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Voo de jornalistas

Jornalistas americanos voam no Lockheed T-50

Fato inusitado em se tratando de voos experimentais


“A Lockheed concordou em aceitar um piloto principiante como eu – juntamente com uma meia dúzia de jornalistas americanos para voar em seu novo treinador T-50. Enquanto taxiávamos lentamente, preparei minha mente para o momento que seria achatado no assento durante a decolagem. O pós-combustor (afterburner) fez decolar o T-50 após 110 m de pista a uma velocidade de 230 km/h com tal suavidade que eu ficaria desapontado com o voo comercial em que embarquei mais tarde de regresso a minha base”, declarou o piloto.

A decisão da Lockheed com relação à mídia foi inteligente: uma prova pública de que o T-50 está pronto para entrar em operação. A manobra visa a Boeing, concorrente mais sério da milionária concorrência para fornecer cerca de 350 novos treinadores militares avançados para substituir cerca quase 450 antigos Northop T-38 Talon. 

Bem antes do contrato do Departamento de Defesa / Força Aérea dos EUA, a Lockheed realizou um trabalho de profundidade na Coreia do Sul, junto a seu parceiro, Korean Aerospace Industries (KAI). Seus pilotos realizaram testes com o treinador T-50 da KAI e incluíram um adendo na aeronave modificada T-X1: o tanque de Reabastecimento Dorsal (DART). Os testes restantes do DART – de custo elevado – só serão realizados com o contrato da USAF nas mãos da Lockheed Martin/KAI. A USAF acenou com incentivos aos concorrentes que apresentarem capacidades adicionais ao treinador, como o reabastecimento em voo.

O treinador proposto pela Lockheed/KAI apresenta um assento ejetável diferente do modelo original, com a simplificação do sistema de cintos e suspensórios de segurança. O assento faz parte de um contrato de terceiros do treinador, mas a Lockheed resolveu participar como fez no caso do F-35.

O T-50 herdou seu formato básico, controles e voo e asas do F-16, aeronave com a mesma tecnologia, mas com um efeito “g” e rolamento mais suaves que os do F16 Fighting Falcon. O legado do F-16 não se estende a suas características de ‘pouso saltado’, por ser mais leve e com maior área alar, necessitando, por isso, de pistas mais curtas.

O pouso fácil do T-50 deixa uma larga margem para erros dos alunos-pilotos, características desejáveis em um treinador e ainda acrescidas por um comportamento dócil em voo. “O joystick responde imediatamente aos mínimos comandos, o que torna muito fácil e agradável a execução de um tunô”. A manobra imita o F-35 que tem relações de rolamento semelhantes.  

“Quando meu piloto percebeu que eu provavelmente não suportaria 5 g, optou por manobras alternativas. Voando a 100/120 nós (185/220 km/h) ele se aproximou de um ângulo de ataque de 25º Clemence, ex-piloto da Marinha, afirmou que outros jatos que pilotou, como o F/A-18, perdem sustentação suavemente neste ângulo máximo porque a relação empuxo/peso não é suficientemente alta. Em um F-16 ou F/A-18, os controles de voo travariam para manobras de rolamento em ângulo de ataque máximo para controlar a derrapagem”. 

“Com o empuxo deste jato, explicou o piloto, pode-se atingir o ângulo de ataque máximo, na menor velocidade compatível e ainda apresentar uma razão de subida apreciável – poucas aeronaves em que voei são capazes de fazê-lo”.

Ernesto Klotzel
Publicado em 01/03/2017, às 13h44 - Atualizado em 02/03/2017, às 15h09


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