítios aeroportuários vizinhos, com cabeceiras 16-34”, conta Rogério Penido.

Quem circula pelo condomínio e vê a quantidade de máquinas e trabalhadores no local onde vai funcionar o Aerovale pode até achar que essa é a parte mais morosa da obra. Definitivamente, não é. “Finalizamos o projeto em 2008 e começamos naquele mesmo ano a trabalhar para obter licenças municipais, estaduais e federais, incluindo ambientais e aeronáuticas, além de alvarás e demais certificados de construção. Foram seis anos e algumas alterações para conseguir aprovar o plano, o que aconteceu em junho de 2013”, lembra o idealizador do ­empreendimento. “E não precisamos canalizar nenhum rio nem ocupar área de manancial”.


Centro de exposições (à esq.) deve ser inaugurado em 2015: “Queremos sediar a Labace”

O Aerovale também se beneficiará da chamada “Lei do entorno”, que condiciona o planejamento do crescimento da região em um raio de 5 km do aeroporto ao gabarito operacional da pista, ou seja, as futuras edificações não obstruirão o tráfego de aeronaves decolando ou pousando do novo aeroporto. “O que não impediu que projetássemos um prédio de escritórios dentro do condomínio, aproveitando a topografia do terreno”, explica Penido. Com investimento final de R$ 250 milhões, o empreendimento de 2,2 milhões de m2 prevê a construção de 109 lotes com acesso direto à pista para construção de hangares e mais 181 lotes industriais, comerciais e de prestação de serviço. O condomínio também terá um heliporto com acesso a pátio e 15 lotes exclusivos para helicópteros. “Com as obras concluídas, acreditamos que o loteamento poderá acomodar mais de 1.500 aeronaves”, calcula o executivo.

De olho na Labace

Os planos dos idealizadores do Aerovale são ambiciosos. A construtora já adquiriu terrenos vizinhos ao condomínio e pretende criar, de um lado, um centro de eventos e convenções com acesso permanente à pista e, de outro, um condomínio residencial. “O centro de convenções terá pátio de 210.000 m2 ao lado de um pavilhão coberto e climatizado, além de área adicional para a construção de hotéis e restaurantes com padrão internacional e, também, estacionamento para veículos com acesso exclusivo, sem entrar no Aerovale. Ele deve ser inaugurado no início de 2015 e o primeiro evento que nos veio à mente quando decidimos investir nesta área foi justamente a Labace”, diz Penido. Já o condomínio residencial ocupará uma área de 4,8 milhões de m2 e deve ser entregue em 2016.

Especificações de pista do Aerovale

Dimensões1.500 m x 30 m
PavimentoAsfalto
PCN*20/F/B/X/T
Rumo magnético16 / 34
Altitude670 m
ClassificaçãoCategoria V 
(aeronaves de médio porte e baixa densidade)

Por Giuliano Agmont, de Caçapava
Publicado em 29/03/2014, às 00h00 - Atualizado às 17h36


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