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Frota fantasma

Militares têm acordo para utilizar aviões de empresas aéreas dos EUA caso precisem

Companhias como PanAm, United e TWA já emprestaram aeronaves para as forças armadas na Guerra do Golfo




Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos “convocaram” aeronaves civis para prestar serviços militares no transporte de tropas e de carga para suprir a demanda nestes setores. Tal força, hoje conhecida como Frota Aérea da Reserva Civil (CRAF), consiste de centenas de aeronaves operadas por companhias aéreas como JetBlue, UPS e United Airlines, que podem ser "convocadas" para o serviço militar todas as vezes que o Departamento de Defesa dos EUA necessite, compondo um reforço de aeronaves para missões específicas.

A CRAF foi fundada em dezembro de 1951 como resultado de um acordo entre os Departamentos de Defesa e do Comércio, para dinamizar o realinhamento de aeronaves civis no serviço militar se o volume das operações aéreas exigidas pelo transporte aéreo necessitassem de um reforço aeronáutico, em casos de emergencia nacional, crises ou guerras.  

Caso convocadas, companhias aéreas e transportadores de cargas que firmaram contratos com a CRAF fornecem aeronaves e tripulações (pilotos e comissários) ao Comando de Transportes dos EUA que fazem sua distribuição para as diversas missões – desde a mobilização de tropas e equipamentos a evacuação de feridos, no papel de "ambulância aérea".

Aviões a postos

No momento, todos os principais operadores comerciais norte-americanos – incluindo aéreas internacionais e domésticas, empresas de carga expressa com divisões aeronáuticas – são membros contratados pelo CRAF, disponibilizando suas aeronaves para a Ustranscom para o que for necessário a qualquer tempo.

Isso inclui um grande número de aeronaves de curto, médio e longo alcances cujas cabines podem ser reconfiguradas para transportar equipamentos e tropas. Aeronaves widebody e cargueiras de longo alcance, como os Boeing 747 e 777, Airbus A330 e McDonnell Douglas MD-11, compõe frotas operadas por companhias como FedEx, American Airlines e Delta Airlines. Estas aeronaves, segundo normas do CRAF, devem reforçar as frotas C-17 Globemaster III e C-5M Galaxy da Força Aérea, em razão de seu alcance transoceânico.

Aeronaves menores como as séries Boeing 737 e Airbus A320 também fazem parte da lista disponível para a Ustranscom no caso de ativação do CRAF. Como não exibem a capacidade e alcance dos widebody maiores, são relegados para missões domésticas.

Guerra do Golfo

A ativação mais recente do CRAF ocorreu durante a Guerra do Golfo no iníciio dos 1990 para transportar um grande número de tropas norte-americanas e toneladas de equipamentos militares ao Oriente Médio em preparação da Operação Escudo do Deserto e Tempestade do Deserto.

Companhias aéreas como PanAm, United e TWA forneceram aeronaves de grande porte para transporter Marines, aviadores, soldados e marinheiros dos Estados Unidos para a Arábia Saudita e outras bases importantes antes dos ataques coordenados às forças iraquianas.

Desde então, os militares dos EUA puderam, na maioria dos casos, depender e seus próprios recursos para realizar o transporte aéreo de tropas e equipamentos para e das frantes de combate. Caso surja a necessidade, eles também podem contar com o contrato de empresas civís charter como a Omni Air International que fornece pilotos e aeronaves para o transporte de pessoal e equipamento para onde seja necessário. 

As companhias aéreas podem deixar o CRAF, o que muitas não preferem já que a cooperação as torna mais competitivas em contratos de transporte do governo, incluindo voos charter para militares aos mais diferentes destinos.

Por Ernesto Klotzel
Publicado em 21/08/2017, às 12h27 - Atualizado às 18h31


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