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Aviação Militar

Combate simulado

Maior exercício aéreo da América Latina, Cruzex 2013 reúne mais de 2.000 militares e 95 aeronaves de oito países nos céus do Nordeste


F-16, M2000 e A-1
F-16, M2000 e A-1

Pela terceira vez os céus do Nordeste foram palco do Exercício Cruzeiro do Sul, mais conhecido como Cruzex, que chega a sua sétima edição. A região é o local ideal para esse tipo de operação militar por reunir vantagens como a baixa densidade de voos comerciais, a boa infraestrutura das bases aéreas locais, a existência de áreas de treinamento permanentemente ativadas, o espaço aéreo sobre o mar, a meteorologia favorável e a vasta capacidade hoteleira. Condição que vale especialmente para a cidade potiguar de Natal, cuja base aérea divide com o aeroporto localizado no município três pistas capazes de operar decolagens e pousos sem interferir com os voos regulares.

F-16C da Air National Guard, similar ao que o Brasil poderá adquirir
F-16C da Air National Guard, similar ao que o Brasil poderá adquirir 

CASA C-295 “Amazonas”
CASA C-295 “Amazonas”

F-5 E-M
F-5 E-M

A Cruzex é um exercício aéreo multinacional organizado pela Força Aérea Brasileira a cada dois anos desde 2002. Seu principal objetivo é o treinamento avançado de missões inseridas em um ambiente de guerra moderna. A principal diferença da edição deste ano foi o
­“shot validation”, que permitiu analisar em tempo real o emprego dos armamentos e validar os tiros simulados por intermédio de pequenos sensores levados a bordo, em alguns casos no bolso do próprio macacão de voo do piloto. A análise dos dados fornecidos por esses dispositivos possibilitou às equipes avaliar a utilização de cada tipo de armamento e efetuar eventuais correções em busca de formas mais eficientes de aplicação dos recursos bélicos.

Durante a Cruzex 2013 foram efetuados exercícios de ataque ao solo, combate aéreo, infiltração de tropas especiais, lançamento de paraquedistas, reabastecimento aéreo e de resgate. O exercício ocorreu entre os dias 4 e 15 de novembro e as operações aéreas foram desenvolvidas a partir das bases aéreas de Natal e Recife – as aeronaves de caça, ataque e helicópteros ficaram baseadas em Natal enquanto  aeronaves de transporte, reabastecimento em voo e controle de tráfego aéreo operaram de Recife. O encontro reuniu mais de 2.000 militares de Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela, além do próprio Brasil. Foram empregadas 95 aeronaves entre aviões de caça, ataque, transporte, vigilância, controle do espaço aéreo e reabastecimento em voo, bem como helicópteros de uso múltiplo e de ataque. No total, participaram 86 aviões e 9 helicópteros.

AERONAVES POR PAÍS

BRASILF2000 / F-5 / A-1 / RA-1 / A-29 / E-99 / H-60L / AH-2 / H-1H / H-34 / C-130 / KC-130 / C-105 / SC-10
CANADÁCC-130J
EUAF-16 / KC-135 / C-130
VENEZUELAF-16
COLÔMBIAA-37 / KC-767
EQUADORA-29
CHILEF-16 / KC-135
URUGUAYA-37 / IA-58

F-16 da Venezuela
F-16 da Venezuela

Os poderosos AH-2 Sabre da FAB
Os poderosos AH-2 Sabre da FAB

A ausência da Argentina, que comunicou sua desistência na última hora – segundo consta, por receio de ter suas aeronaves embargadas –, não prejudicou o exercício, pois a FAB tinha um plano de contingência para esse tipo de eventualidade e alocou mais aeronaves de seus próprios esquadrões para substituir as aeronaves argentinas.

Outra novidade foi a participação de militares de forças especiais, que foram infiltrados com uso de paraquedas e a partir de helicópteros. Aeronaves C-105 Amazonas da FAB e C-130 Hércules do Brasil e do Canadá foram fundamentais nessas missões de lançamento de paraquedistas sobre a área simulada de conflito. As aeronaves de transporte e suas tropas eram sempre escoltadas por caças, que tinham a missão de proteção contra aeronaves hostis, simulando um cenário de conflito real.

Mirage 2000
Mirage 2000

Helicópteros H-60 Black Hawk cumpriram dois tipos de missão durante o exercício em conjunto com os AH-2 Sabre (Mi-35): infiltraram tropas especiais em área simulada de conflitos e realizaram resgates do tipo CSAR.

A FAB empregou durante a Cruzex 2013 aeronaves F-5EM/FM, F-2000 Mirage, R/A-1, A-29 Super Tucano, K/C-130H Hércules, E-99, SC-105 Amazonas, H-1H Iroquois (“Sapão”), H-60 Black Hawk, H-34 Super Puma e, em sua primeira participação neste exercício, o AH-2 Sabre. O exercício também foi palco da despedida dos caças Mirage (F-2000) da FAB, que serão desativados neste mês de dezembro (leia mais no box). Durante a Cruzex, os cinco Mirage 2000 do 1º Grupo de Defesa Aérea efetuaram missões de combate e realizaram procedimentos de reabastecimento em voo com aviões-tanque KC-130 da FAB e KC-767 da Fuerza Aérea Colombiana.

Os Embraer EMB-145 AEW&C, designados pela FAB como E-99, foram as aeronaves responsáveis pelas missões de controle e alarme em voo. Capazes de detectar tráfegos a baixa altura, sobretudo nas áreas de fronteiras, sendo um dos elos do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), os E-99 foram peças fundamentais no controle e coordenação das missões. Além dos E-99 e dos aviões que modernizou (o F-5EM e o A-1), a Embraer teve ainda seus A-29 Super Tucano da FAB e da Força Aérea do Equador presentes em Natal. Representantes da Força Aérea Portuguesa (FAP) estiveram no Brasil como observadores da Cruzex 2013.

O Adeus dos mirage

Brasil deixa de operar seu interceptador, que dará lugar aos F-5EM

A defesa aérea de Brasília perde velocidade, altitude e alcance com a substituição dos Mirage 2000 pelos F-5EM em 2014. É que os Mirage 2000 alcançam 2.300 km/h (Mach 2,2) enquanto os F-5EM não passam dos 1.700 km/h (Mach 1,64). Além disso, os substitutos dos Mirage têm menor alcance e operam em altitudes mais baixas, características que desabilitam os F-5EM a serem considerados interceptadores, como é o caso dos aviões franceses. Ou seja, apesar de recentemente modernizados e tecnologicamente superiores aos Mirage 2000, os F-5EM não possuem a velocidade, o alcance e o teto de operação de um interceptador, características presentes em aeronaves do inventário das Forças Aéreas de Chile, Argentina, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, que operam aviões capazes de atingir Mach 2.

Texto e fotos Sebastião Campos Neto, de Natal
Publicado em 16/12/2013, às 00h00 - Atualizado em 11/11/2014, às 11h34


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