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O barulhento Tupolev Tu-144, o “Concordovsky” / Breguet 761 “Deux ponts”


O barulhento Tupolev Tu-144, o “Concordovsky”

O apelido não podia ter sido outro, pois o jato supersônico soviético foi uma vã tentativa de copiar o Concorde. Empolgada com o sucesso do seu programa espacial – o Sputnik, o primeiro satélite artificial, em 1958, e Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço, em 1961 – a União Soviética procurava alguma coisa que pudesse continuar a estimular a imaginação do povo. A resposta? O primeiro avião comercial supersônico! Muitos anos depois, aqui no Brasil, o comandante Rolim Adolfo Amaro proclamaria no seu sétimo mandamento: “Quem não tem inteligência para criar, deve ter coragem para copiar” e, em uma visão profética dessas palavras, os soviéticos, por meio da Operação Brunnbilde – uma ação de espionagem que renderia um filme – conseguiram muitas informações sobre o Concorde, mas como a tecnologia e as ligas metálicas eram diferentes, e faltavam muitos itens fundamentais do projeto, o resultado foi uma aeronave que, por fora, era semelhante ao projeto desenvolvido pela Aérospatiale/British Aircraft Corporation, mas, por dentro, parecia uma colcha de retalhos feita na base do improviso, e um desses aspectos nos leva ao assunto barulho. Enquanto o Concorde utilizava uma intrincada tubulação destinada a bombear o combustível sob o revestimento da aeronave para absorver o calor produzido pelo atrito induzido pelo voo em alta velocidade, o Tu-144 utilizava equipamentos de ar-condicionado. O estrondo ensurdecedor dentro de uma desconfortável cabine de passageiros, cujas janelas tinham cortinas que não paravam abertas e toaletes que não funcionavam, tornava qualquer conversação impossível, o que levava os passageiros a escrever bilhetes para se comunicarem. E mesmo que pareça impossível, isso era pior nas fileiras traseiras. O “Concordovsky” era maior e voou antes que o Concorde, mas era mais lento e entrou em operação depois, deixando de realizar operações com passageiros após 55 voos apenas.

Breguet 761 “Deux ponts”

O Airbus A380 não foi o primeiro avião comercial com dois andares inteiros a entrar em operação. Antes dele, na década de 1950, a Boeing lançou um quadrimotor a pistão com essa configuração, o modelo 377 Stratocruiser, desenvolvido a partir do transporte militar C-97, um derivado do bombardeiro B-29, Superfortress. Mas, ainda antes dele, no final dos anos 1940, a família francesa de aviões comerciais Breguet 761/763/765 foi a primeira composta por aeronaves de dois andares (“deux ponts”). A Breguet começou a trabalhar no modelo 761 antes do fim da Segunda Guerra Mundial, decidindo que seria construída uma aeronave para mais de 100 passageiros, mas os primeiros voos só foram realizados em 1951. A Air France recebeu 12 aeronaves do modelo 763 com acomodações para 59 passageiros no andar superior e 48 no inferior (com uma escada e um elevador entre os dois andares), embora pudesse ser equipado com até 135 assentos em configuração de alta densidade. Em 1964, a companhia aérea transferiu seis aviões para a Força Aérea francesa, que já havia adquirido três 761S de pré-série e quatro novos cargueiros 765 Sahara, com portas de carga removíveis. Os projetos para produzir versões equipadas com motores britânicos (para possíveis compradores da Grã-Bretanha) não deram certo. Eles deveriam ter sido os modelos 766 (com motores radiais Bristol Hercules) e o 767 com motores turboélice. No total foram construídos 20 Breguet Deux-Ponts.

Por Santiago Oliver
Publicado em 18/05/2014, às 00h00 - Atualizado às 17h54


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